Apesar das muitas limitações ao comércio, serviços e circulação anunciadas pelo Governo português aquando da declaração de estado de emergência, no dia 18 de março, uma das exceções de circulação é exatamente o passeio de animais de companhia, que deverá ser mantido por uma questão de bem-estar animal. Mas, a medida, que é transversal a vários países, incluindo Itália, pode tornar-se mais segura com alguns cuidados básicos de higiene para os pets.
Em entrevista à CMTV, o bastonário da Ordem dos Médicos Veterinários (OMV), Jorge Cid, disse que, “por prevenção”, a OMV recomenda que “cada vez que os detentores forem passear o seu animal de companhia à rua” devem “limpar as suas patinhas”.
Muitos dos animais passam a maior parte do tempo dentro de casa e, tendo em conta que o vírus se pode manter várias horas ou dias em superfícies, podendo mesmo ser transportado para dentro de casa, a higienização das patas dos animais de companhia depois do passeio é aconselhada.
Estes cuidados vão ao encontro do que tem sido anunciado para os cidadãos humanos por várias entidades ligadas à saúde, incluindo o Centro Hospitalar Universitário de São João, no Porto, que encoraja as pessoas a deixar a roupa e sapatos usados na rua à entrada para evitar a contaminação de superfícies no interior da casa.
Dependendo do tipo de passeio e sua duração, de acordo com Filipe Garrido, médico veterinário dos Veterinários Sobre Rodas, citado pela Visão, “pode ser suficiente uma boa lavagem das patas com sabão azul e branco, sem esquecer as áreas interdigitais das almofadas”.
“O sabão e sabonetes que usamos em casa podem não destruir o vírus, mas garantem que ele não fica na pele. Através da sua remoção mecânica, acaba por não sobreviver muito tempo sem um hospedeiro para se replicar”, explica.
A Organização Mundial de Saúde tinha também publicado no seu site várias soluções para produção de desinfetante das mãos e que, de acordo com o veterinário, podem ser realizadas para a lavagem das patas dos cães, submergindo-as num recipiente, por forma a eliminar e destruir o vírus.
O guia de produção local pode ser consultado através do link: https://www.who.int/gpsc/5may/Guide_to_Local_Production.pdf?ua=1
Um dos exemplos é uma solução que combina 80 ml de álcool 96%, 5 ml de água oxigenada e 15 ml de água, devendo também adicionar-se gotas de glicerol, parafina, ou outro lubrificante adequado para evitar deteriorar o estado da pele.
“Como a estrutura do vírus varia, deve ser sempre consultado qual o método mais eficaz para a sua destruição”, alerta o médico veterinário Filipe Garrido.
A lixívia, a água oxigenada e o álcool, por exemplo, atuam sobre o vírus através da destruição da membrana e da cápsula viral, tornando-se mais eficazes na sua destruição. Contudo, deve evitar-se a lixívia na limpeza das patas dos cães, já que pode provocar problemas de saúde. “A lixívia tem o potencial de causar dermatite de origem química, sendo uma porta de entrada para outros agentes bacterianos e virais”, explica o veterinário.