Subordinado ao tema: “Como mudar o mindset da veterinária”, o Vetbizz contou com a presença de oradores que, pela originalidade e descontração das suas apresentações, tornaram esta edição mais um sucesso.
A sessão de abertura contou com a presença de Nuno Vieira e Brito, secretário de Estado da Alimentação e da Investigação Agroalimentar, que aproveitou a ocasião para se dirigir aos médicos veterinários e explicar alguns dos condicionalismos que envolvem a temática das especialidades.
Seguiu-se a palestra de Sérgio Lobato, médico veterinário, especialista em Marketing e em Gestão da Inovação da Medicina Veterinária, que explicou como o Brasil resolveu a problemática da implementação das especialidades e que deixou algumas ideias a serem implementadas em Portugal. Da teoria passou-se à prática, com Ângela Martins a explicar como consegue trabalhar a tempo inteiro com um projeto na área da fisioterapia e reabilitação.
Coube a Dilen Ratanji analisar a produtividade de um CAMV e como traçar objetivos por área de negócio, com Francisco Fonte a explicar a importância do papel do contabilista numa clínica ou hospital.
Ao longo do dia foram debatidos temas relacionados com a produtividade e rentabilidade no negócio dos CAMV’s, falou-se de Web, blogues e redes sociais e a sua cada vez mais crescente importância na Medicina Veterinária. E descobriu-se que afinal é possível ser feliz a trabalhar.
É preciso “pensar digital”
André Casado, professor e investigador em Comunicação Digital na Universidade Católica Portuguesa, apresentou algumas estratégias de marketing e fez uma introdução às estatísticas de utilizadores de internet em Portugal. Partilhou algumas lições de marketing que podem ser adequados ao negócio dos CAMV’s, a quem aconselhou ter um site. É preciso “pensar digital” e daqui a poucos anos todos teremos aquilo a que chama de uma “segunda vida mobile digital”. Destacou ainda a postura de Evan Antin, considerado o veterinário mais famoso do Instagram por partilhar fotografias do seu dia-a-dia profissional, das suas viagens, dos seus pacientes e da forma como se diverte com eles (https://instagram.com/dr.evanantin/)
A mesa redonda foi dedicada ao tema “Customer Experience” e contou com a moderação da diretora da revista VETERINÁRIA ATUAL, Sónia Ramalho e como convidados Sérgio Lobato, médico veterinário dedicado à consultoria e à assessoria em Pet Marketing; Dilen Ratanji, diretor geral da Vetbizz Consulting e Elisabete Capitão, diretora da REVET.
O tema, bastante debatido pelos participantes, alertou para a necessidade de se trabalhar com emoções. Sério Lobato confessou que procurou transformar a Medicina Veterinário num conjunto de sensações. “O veterinário tem de gostar de animais, mas sobretudo de pessoas. Ou se aprende a desenvolver relações humanas ou não se sabe vender serviços e ter sucesso”, alertou.
Elisabete Capitão começou por referir que tudo começa muito antes do atendimento presencial, sendo fundamental que haja formação ao nível dos rececionistas para “sorrirem com a voz” e transmitirem atitude quando atendem um telefonema com um pedido de informação. “Pessoas com formação técnica são importantes, mas é fundamental terem competências relacionais”, defendeu.
Dilen Ratanji acrescentou que, enquanto professor de Marketing Relacional, destacava quatro pilares essenciais: captação, fidelização, retenção e reativação. “É fundamental ter uma taxa de renovação mínima de 20%, aumentar a rentabilidade por cliente, estar atento a clientes que não estão satisfeitos e fazer com que um cliente inativo regresse à clínica”. No Brasil, a taxa de fidelização “é temporária” e os clientes mudam com a maior facilidade. “Um cliente, a qualquer momento, pode deixar de o ser”, referiu Sérgio Lobato.
Olhar nos olhos dos clientes, treinar a inteligência emocional e a capacidade de escuta, ter pessoas que gostem de receber na linha da frente dos CAMV’s e superar as necessidades dos clientes, mais do que satisfazê-las, foram alguns dos inputs registados pelos participantes desta mesa redonda para que seja possível proporcionar uma experiência única a quem procura os serviços veterinários.
Estudo sobre depressão e burnout
Diogo Morais, professor na Universidade Lusófona e investigador na COPELABS apresentou pela primeira vez alguns dos indicadores nacionais sobre burnout e satisfação com a profissão. “Os médicos veterinários já foram alvo de estudos devido ao facto de a profissão ser tão desgastante e também porque existe uma maior prevalência de problemas de saúde mental”, explicou.
O objetivo deste estudo foi estudar os níveis de ansiedade, depressão e stresse numa amostra de 1204 médicos veterinários que trabalham em clínicas, sendo 74% do sexo feminino com uma média de 9,5 anos de profissão. 81,6% dos participantes mostraram-se insatisfeitos com a sua remuneração, 77,7% considera que a sociedade não respeita a profissão, 41,1% respondeu que já sofreu de assédio moral no trabalho. “As mulheres apresentam um maior ajustamento emocional no exercício da sua profissão”, revelou Diogo Morais. Como conclusão, o investigador defendeu que é necessário ter em atenção a este estudo e criar uma resposta específica para os profissionais de saúde que sofrem de depressão ou burnout, nomeadamente uma consulta específica.
Depois do panorama pouco motivador, Elisabete Capitão teve a seu cargo uma apresentação sobre a felicidade no trabalho, apresentando os pilares de equipas felizes que se baseiam na comunicação, no crescimento, no reconhecimento e apreciação e na confiança.
Não perca na próxima edição da VETERINÁRIA ATUAL a reportagem completa do encontro Vetbizz.