Um estudo veterinário desenvolvido na Áustria concluiu que as preocupações financeiras, a elevada carga de trabalho, o peso de questões burocráticas e a sensação de não conseguir chegar a tudo são fatores que influenciam a saúde mental dos médicos veterinários.
A investigação pretendeu avaliar as causas concretas para o stress na profissão veterinária, dando especial ênfase à comparação das expectativas dos estudantes da área com as experiências dos médicos veterinários em exercício, assim com relacionar o stress vivenciado com indicadores de saúde mental.
A análise incluiu questionários padrão sobre temas como o bem-estar mental, depressão, ansiedade, stress e insónia. Além disso, os participantes foram questionados sobre vários fatores que podem levar ao stress, classificando-os numa escala de 5 pontos, variando entre “nem um pouco” a “muito forte”.
De acordo com o estudo, a carga burocrática é percecionada pelos estudantes como o fator menos stressante da profissão, ao contrário dos médicos veterinários. Todas as outras áreas são entendidas como mais stressantes pelos estudantes do que pelos veterinários.
Nos que toca aos veterinários, a carga burocrática é a mais difícil de lidar, seguida pelo sofrimento dos animais e pela comunicação com os tutores. Uma análise mais aprofundada de possíveis associações entre o impacto do stress e os indicadores de saúde mental mostrou que, embora a burocracia seja o maior desafio, é o fator que menor correlação tem com os indicadores de saúde mental.
Por outro lado, as preocupações financeiras, que não estão entre os principais fatores de stress apresentaram a correlação mais forte com uma saúde mental fragilizada.
Os resultados mostraram que a frágil saúde mental dos veterinários está principalmente associada a preocupações financeiras, comunicação com o cliente e elevada carga de trabalho.
As comparações entre os dados dos estudantes de veterinária e dos veterinários em exercício de profissão sugerem que as organizações profissionais do setor e as universidades “devem desempenhar um papel vital na sensibilização dos estudantes e veterinários para a importância da saúde mental e do bem-estar no geral, incentivando-os a dedicar tempo a atividades de autocuidado”, explicam os investigadores.
Adiantando ainda que a implementação de medidas para limitar o excesso de horas de trabalho e os turnos noturnos também podem ser benéficas.
Neste sentido, os resultados sugerem que a segurança financeira dos veterinários é crucial para proteger a sua saúde mental. Além disso, a análise mostrou também ser essencial para diminuir os níveis de stress na profissão, a formação de estudantes de medicina veterinária e veterinários em exercício nas áreas de administração, gestão de tempo, técnicas para lidar com o sofrimento dos animais e para comunicar com os proprietários de animais.
Participaram no estudo 430 estudantes e 440 médicos veterinários.
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