Converter bactérias em fábricas de produção de bacteriocinas, que servem para eliminar outras bactérias causadoras de infeções, é o ponto de partida do projeto internacional Bac4RumA, liderado pelo Instituto de Investigação e Tecnologia Agroalimentar (IRTA) do Governo da Catalunha, e que pretende encontrar alternativa aos antibióticos para uso animal.
O projeto é realizado em parceria com profissionais da Royal Holloway University de Londres, da Universidade NOHU, na Turquia, e da Universidade de Ilorin, na Nigéria. O produto resultante será testado em explorações de ruminantes e culturas de peixes neste último país.
A iniciativa conta com um financiamento de um milhão de euros, proveniente de uma fundação governamental canadiana que investe em investigação em vários setores.
Os cientistas alertam para o facto de estas investigações serem cada vez mais relevantes, pois a resistência das bactérias aos antibióticos, resultado do uso excessivo destes medicamentos ao longo de muitos anos, “é um problema para a saúde mundial, que inclui a saúde humana e animal”.
“A partir do programa do IRTA temos vindo a trabalhar há já algum tempo no desenvolvimento de moléculas que nos permitam tratar animais com infeções bacterianas através do uso mínimo de antibióticos. Agora, no âmbito deste projeto, queremos desenvolver uma nova geração de antimicrobianos produzindo bacteriocinas de baixo custo”, explicou Anna Arís Giralt, investigadora e coordenadora do Bac4RumA.
O produto será também testado em vacas, ovelhas e cabras, que sofrem frequentemente de mastites, ou seja, infeções da glândula mamária.
De acordo com os investigadores, as bacteriocinas são peptídeos, ou seja, cadeias de aminoácidos que muitas bactérias produzem naturalmente para se defenderem de outros microrganismos ou competirem com eles. “Um dos grupos de bactérias que produzem este tipo de peptídeos são os peptídeos de ácido láctico, utilizados para a produção de laticínios”, explicou Anna Arís Giralt.
Para obter extratos ricos em bacteriocinas e livres de outras partes das bactérias que os produzem, são necessárias diversas etapas, indicam os investigadores. Desta forma, o projeto vai testar duas opções: induzir as bactérias a segregarem bacteriocinas, que seria a opção mais viável economicamente, ou quebrar as bactérias e extrair as bacteriocinas do seu interior.
“Se o Bac4RumA registar os resultados que antecipamos, será um avanço que nos beneficiará a todos”, concluiu Arís, avançando que o projeto irá terminar em dezembro de 2026.