O trabalho da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) em prol da natureza foi reconhecido esta semana pelo Governo dos Açores, com a atribuição do prémio Espírito Verde. Na cerimónia que decorreu na cidade da Horta, Ilha do Faial, no dia 5 de junho, a SPEA foi galardoada na categoria Recursos Naturais e Qualidade Ambiental, pelo seu projeto Life Ilhas Santuário para Aves Marinhas, e recebeu ainda uma menção honrosa para o Centro Ambiental do Priolo, na categoria de Educação, Comunicação e Voluntariado.
Os prémios Espírito Verde, implementados em 2018 pela Secretaria Regional da Energia, Ambiente e Turismo, através da Direção Regional do Ambiente, premeiam empresas, instituições e personalidades que se distingam pelas boas práticas ambientais, bem como na investigação, ativismo, voluntariado e mecenato ambientais
“Estamos muito orgulhosos com este reconhecimento do trabalho da SPEA em prol da natureza dos Açores, e em especial das aves marinhas, para as quais o nosso arquipélago tem uma grande importância a nível mundial”, disse Rui Botelho, coordenador da SPEA Açores. “Este prémio não é só para nós, é também para todos os nossos parceiros, todas as entidades e voluntários que tornaram possíveis os resultados que obtivemos.”
O Projeto Life Ilhas Santuário para Aves Marinhas foi um projeto pioneiro para a conservação das colónias de aves marinhas nos Açores, através da recuperação do seu habitat e de medidas de controlo e erradicação de espécies invasoras. Implementado pela SPEA na Ilha do Corvo e no Ilhéu de Vila Franca do Campo de 2009 a 2012, em parceria com a Secretaria Regional do Ambiente e do Mar (SRAM), a Câmara Municipal do Corvo e a Royal Society for the Protection of Birds (RSPB) este projeto criou verdadeiros santuários para os cagarros e outras aves marinhas.
O Life Ilhas Santuário levou à criação de uma Reserva Biológica de Altitude para plantas endémicas na Ilha do Corvo, bem como da Reserva Biológica do Corvo, com a sua vedação antipredadores – a primeira a ser testada na Europa. No decurso do projeto, 70% dos gatos domésticos do Corvo foram esterilizados e marcados com microchip, para minimizar o seu impacto nas aves marinhas. O projeto permitiu ainda a construção de uma estufa e produção de plantas nativas e endémicas no Corvo, para ajudar a restaurar os habitats e paisagens originais da ilha. E para que as aves marinhas pudessem beneficiar em pleno desta reabilitação, foram construídos 400 ninhos artificiais para os quais as aves foram atraídas.