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Investigação

Mais de nove milhões de animais usados em laboratórios na UE num ano (e 41 mil foram em Portugal)

Mais de nove milhões de animais usados em laboratórios na UE num ano (e 41 mil foram em Portugal)

Em 2017, na União Europeia (UE), foram utilizados 9 388 162 animais em investigações científicas, médicas e veterinárias. Contribuíram para este número os laboratórios portugueses, que usaram 40 998 animais. As estatísticas sobre a experimentação animal foram reveladas pela UE no relatório “mais transparente” de sempre, divulgado a 5 de fevereiro pela Comissão Europeia.

De acordo com este relatório, a maioria dos animais utilizados são ratinhos (92%), peixes, ratos e pássaros, além de, numa percentagem mais reduzida (0,25%), cães, gatos e macacos. Em Portugal, foram utilizados 0,4% do total dos números da UE, o que representa 40 998 animais, entre os quais peixes, galinhas, porcos e ovelhas, num total de 52 983 procedimentos.

 

No total foram utilizados 35 221 ratinhos, 3133 ratos (3133) e 906 peixes-zebra, que são frequentemente utilizados por terem um cérebro transparente e geneticamente semelhante ao humano. Entre os registos, constam ainda 155 porcos, 140 outros roedores, 120 aves de capoeira, 36 coelhos, 12 ovelhas e 32 outros mamíferos. No caso dos animais marinhos, além do número de peixes-zebra já referido, foram utilizados 793 de outras espécies, mais 450 cefalópodes, que são protegidos pela diretiva da UE de 2010 relativa à “proteção de animais utilizados para fins científicos”, “pois a sua capacidade para sentir dor, sofrimento, angústia e dano duradouro está cientificamente demonstrada”.

De acordo com outro relatório, se fosse ainda incluído o número de animais que também foram criados para experiências, mas que nunca chegaram a sofrer qualquer intervenção, acabando por ser mortos, o número atingiria 12 597 816 por toda a UE, em 2017.

 

Em Portugal, em junho de 2018, 16 universidades e centros de investigação nacionais que utilizam animais em investigação fundamental e biomédica assinaram um Acordo de Transparência sobre a Investigação Animal em Portugal.  O acordo pretende melhorar a compreensão e a aceitação da investigação animal por parte da sociedade portuguesa, promovendo a abertura e transparência em relação à experimentação animal. Assim, os signatários comprometeram-se a partilhar mais informações sobre a utilização de animais na investigação e as suas justificações científicas, éticas e morais.

A Associação Europeia de Investigação Animal (EARA) avaliou em junho de 2019 os sites institucionais de entidades públicas e privadas, entre universidades e empresas farmacêuticas, e divulgou que apenas 26% das instituições que realizam estudos com animais possuem uma declaração oficial nos seus portais que explique a utilização de animais nas suas investigações e ainda as normas de bem-estar utilizadas. Ainda assim, cerca de 62% dos sites analisados cumpriam já os critérios para providenciar “mais informações”, nomeadamente ao referir o tipo de animais usados nos estudos científicos.

 

Ricardo Afonso, presidente da Sociedade Portuguesa de Ciências em Animais de Laboratório (SPCAL), rebateu esta informação à VETERINÁRIA ATUAL, num artigo publicado na edição de dezembro do ano passado, dizendo que “a informação é disponibilizada, mas com discrição, sem grande realce, porque é preciso não esquecer que os animais são um meio para atingir um determinado fim e esse é que as instituições publicitam, isso é que é a ‘notícia’”.

Há cada vez mais alternativas disponíveis – órgãos isolados, tecidos e até modelos matemáticos – e os investigadores utilizam-nas sempre que possível”, explica Ricardo Afonso. “Muitas vezes começamos por usar modelos matemáticos tecidulares ou celulares, mas precisamos depois de testar a segurança num organismo mais complexo antes de partirmos para testes em humanos.”

 

No site da Rede Nacional de Órgãos Responsáveis pelo Bem-Estar dos Animais consta uma lista (não exaustiva) de instituições que utilizam animais para fins científicos e da informação que disponibilizam.

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