As cabras leiteiras não têm sempre o mesmo comportamento alimentar nos comedouros, o que levou um grupo de investigadores a questionar o que faria os animais responder de maneira diferente quando expostos a diferentes condições de alimentação.
As respostas estão no estudo Personality of dairy goats affects competitive feeding behaviour at different feeder heights, que analisou traços de ‘personalidade’ dos animais a partir de respostas comportamentais em condições de alimentação competitivas.
Para a pesquisa, os comedouros foram instalados a três alturas diferentes: nível do solo, cabeceira e nível elevado. Posteriormente, 13 cabras foram alimentadas a uma destas alturas num curral com condições competitivas de alimentação.
Os traços de personalidade foram avaliados a partir das respostas comportamentais a dois testes de novidade e dois de medo.
A análise revelou quatro traços de personalidade que foram consistentes ao longo do tempo: ousado/audaz, temeroso, exploratórios e de fuga ativa. Estes traços de personalidade afetaram os comportamentos competitivos e dependiam frequentemente da altura do comedouro.
Por exemplo, as cabras mais “arrojadas” iniciaram interações mais agressivas, especialmente atrás do comedouro ao nível do solo, e tinham períodos de alimentação mais longos.
No caso das cabras “temerosas”, verificou-se o contrário, na maioria das vezes esperavam pelo acesso ao comedouro.
Por sua vez, as cabras “exploradoras” estavam menos envolvidas em interações agressivas e passavam menos tempo a alimentar-se no comedouro ao nível do solo e mais tempo a alimentar-se no comedouro de nível mais elevado.
Apesar de os resultados serem limitados a um único grupo de cabras, o estudo-piloto sugere que os traços de personalidade podem explicar a variabilidade da agressão alimentar e do tempo de alimentação das cabras em condições de alimentação competitivas e que estas diferenças podem ser promovidas pela alimentação oferecida a diferentes alturas.
Contudo, os investigadores defendem que é necessária mais investigação em maiores grupos de caprinos para compreender porque é que os indivíduos parecem lidar com práticas de alimentação competitivas de diferentes maneiras.