Um novo estudo revelou que espécies maiores têm mais probabilidade de desenvolver cancro em comparação com espécies de menor porte.
Segundo os cientistas, esta conclusão é válida para todos os quatro principais grupos de vertebrados, contrariando suposições antigas de que o tamanho dos animais não está relacionado com o desenvolvimento do cancro.
Para alcançarem estes resultados, os investigadores usaram um conjunto de dados compilados recentemente sobre a prevalência do cancro em mais de 260 espécies de anfíbios, aves, mamíferos e répteis de diversas instituições de vida selvagem. Em seguida, através de novas técnicas estatísticas, comparam a prevalência da doença entre os animais.
“À primeira vista, as nossas descobertas pareciam estar em desacordo com outra ideia científica de longa data. A regra de Cope explica que a evolução tem repetidamente favorecido tamanhos corporais maiores, por causa de vantagens relacionadas com características de predadores e resiliência aprimoradas. Mas, porque será que a seleção natural levaria as espécies a uma característica que carrega um risco inerente de cancro?”, enfatizam os cientistas.
De acordo com o estudo, a resposta prende-se com a rapidez com que o tamanho do corpo dos animais evoluiu. Assim, os investigadores descobriram que aves e mamíferos que atingiram tamanhos grandes mais rapidamente reduziram a prevalência de cancro.
Assim, a análise revelou que espécies maiores enfrentam também maiores riscos de desenvolverem cancro, mas aquelas que atingiram esse tamanho rapidamente, desenvolveram mecanismos para mitigá-lo, como taxas de mutação mais baixas ou mecanismos aprimorados de reparo de ADN.
“Isso significa que a ameaça do cancro pode ter moldado o ritmo da evolução”, explicam os responsáveis pela investigação, avançando que “compreender como as espécies evoluem naturalmente as defesas contra o cancro tem implicações importantes para a medicina humana”.
E continuam: “Ao mesmo tempo, as nossas descobertas levantam novas questões. Embora pássaros e mamíferos que evoluíram rapidamente pareçam ter mecanismos mais fortes para combater a doença, anfíbios e répteis não mostraram o mesmo padrão. Espécies maiores tiveram maior prevalência de cancro, independentemente da rapidez com que evoluíram. Isto pode dever-se a diferenças nas suas habilidades regenerativas. Alguns anfíbios, como as salamandras, podem regenerar membros inteiros – um processo que envolve muita divisão celular e que o cancro pode explorar”.
Os investigadores salientam ainda que colocar o cancro num contexto evolutivo permitiu revelar que a sua prevalência aumenta com o tamanho do corpo e que estudar essa corrida evolutiva pode revelar novos insights sobre como a natureza combate o cancro e como os humanos podem aprender a fazer o mesmo.