Quantcast
Animais de companhia

Estudo revela conflito moral dos veterinários sobre cães braquicefálicos

Estudo revela conflito moral dos veterinários sobre cães braquicefálicos iStock

Um estudo do Royal Veterinary College (RVC), no Reino Unido, apelou a uma abordagem mais robusta e unificada do setor para instruir o público sobre raças braquicefálicas, após publicar uma investigação que concluiu que os médicos veterinários estão a experienciar um conflito moral sobre esta questão.

O RVC entrevistou vários médicos veterinários cirurgiões de animais de companhia no Reino Unido, de forma a averiguar a sua experiência no que toca a consultas pré-compra de cães braquicefálicos.

 

O estudo revelou existirem várias barreiras em fornecer aos tutores uma consultoria e conselhos eficazes sobre estas raças.

Essas barreiras incluíram tempo e recursos limitados, concorrência pela disponibilidade de consultas, a perceção de que os veterinários estão lá apenas para resolver problemas, desconfiança do público em relação aos cirurgiões veterinários (muitas vezes relacionada a dinheiro) e medo de prejudicar o relacionamento entre veterinários e clientes.

 

Muitos dos médicos veterinários cirurgiões que participaram na investigação revelaram sentir que tinham pouco ou nenhum poder para ultrapassar estas barreiras, salientando que são “altamente intratáveis” quando o tema é abordado apenas por um veterinário.

De acordo com o estudo, os veterinários expressaram viver um conflito moral resultante das suas responsabilidades éticas e morais para com o bem-estar animal e as necessidades e desejos dos tutores e empresas. Neste sentido, o conflito moral foi referido como estando a comprometer a integridade profissional e autonomia.

 

Deste modo, o estudo apresentou quatro recomendações:
– Fortalecer a liderança veterinária entre organizações para desenvolver soluções abrangentes que superem as barreiras identificadas;

– Estabelecer um consenso conjunto, coerente e público entre essas organizações sobre a aceitabilidade percebida pela profissão em relação à criação e/ou aquisição de cães braquicefálicos, a fim de evitar depender de opiniões e ações individuais;

 

– Exercer maior pressão sobre outros intervenientes que perpetuam a crise dos cães braquicefálicos, a fim de promover mudanças sociais;

– Recursos práticos e soluções tecnológicas para facilitar consultas pré-compra, incluindo consultas online conduzidas por enfermeiros veterinários.

De acordo com Rowena Packer, professora de comportamento e ciência do bem-estar de animais de companhia no RVC e principal autora do estudo, “esta é a primeira vez que o impacto da braquicefalia no cirurgião veterinário praticante foi explorado”. E continua: “os nossos resultados são preocupantes e destacam a importância de reconhecer que a crise braquicefálica não está apenas a impactar negativamente os animais, mas também o bem-estar humano”.

A principal autora da investigação salientou que “à medida que a crise braquicefálica continua a prevalecer, o apoio das principais organizações veterinárias é vital para fornecer uma voz unida relativamente aos danos conhecidos da braquicefalia, assim como apoiar a facilitação de consultas pré-compra para garantir que os veterinários estejam protegidos e que os potenciais tutores estejam totalmente informados quando se precisam de tomar decisões”.

Para Dan O’Neill, coautor do estudo, “a mensagem aqui é clara. Todos precisamos de parar e pensar antes de comprar um cão braquicefálico”.

Este site oferece conteúdo especializado. É profissional de saúde animal?