Dormir com um animal de companhia traz inúmeros benefícios, mas também pode conduzir a alguns pontos negativos no momento desta partilha. Saiba quais.
De acordo com uma análise da Federação de Associações Veterinárias de Animais de Companhia (FECAVA), estes são os prós e contras de dormir com um animal de companhia:
– Alívio do stress e ansiedade: a ciência tem comprovado que a interação humana e animal pode reduzir o stress. Desta forma, como os animais ajudam a aliviar a ansiedade, e esta é uma das principais razões para a dificuldade em dormir, este hábito pode ajudar a melhorar a qualidade do sono.
A companhia de um animal ajuda os humanos a relaxar e aumenta o fluxo de ocitocina, a substância química do amor.
Maureen K. Murithi, médica veterinária agregada à FECAVA, referiu que “dormir com um animal de companhia ajuda a promover a produção de serotonina, que é a hormona da felicidade. Isto, por sua vez, ajuda na qualidade do sono, reduz os níveis de stress e solidão e alivia os efeitos da depressão. Dormir ao lado de animais de companhia também ajuda a reduzir a pressão arterial, o que promove a saúde cardiovascular”.
– Sensação de segurança: geralmente, os animais de companhia auxiliam os seus tutores a sentirem-se seguros e protegidos. Dormir com eles pode trazer a mesma sensação de segurança e ajuda a uma melhor qualidade do sono.
Chyrle Bonk, médico veterinário também agregado à FECAVA, avançou que “ter um corpo quente com batimentos cardíacos constantes a dormir ao lado pode acalmar os nervos e ajudar as pessoas a dormir melhor, podendo assim aumentar a sensação de segurança, uma vez que existe um aumento da dopamina, hormona associada ao bem-estar que, combinada com a ocitocina, pode melhorar significativamente o estado mental e o sono dos tutores”.
-Ajudam a manter os tutores aquecidos: apesar de existir menos evidência científica neste facto, há muitos tutores que dizem que os seus cães e gatos os mantêm aquecidos durante a noite, especialmente de inverno.
Paola Cuevas, médica veterinária associada à FECAVA, afirmou que, seja “o efeito do calor do corpo ou a sensação de segurança, a verdade é que a natureza é sábia e se os animais de companhia querem dormir com os seus tutores, é porque existe aqui algum benefício”.
Apesar dos benefícios de dormir com um animal de companhia, a FECAVA também refere os pontos de negativos de partilhar a cama com um animal, tais como:
– Se o tutor tem um sono leve: nesta situação, os médicos veterinários aconselham a que o animal fique fora da cama ou totalmente fora do quarto. Embora existam formas de combater estas distrações, podem não ser suficientes para combater o barulho e os movimentos que os animais fazem durante a noite.
– Se o animal é demasiado barulhento: se os cães uivarem ou ladrarem, se os gatos arranharem mobília ou tentarem saltar móveis e se, por norma, o animal costuma ser irrequieto e muito ativo, os médicos veterinários aconselham a que fique fora da cama dos seus tutores e até do quarto.
– Se o tutor dormir com um parceiro: neste caso, existirá um espaço limitado na casa, levando a que deixar o animal de companhia dormir com os tutores possa levar a que, ambas as partes, fiquem desconfortáveis por falta de espaço. Além disso, é ainda referido que os animais podem dificultar a intimidade entre o casal e criar transtornos neste patamar da relação dos humanos.
Maureen K. Murithi avança que “é preciso encontrar um bom equilíbrio no que diz respeito a partilhar a cama com um animal de companhia, pois trata-se de uma questão delicada, especialmente quando o tutor dorme com o seu parceiro. Como tal, devido ao espaço e à intimidade, o tutor pode optar por o animal dormir no mesmo quarto, mas não necessariamente na mesma cama. Para isso, o ideal é fornecer uma cama macia e quente para o animal e garantir que este se sente confortável nela”.
– Se o tutor tem alergias: se as alergias do tutor ficam mais intensas quando passa longos período de tempo com o seu animal de companhia, os médicos veterinários sugerem deixá-los de fora do quarto, uma vez que o tutor estará mais suscetível a espirros e tosse, o que irá quebrar o ciclo do sono e trazer perturbações no descanso e bem-estar.
Chyrle Bonk explica que “pessoas com alergia a animais de companhia nunca devem dormir com eles. Se as alergias forem graves, podem mesmo considerar em deixá-los totalmente fora do quarto, uma vez que estes problemas aumentam o risco de problemas respiratórios durante o sono”.
Neste sentido, o médico veterinário também alerta que dormir com um animal de companhia “definitivamente trará mais microrganismos para a cama dos tutores, nomeadamente terra, areia da caixa ou pelos”.
E continua: “existe assim um risco aumentado de transmissão de doenças, seja uma infeção bacteriana devido a uma ferida aberta ou por ingestão acidental. Salmonella, Campylobacter e Leptospira são algumas das bactérias zoonóticas que podem ser transmitidas entre animais de companhia e humanos”.
“Não podemos ignorar que existem algumas evidências que apoiam os animais de companhia na cama com os humanos como forma de melhorar o sono. No entanto, são os tutores que precisa de avaliar os seus próprios hábitos de sono e como um cão ou gato pode afetá-los. Se o tutor começar a sentir que o seu sono é interrompido e perturbado, é preciso tirar os animais do quarto. No entanto, se o tutor dorme perfeitamente bem com o seu animal na cama, não há razão para mudar algo que está a funcionar bem”, enfatizam os investigadores.