De acordo com uma sondagem realizada nos Estados Unidos, os cães mais pequenos e mais novos têm mais propensão para sofrer envenenamentos acidentais com opioides.
A médica veterinária Amelia Nuwer testemunhou muitas situações destas na sua sala de emergências, no Hospital de Pequenos Animais da Universidade da Flórida, onde já tratou cães envenenados por diferentes tipos de substâncias tóxicas – que incluem analgésicos ou produtos sintéticos.
“Os cães ficam mentalmente adormecidos, geralmente com batimentos cardíacos mais lentos e com pressão arterial baixa”, disse Nuwer, citada pela National Geographic Portugal. “As drogas diminuem a capacidade do coração conseguir bombear o sangue e afetam a respiração – e é assim que, inevitavelmente, acabam por falecer.”
Por forma a analisar o impacto das intoxicações por opioides nos caninos, um artigo publicado na PLOS ONE, analisou as chamadas telefónicas de uma linha de controlo de intoxicações para animais de estimação. Os investigadores descobriram que os tutores fazem, em média, quase 600 chamadas por ano associadas à ingestões acidentais de opioides.
De acordo com o artigo, entre 2006 e 2014, nos Estados Unidos, foram relatados ao Centro de Controlo de Intoxicação de Animais cerca de 5 162 casos de envenenamento por opioides.
O número representa quase 3% das 190 mil chamadas telefónicas relacionadas com cães. Mohammad Howard-Azzeh, autor principal do estudo e doutorando em epidemiologia veterinária na Universidade de Guelph, explica que a análise das raças dos cães, idade e peso, permitiu concluir que a maioria das chamadas costumam visar cães mais pequenos e mais novos.
O estudo identificou que cães de caça tinham mais propensão para o consumo de medicamentos, sobretudo animais não castrados ou não esterilizados, embora os investigadores não consigam identificar os motivos de forma conclusiva.
As sobredoses de opioides em cães podem ser tratadas com naloxona, que reverte os danos, ligando-se aos mesmos recetores que os analgésicos.
“Além dos opioides, as outras drogas problemáticas ingeridas pelos cães incluem analgésicos que são vendidos sem receita médica, como o ibuprofeno ou o paracetamol, que podem provocar danos nos rins e no fígado, respetivamente. Os outros tóxicos comuns incluem medicamentos para o coração, antidepressivos e medicamentos para a Síndrome de Défice de Atenção e Hiperatividade”, referiu Nuwer.
Nas chamadas telefónicas analisadas sobre envenenamentos, o chocolate, que também é tóxico para os cães, é o alimento mais comum.
“Quando o pior acontece, e o seu cão come qualquer coisa que não devia, não tenha medo de contar ao veterinário”, aconselhou Nuwer.