Segundo declarações do director-geral de Veterinária, Agrela Pinheiro, à “Lusa”, os dois primeiros focos foram detectados no dia 1 de Julho, em duas explorações de Odemira. Seis dias depois outros dois focos foram detectados noutras duas explorações em Santiago do Cacém.
Todavia, Agrela Pinheiro garante que «não há nada de excepcional nestes focos detectados no Litoral Alentejano, já que se trata de uma zona incluída na área geográfica sujeita a restrições e controlo».
Desde finais de 2004 que têm surgido em Portugal focos de doença da língua azul, mas sempre decorrentes do vírus do serótipo 4. O serótipo 1 foi detectado pela primeira vez, em território nacional, a 21 de Setembro do ano passado, no concelho de Barrancos, interior alentejano e junto à fronteira com Espanha.
Desde a detecção daquele primeiro foco foram implementadas novas medidas sanitárias. Exemplo disso foi a criação de uma nova zona de restrição e controlo, que abrange os concelhos das regiões de Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo, Algarve e sete na região Centro.
«Trata-se de um fenómeno recorrente e mais frequente no Verão e no Outono, os períodos de maior actividade do insecto que transmite a língua azul», sublinhou o director-geral de Veterinária, acrescentando que «estão em curso medidas de prevenção, como a vacinação obrigatória de ovinos e bovinos que se movimentem para zonas livres [fora da área sujeita a restrições e controlo]».
Santiago do Cacém e Odemira fazem parte dos 38 concelhos incluídos na campanha de vacinação contra o serótipo 1 da língua azul, que começou no início do mês de Novembro do ano passado.
«A adopção de medidas excepcionais vai depender da evolução da doença», salientou Agrela Pinheiro, referindo que a Direcção-Geral de Veterinária «interditou a participação de gado ruminante» na Feira das Actividades Culturais e Económicas do Concelho de Odemira (FACECO), a realizar entre os dias 17 e 20 de Julho.
«Foi uma medida de precaução para evitar a propagação da doença», pois a feira vai acontecer «a menos de 20 quilómetros das duas explorações de Odemira onde foram detectados os dois primeiros focos», justificou o director-geral de Veterinária.
Daí que a organização da FACECO tenha cancelado «a exposição e os concursos de gado ruminante previstos», explicou hoje, à “Lusa”, o vereador do município de Odemira, Hélder Guerreiro. «A FACECO deste ano não vai ter uma das suas principais componentes, a pecuária», lamenta o autarca, uma situação que impede a participação de «mais de 30 produtores de gado», que iriam expor no certame os animais que criam no concelho, com destaque para os bovinos Limousine e Holstein Frísia, suínos de raça alentejana, ovinos Merino Branco e caprinos de raça Charnequeira.
Porém, o autarca elogiou a «pronta actuação» dos serviços veterinários, que «foram rápidos na análise do caso e tomaram a decisão em tempo útil, evitando eventuais problemas para os produtores».
Língua Azul: Detectados novos focos em quatro explorações no Litoral Alentejano
Quatro explorações situadas nos concelhos alentejanos de Odemira e Santiago do Cacém encontram-se sequestradas, depois de terem sido detectados, no início do mês, novos focos do serótipo 1 da doença da língua azul.