Uma equipa de veterinários descobriu que ativar o sistema imunitário dos mosquitos pode impedir a sua transmissão de doenças aos cães.
O parasita Dirofilaria, cuja estirpe mais comum é a Dirofilaria immitis, provoca dirofilariose canina, sendo que o parasita adulto se aloja no coração do cão. Um parasita relacionado, Brugia Malayi, também infeta humanos e é responsável pela filaríase linfática, uma doença que afeta 120 milhões de pessoas, popularmente chamada de “elefantíase”. As duas doenças são transmitidas pelas picadas de mosquitos infetados.
O professor de Medicina Veterinária da Universidade da Pensilvânia, Michael Povelones, tem liderado pesquisas concentradas nos vetores com o objetivo de diminuir a transmissão das doenças.
Ao estudar uma estirpe do mosquito Aedes aegypti, que é resistente à infeção do parasita Dirofilaria, os investigadores descobriram que este mosquito em particular está correlacionado com uma resposta imunológica forte.
Ao ativar esta defesa do sistema imunitário em mosquitos suscetíveis, estes foram capazes de impedir que os parasitas, tanto D. immitis como B. malayi, fossem transmissores. De acordo com os investigadores, este bloqueio poderia impedir a propagação de parasitas filariais em cães e humanos.
“O verme do coração está em toda a parte; em alguns lugares, se não se der medicamentos de prevenção aos cães, estes quase certamente vão ter parasitas”, explica Povelones, citado pela publicação Animal’s Health.
O professor de Medicina Veterinária observa ainda que, “além disso, estão a surgir, em certas áreas, parasitas resistentes aos medicamentos”.
Embora o parasita que causa a filaríase linfática se comporte de forma ligeiramente diferente no mosquito do que o parasita Dirofilaria, Povelones investigou se a mesma estratégia de ativação do sistema imunológico pode reduzir significativamente a capacidade de os mosquitos transmitirem qualquer um dos parasitas.
Os cientistas sabem que certas estirpes de mosquitos não têm a capacidade de transmissão do parasita Dirofilaria. Por isso, o grupo liderado por Povelones tentou distinguir o que atribui a estes mosquitos “refratários” ou resistentes a capacidade de bloquear a infeção.
Comparando a expressão genética dos mosquitos refratários e suscetíveis, os investigadores concentraram-se num conjunto de genes imunes que foram ativados particularmente nos insetos refratários durante a infeção por D. immitis.
“A sua resposta imunológica inicial não foi diferente”, explica Povelones, destacando que: “Quando foram infetados, o mosquito refratário gerou uma resposta imunológica muito mais forte. O que levou à hipótese geral do estudo, que era: se estimularmos o sistema imunitário dos mosquitos suscetíveis, poderemos torná-los refratários?”
Os dados indicaram que há duas vias do sistema imunológico potencialmente envolvidas na ativação desencadeada por parasitas: as vias de sinalização Toll e IMD.
Quando a equipa alimentou o sangue infetado com mosquitos suscetíveis a D. immitis e ativou a via de sinalização Toll, encontrou uma queda dramática no número de parasitas emergentes. A ativação da via IMD não pareceu fazer diferença, portanto, as suas experiências de acompanhamento foram reduzidas.
A equipa da Escola de Medicina Veterinária da Universidade da Pensilvânia examinou vários tecidos do mosquito e descobriu que os parasitas “perdidos” nos insetos ativados por Toll estavam a ficar presos nos túbulos de Malpighi, os principais órgãos excretores dos artrópodes.
No caso dos mosquitos normais, foram identificadas larvas parasitárias longas e finas nos seus túbulos de Malpighi, que se tinham desenvolvido até uma fase semelhante às que infetam um cão. Por sua vez, as larvas parasitárias nos mosquitos ativados pelo Toll estavam atrofiadas e subdesenvolvidas, o que demonstra que o desenvolvimento do parasita estava a ser dificultado pelo sistema imunitário do mosquito.