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Hospital Referência Veterinária Montenegro: Por amor ao diagnóstico

Hospital Veterinário Montenegro CAMV Veterinária Atual
Normalmente é por amor à camisola, dizem. Mas aqui, no projeto Montenegro, em rigor, é mais por amor ao diagnóstico. O Hospital Referência Veterinária Montenegro tem vindo a investir em equipamentos que só fazem sentido quando servem não só os pacientes deste projeto, mas toda uma comunidade de veterinários. E é isso que tem vindo a acontecer.

Podia ter nascido apenas para satisfazer as necessidades dos seus clientes. Mas não. O projeto – chamemos-lhe “Montenegro” – é muito mais ambicioso do que isso. É que além de “alimentar” as necessidades dos seus clientes, vem colmatar carências estruturais do mercado da veterinária a Norte do país, acabando por servir uma região e profissionais que se alargam substancialmente para além do Grande Porto. Hoje, até da Corunha vêm veterinários aproveitar-se das valências que o Hospital Referência Veterinária Montenegro tem disponíveis. A ‘culpa’ é dos equipamentos de TAC e de Ressonância Magnética cuja instalação está neste momento a ser preparada.

Luís Montenegro, o visionário do projeto, desde 1999 que “insiste” em modificar o panorama da veterinária, sobretudo a Norte do país. Além da Clínica Veterinária Montenegro, há quatro anos que o Hospital Referência Veterinária Montenegro é uma realidade, ambos na cidade do Porto. “Temos tentado, mais do que tudo, prestar um serviço aos colegas da região. Começamos com a Tomografia Axial Computorizada, a TAC, um projeto que tem funcionado precisamente por não se alimentar só dos nossos casos, mas também de casos de colegas que se deslocam aqui com os seus pacientes para fazerem o exame. Levam-no e tiram as suas conclusões. E muitas vezes até o fazemos em grupo. Isso ajuda-os a serem mais competentes no diagnóstico”, contou Luís Montenegro à VETERINÁRIA ATUAL.

Criação de sinergias é fundamental

É a criação de sinergias que permite a viabilidade financeira da aquisição de um equipamento como a TAC. “Este tipo de equipamento tem de ter um número de exames diários que nós, sozinhos, não conseguimos atingir. Deixe-me dizer-lhe que tudo isto é um pouco vontade de evoluir… porque estamos a fazer uma média de um exame por dia, quando na medicina humana o mesmo equipamento faz uma média entre 25 e 30…”. Já o preço do equipamento é o mesmo, já que estes não são desenhados especificamente para a veterinária, mas para a saúde em geral. “Mas como vamos tendo mais procura e como a TAC é, sem dúvida, excelente para alguns diagnósticos, acreditamos que valeu a pena”.

“Em Portugal, toda a classe veterinária tem feito um grande esforço em modernizar e atualizar as suas estruturas. E não falo só do nosso projeto. Há estruturas muito bem montadas, com equipas muito dedicadas e motivadas”.

Como se tudo isto não bastasse, para ligamentos, músculos e doenças do sistema nervoso central a ressonância, uma forma diferente de adquirir a imagem, vai possibilitar mais diagnóstico a todos os profissionais. “Animamo-nos a poder instalar esse novo aparelho que estará em funcionamento até ao final do ano. Também aqui esperamos servir não só os nossos pacientes, como os colegas que assim o desejarem. Temos tido uma adesão crescente. A nossa influência, no caso da TAC, vai já até à Corunha, temos colegas de toda a Galiza com quem temos encetado parcerias cada vez mais estreitas. Acho que para nós é bom porque vamos enveredando por áreas tecnológicas mais de ponta, mas não deixa de ser bom para a área veterinária em geral”.

A viabilizar tudo isto esteve a sempre incontornável banca. Que Luís Montenegro admite, neste caso, ter sido uma preciosa ajuda. “Depois de terem compreendido o projeto acabaram por nos conceder leasings mais alargados do que é normal. Por forma a pensarmos em amortizações num espaço temporal de 20 anos. E isso também nos tem dado a possibilidade de ir abraçando estes projetos. Admito que a banca tem sido uma boa parceira. Compreendeu o projeto e acreditou nele.”

