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Médicos Veterinários

Por que o teu CAMV está sempre cheio, mas o dinheiro não sobra?

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O Centro de Atendimento Médico-Veterinário (CAMV) está sempre cheio, a agenda lotada, os clientes satisfeitos, mas no final do mês o saldo bancário continua apertado. Se já te perguntaste por que razão, apesar do trabalho incansável, não sobra dinheiro, este artigo é para ti.

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Muitos veterinários acreditam que um CAMV cheio é sinónimo de sucesso financeiro. No entanto, a realidade é que faturação não é igual a lucro. Um CAMV pode estar cheio de clientes e, ainda assim, ser financeiramente insustentável. Hoje, vamos explorar onde está a fuga de dinheiro e como garantir que o teu esforço se traduz em rentabilidade.

 

Se tens um CAMV o teu foco tem de ser o lucro, a rentabilidade e o crescimento. Isto não quer dizer que não te importas com a saúde animal, mas que tens apenas de dar prioridade à saúde do teu negócio.

Faturação vs. lucro

 

O primeiro erro comum na gestão financeira é confundir faturação com lucro. A faturação representa todo o dinheiro que entra, mas o lucro é o que sobra depois de pagar todas as despesas. Se, no final do mês, sobra pouco ou nada, é sinal de que algo está errado na estrutura de custos e preços.

Aqui estão três grandes razões pelas quais o tua CAMV pode estar cheio e, mesmo assim, não ser lucrativo:

  1. Preços mal calculados: Muitos veterinários definem os preços baseados no mercado ou no que acham justo, sem considerar os custos operacionais reais. Se cada consulta não cobre todas as despesas fixas e variáveis, o CAMV está a perder dinheiro em cada atendimento (a dar prejuízo a cada consulta);
  2. Custos ocultos e desperdícios: O desperdício de materiais, custos administrativos elevados ou más negociações com fornecedores podem estar a drenar o teu lucro sem que te apercebas;
  3. Baixa eficiência operacional: Um CAMV cheio pode parecer produtivo, mas se os processos internos forem ineficientes, há um enorme desperdício de tempo e recursos. Consultas mal agendadas, tempos de espera elevados e falta de otimização do trabalho da equipa impactam diretamente a rentabilidade.
 

Como melhorar a rentabilidade sem aumentar preços

A boa notícia é que existem várias estratégias para aumentar a rentabilidade do CAMV sem precisares de subir os preços:

  • Rever os preços dos serviços: Calcula o preço certo com base nos teus custos reais, margem de lucro desejada e valor percebido pelo cliente;
  • Otimizar a agenda: Evita horários mal preenchidos e consultas demoradas sem necessidade. Ajusta a estrutura da tua agenda para maximizar o tempo produtivo;
  • Reduzir desperdícios: Faz uma auditoria aos consumíveis e medicamentos. Pequenas perdas diárias podem significar milhares de euros no final do ano;
  • Apostar em serviços complementares: Em vez de aumentar o preço das consultas, acrescenta serviços de valor agregado, como up-sell ou cross-sell.
 

Dica: Faz um Raio-X financeiro simples

Pega nos números do último mês e responde a estas perguntas:

  1. Quanto faturaste?
  2. Quanto gastaste com custos fixos (rendas, salários, eletricidade)?
  3. Quanto gastaste com custos variáveis (medicamentos, materiais, imprevistos)?
  4. Quanto realmente sobrou?

Se a resposta ao último ponto for “menos do que eu esperava”, então está na hora de rever a tua estratégia financeira.

Erro comum: Trabalhar mais em vez de melhorar a gestão

Quando os resultados financeiros não são bons, a reação mais comum é trabalhar mais horas e atender mais clientes. No entanto, isso só aumenta o desgaste e raramente resolve o problema. A verdadeira solução passa por melhorar a eficiência do CAMV e garantir que cada atendimento é rentável.

Conclusão: Pequenos ajustes, grandes resultados

A diferença entre um CAMV financeiramente instável e um rentável está na forma como gerimos os números. Pequenas melhorias na forma como defines preços, organizas a agenda e controlas desperdícios podem fazer uma grande diferença.

Tens de investir no teu conhecimento e na tua capacidade de coordenar a equipa as contas e, acima te tudo, o plano para o negócio. Porque no fim, não importa apenas quantos clientes atendes, mas sim quanto dinheiro realmente fica no final do mês.

*cofundador da Pet Universal

**Artigo de opinião publicado na edição 191, de março, da VETERINÁRIA ATUAL

 

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