Uma equipa de investigadores da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos da América (EUA), publicou novas diretrizes sobre a esterilização em cães, visando reduzir os riscos de doenças como cancro e distúrbios articulares.
A pesquisa, que se baseia em estudos anteriores em 35 raças, adicionou dados sobre mais cinco raças, oferecendo recomendações específicas por raça e sexo.
O estudo analisou os registos de um hospital veterinário universitário, avaliando mais de 200 casos para cada uma das cinco raças adicionais: German Wirehaired e Shorthaired Pointer, Mastiff, Newfoundland, Rhodesian Ridgeback e Siberian Husky.
Os investigadores descobriram que a esterilização precoce está associada a um risco maior de distúrbios articulares, como displasia de quadril e cotovelo e ruturas do ligamento cruzado cranial, bem como certos tipos de cancro, incluindo tumores de mastócitos, linfossarcoma, hemangiossarcoma e osteossarcoma.
As diretrizes atualizadas sugerem que a idade ideal para avançar com a esterilização varia significativamente entre as raças, por exemplo, a esterilização não é recomendada para Golden Retrievers fêmeas ou para indivíduos do sexo masculino da raça Doberman Pinschers.
Para outras raças, o estudo indica uma idade mínima recomendada para o procedimento, assim as fêmeas da raça Boxers, os Pastores Alemães e Cocker Spaniels, bem como os machos Irish Wolfhounds, devem ser esterilizados não antes dos 24 meses.
Por outro lado, raças menores como o Maltês, Toy Poodle e West Highland White Terrier podem ser esterilizados a partir dos 6 meses de idade.
Para cães sem raça definida, os resultados mostraram que não há efeito significativo da esterilização em relação ao risco de contrair cancro. No entanto, cães de raça cruzada com peso superior a 20 kg correm maior risco de distúrbios articulares se forem esterilizados antes dos 12 meses de idade.
Os responsáveis do estudo ressaltam a importância de decisões personalizadas no que toca à esterilização dos cães, levando em conta a raça, o sexo e o contexto do animal.
“Esta análise fornece aos tutores e médicos veterinários informações valiosas para tomar decisões informadas, equilibrando os riscos relativamente à saúde com práticas de controle populacional”, esclarecem os investigadores.
De acordo com o estudo, embora a esterilização em tenra idade seja um procedimento comum na América do Norte, os investigadores levantam a necessidade de reconsiderar esta prática, especialmente para certas raças de maior porte, uma vez que a decisão de avançar com o procedimento deve advir por recomendação de um médico veterinário e ser adaptada a cada animal.
“Esta é uma mudança de um modelo de longa data de práticas precoces de esterilização nos EUA e, em grande parte também da Europa, onde este procedimento foi feita a partir dos 6 meses, no entanto, é importante considerar as conexões entre a retirada do hormónio gonadal devido à esterilização precoce e possíveis problemas de saúde que se manifestem futuramente”, referiu uma das responsáveis do estudo.
“Estas diretrizes fornecem informações e opções para os veterinários oferecerem aos tutores, que devem ter o papel final na tomada de decisão no que diz respeito à saúde e bem-estar dos seus animais de companhia”, concluiu.