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Animais Selvagens

Primeiro censo ibérico do coelho-bravo revelou queda da espécie em zonas florestais

Primeiro censo ibérico do coelho-bravo revelou queda da espécie em zonas florestais iStock

O primeiro censo ibérico do coelho-bravo traçou um mapa detalhado da densidade da espécie em toda a Península Ibérica, revelando uma quebra de 17,9% desde 2009 até 2022.

De acordo com o comunicado de imprensa, os dados indicam um ligeiro aumento da população em zonas agrícolas, mas um declínio acentuado e alarmante em áreas de mato e floresta.

 

O projeto LIFE Iberconejo, fruto de um esforço conjunto entre autoridades públicas, cientistas, conservacionistas e o setor cinegético, pretendeu revelar quantos coelhos existem na região ibérica, onde estão e como estão a mudar as suas populações.

A iniciativa é cofinanciada pela União Europeia (UE) que, após três anos de trabalho, termina já em junho de 2025, representando “um marco no conhecimento do coelho-bravo”, enfatiza a nota de imprensa.

 

O mapa produzido pelo LIFE Iberconejo revelou as duas realidades do coelho-bravo: por um lado, a espécie apresenta elevada densidade em quatro grandes regiões espanholas de carácter agrícola — as mesetas sul e norte, e os vales do Ebro e do Guadalquivir —, onde se concentra o conflito com a agricultura.

Por outro, há vastas áreas da Península Ibérica onde o coelho é escasso, especialmente em zonas dominadas pelo montado mediterrânico, como a Serra Morena, as serras da Extremadura e grande parte do território português. Nessas regiões, o coelho-bravo deveria desempenhar um papel ecológico fundamental como presa e contribuir com benefícios socioeconómicos através da atividade cinegética.

 

O mapa apresentou os dados de abundância com uma resolução de 2×2 quilómetros em toda a Península, atingindo um nível de detalhe inédito a nível nacional, frisa a comunicação.

“Dispor de dados atualizados e comparáveis em grande escala sobre a fauna selvagem, com um acompanhamento a longo prazo, é a base fundamental para uma adequada tomada de decisões”, apontou o diretor do projeto LIFE Iberconejo, Ramón Pérez de Ayala. E continua: “com o projeto LIFE Iberconejo, lançámos as bases para entender a situação atual desta espécie-chave das paisagens ibéricas, e assim tomar medidas para fomentar as suas populações onde este está a desaparecer e, ao mesmo tempo, prevenir os danos que provoca na agricultura”.

 

Para criar este mapa foi desenvolvido um modelo matemático que combinou múltiplas fontes de dados, integrando informações sobre a situação populacional em larga escala — como as estatísticas cinegéticas de animais abatidos —, dados regionais e locais — incluindo contagens diretas de coelhos ou sinais da sua presença no terreno —, além de variáveis relacionadas com as características do habitat.

“Elaborar um censo dos coelhos à escala peninsular, que implicaria a contagem de cada um dos exemplares da Península Ibérica, é logicamente impossível, mas utilizando um modelo matemático que integra diferentes fontes de dados podemos conhecer a distribuição e a abundância do coelho-bravo a uma escala sem precedentes, uma base sólida para a tomada de decisões informadas”, explicou o investigador do IREC Javier Fernández López, que liderou o desenvolvimento do modelo.

Para o diretor do projeto, “o que nos mostram estes resultados é que está em perigo o papel ecológico vital do coelho-bravo devido ao seu desaparecimento dos habitats mais naturais, e também a sua função social ligada a uma atividade cinegética sustentável”.

E continua: “Por outro lado, vemos que existem muitos coelhos em zonas agrícolas menos favoráveis à biodiversidade. Zonas onde provocam importantíssimos danos à agricultura e, apesar do enorme esforço das sociedades de caça, em algumas ocasiões estas não conseguem controlar as suas populações no grau desejado”.

Este trabalho científico teve como ponto de partida um acordo entre todos os agentes envolvidos na gestão do coelho-bravo, incluindo as autoridades nacionais de Espanha — Ministério da Agricultura, Pesca e Alimentação (MAPA) — e de Portugal — Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). A colaboração entre administrações públicas, entidades científicas, organizações de conservação da natureza, do setor cinegético e agrícola tornou possível a padronização das metodologias de monitorização da espécie e a coordenação da recolha de dados em todo o território.

 

 

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