O encerramento forçado por culpa da pandemia de Covid-19 está a afetar também os parques zoológicos, as mais recentes vítimas económicas do vírus SARS-CoV-2.
O Badoca Safari Park, em Santiago do Cacém, não é exceção e corre o risco de encerrar devido à crise económica que enfrenta atualmente.
Este parque depende das receitas da bilheteira e, estando fechado ao público, viu-se forçado a colocar 22 dos 25 funcionários em lay-off. São assim apenas três os funcionários que estão a assegurar a alimentação dos 400 animais e a manutenção do parque, com uma área de 90 hectares.
“Estamos parados a sobreviver, porque estamos fechados e os prejuízos que temos são muitíssimos. Perdemos todas as marcações que tínhamos das escolas, recebemos cerca de 15 mil alunos por ano. Perdemos a Páscoa, que é o melhor período do ano, no qual recebíamos milhares de visitantes”, explicou Francisco Simões de Almeida, sócio-gerente do Badoca, ao Correio da Manhã.
“Temos aqui um problema muito sério porque além dos postos de trabalho temos a nosso cargo cerca de 400 animais que precisam de cuidados diários, alguns com dietas muito especificas, porque os animais precisam de mais do que o pasto que cresce no parque para se alimentar”, acrescenta.
O parque, que recebe anualmente 120 mil visitantes, é sazonal, funcionando oito meses por ano, pelo que se encontrava fechado desde novembro do ano passado. Por norma, o Badoca deveria reabrir em março, mas perante a pandemia mantém-se encerrado e terá pela frente meses de incerteza.
A gerência encontra-se a aguardar soluções por parte do Ministério da Agricultura: “Estamos a bater a todas as portas. Já escrevemos para o Ministério da Agricultura, que é quem tutela a nossa área de atividade e também já enviámos cartas para os ministérios das Finanças, do Turismo, da Economia, mas não recebemos qualquer resposta”, acrescentou Francisco Simões de Almeida.
Quem também já requisitou a ajuda do Ministério da Agricultura foi Carlos Agrela Pinheiro, membro da administração do Jardim Zoológico de Lisboa e presidente da Associação Portuguesa de Zoos e Aquários, que coordena não só o zoo lisboeta, mas também o Zoo Santo Inácio, em Vila Nova de Gaia; o Oceanário de Lisboa; o Aquário Vasco da Gama, na Cruz Quebrada; o Grupo Lobo (com sede em Lisboa, mas com um centro de recuperação em Gradil), e o Zoo de Lagos, em Barão de São João, no Algarve.
Citado pelo Expresso, o responsável disse que as dificuldades nos diferentes espaços “são transversais”, acrescentando que os parques abrigam várias espécies na lista de espécies em extinção. Fonte do Ministério da Agricultura adiantou ao semanário, em resposta ao pedido de ajuda, que “estão a ser estudadas soluções para canalizar alimentação para os animais”.
No caso do Zoo Santo Inácio, que reporta uma quebra de visitantes na ordem dos 70%, a diretora, Teresa Guedes, disse ao Expresso que metade dos cerca de 40 trabalhadores do parque já se encontram em lay-off simplificado. Os animais, garantiu, ainda não estão em risco.
A situação na Alemanha
Na Alemanha, mais especificamente em Neumunster, a situação é mais dramática, havendo inclusivamente um jardim zoológico que pondera a adoção de medidas de contingência mais extremas, como abater alguns dos seus animais para alimentar outros. O zoo apontou que as despesas – de alimentação e tratamento – são incomportáveis, podendo levar a adoção de medidas de último recurso.
A diretora do jardim zoológico, Verena Kaspari, estimou que as perdas de receitas sejam de 175 mil euros só na primavera.
Kaspari terá até admitido já ter realizado a lista dos animais que deverá eutanasiar primeiro, caso a medida se verifique necessária.
A associação que representa os jardins zoológicos na Alemanha lançou um apelo público por donativos, bem como um pedido de ajuda ao governo para combater esta crise.