Balanço de quatro anos é positivo

Há quatro anos em funcionamento, o balanço do Hospital Referência Veterinária Montenegro é positivo. Luís Montenegro admite que a fase de instalação foi a mais complicada, até para que a equipa se adaptasse às diferenças de trabalho exigidas. “Mas é bom ver que outros colegas nos procuram para nos ajudar a colmatar alguma necessidade que seja mais premente, seja na área cirúrgica, seja na área de imagem e até na área da vigilância intensiva dos animais”.

Aliás, segundo este profissional, cerca de 60% do trabalho é de colaboração com colegas veterinários, sobretudo na área da imagem, cirúrgica e na área que exija uma vigilância permanentemente de determinado paciente. “Muitos colegas têm clínicas com horários mais reduzidos e se o animal necessita de uma vigilância mais intensiva acaba por lhes ser conveniente trazer o animal para cá passar a noite”.

Como mais-valias, Luís Montenegro destaca a boa relação entre colegas, a capacidade de interagir com doentes, a equipa e a adesão das outras clínicas a este projeto. Aliás, o médico não tem qualquer dúvida em afirmar na Europa, e no que concerne a estruturas físicas, o nosso país é um bom exemplo. “Neste aspeto, não somos nós que temos de ir buscar referências a outros países. Há mais possibilidades de outros países, nomeadamente Inglaterra, França, a nível de desenho de estruturas, nos procurarem para ver como é que os nossos projetos estão estruturados. Em Portugal, toda a classe veterinária tem feito um grande esforço em modernizar e atualizar as suas estruturas. E não falo só do nosso projeto. Há estruturas muito bem montadas, com equipas muito dedicadas e motivadas”.

Luís Montenegro

Isto falando obviamente da Europa, já que por exemplo os Estados Unidos estarão um pouco mais avançados, até pela dimensão dos projetos e o facto de muitas vezes estarem associados a universidades e com um potencial populacional muito maior.

Apesar de o Hospital estar já a funcionar em pleno, a Clínica, onde nasceu o projeto, mantém igualmente a sua atividade até porque, como nos disse Luís Montenegro, o facto de estarem no mercado há muitos anos deu-lhes muitos clientes de “proximidade”. “O objetivo do Hospital é ser uma área de referência, com mais tecnologia, mais especializado. E isso também possibilitou que a estrutura génese do projeto, a Clínica, pudesse ficar mais disponível para as consultas de proximidade. Tudo o que é mais direcionado à medicina preventiva, à consulta do dia-a-dia, vacinação, ficou na Clínica”.

Equipa é o grande trunfo

“A minha equipa é a melhor do mundo”. Assim, sem qualquer dúvida. Luís Montenegro enfatiza não só as capacidades técnicas dos colaboradores, mas sobretudo a paixão e dedicação ao projeto. “Uma equipa constrói-se em função de uma filosofia. E o que procuramos é, mais do que tudo, selecionar pessoas que se identifiquem com a filosofia desta estrutura. Colaboramos muito com universidades, quer portuguesas, quer espanholas – neste momento a nossa anestesista é espanhola – temos tempo para verificar que determinada pessoa que, à partida tem uma boa competência científica/técnica, se vai adaptar à filosofia”. Aliás, Luís Montenegro diz mesmo que a capacidade técnica e científica não é o principal critério de seleção dos profissionais. “De uma pessoa que se adapte a esta filosofia pode-se fazer um bom técnico. Agora um bom técnico que não se adapte nunca vai ser feliz neste local de trabalho”.

De resto, o médico veterinário garante que os projetos estão longe de terem terminado. Até porque vão surgindo quase de forma natural. “Normalmente surgem porque o mercado pede, mas há que arranjar os parceiros certos para nos acompanharem. Neste momento estou a fazer este investimento na imagem porque tenho um colega, Dr. Rui Mota, que está em formação em Barcelona já para o novo equipamento. Uma pessoa que está a tomar as rédeas deste projeto. Garanto-lhe que se encontrar colaboradores, ou que haja uma proposta do exterior, na qual acreditemos e que seja para agregar valor, há muitas áreas que poderíamos abraçar e investir”. Nomeadamente, diz Luís Montenegro, cirurgia laparoscópica, fisioterapia e desenvolver tudo o que se relacione com a patologia emergente do século: a oncologia. “Estarei sempre disponível, caso haja condições para o fazer, para avançar com novos projetos. Não estou cansado”.

Artigo publicado na edição de dezembro de 2015 da revista Veterinária Atual

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