Um estudo veterinário identificou fatores anatómicos, funcionais e sanguíneos como indicadores-chave para avaliar a gravidade da Síndrome respiratória obstrutiva dos braquicéfalos (BOAS – Braquicephalic Obstructive Airway Syndrome) em buldogues franceses.
De acordo com os cientistas, esta descoberta pode ser “revolucionária” no que toca às estratégias para minimizar o impacto desta doença nas raças braquicefálicas.
O estudo, que incluiu 84 cães de raça braquicefálica, comparou diversos métodos de avaliação, incluindo testes anatómicos e funcionais e pletismografia, além de analisar parâmetros sanguíneos que mostravam diferenças significativas em investigações anteriores entre cães braquicefálicos e não braquicefálicos.
Quais os principais resultados do estudo?
Em relação à prova de esforço, um dos métodos mais fiáveis e práticos para determinar a gravidade da síndrome, a sua realização permite a identificação de casos limítrofes, em que um aumento da temperatura rectal superior a 0,4°C após o exercício pode indicar uma BOAS de grau 2.
Relativamente a parâmetros sanguíneos, os níveis de carboxihemoglobina e oxiemoglobina surgiram como os melhores prenunciadores adicionais da gravidade da síndrome. De acordo com os cientistas, estes marcadores refletem processos de hipóxia, hemólise e stress oxidativo, característicos desta patologia.
No que toca a anormalidades anatómicas, embora as medidas morfométricas, como a relação entre as vias aéreas e o crânio, tivessem limitações na sua precisão, a estenose nas narinas demonstraram ser um fator de risco significativo para a síndrome.
Desta forma, os investigadores referem que a implementação destas descobertas poderia transformar as práticas de criação, permitindo uma seleção mais eficaz de cães livres de BOAS.
Os cientistas avançam também que, apesar dos avanços, o estudo limitou-se a uma única raça e incluiu poucos indivíduos com esta síndrome em forma grave. Além disso, os autores destacam a necessidade de estudos longitudinais para identificar fatores de risco anatómicos que contribuem para a progressão dos sinais clínicos. Também foi levantada a possibilidade de incorporar testes genéticos para detetar polimorfismos associados a fenótipos graves de BOAS.
“Este trabalho destaca a importância de estratégias de criação responsáveis para melhorar a qualidade de vida das raças braquicefálicas e evitar sofrimentos desnecessários”, enfatizam os investigadores.