O estudo conduzido pela equipa de Robert Hogg, do British Columbia Centre for Excellence in HIV/AIDS, em Vancouver, no Canadá, reuniu dados de países europeus, do Canadá e dos Estados Unidos e comparou a taxa de mortalidade e a esperança média de vida deste tipo de pacientes no período entre 1996/99 e 2003/05.
Segundo o “Público”, este aumento resulta da melhoria dos antiretrovirais. Em meados dos anos 90, começaram a ser utilizadas combinações de medicamentos, que envolviam a toma de três químicos. Estes impediam a replicação do vírus e dificultavam o desenvolvimento de resistência aos medicamentos.
Na altura, apesar dos benefícios, a rotina das tomas e os efeitos secundários da terapia pioravam o nível de vida dos pacientes que acabavam por rejeitar o tratamento.
«Passámos de 20 comprimidos diários para um», afirmou ao referido jornal o chefe de serviço de Doenças Infecciosas do Hospital de Santa Maria, Francisco Antunes.
A investigação permitiu o desenvolvimento de terapias mais eficazes, mais bem toleradas e com uma dosagem simplificada, aumentando a adesão dos doentes.
De acordo com a investigação, se uma pessoa de 20 anos começasse a fazer o tratamento no período de 1996/99 teria em média mais 36,1 anos de vida. Mas, se iniciasse o tratamento em 2003/05 a média subiria para 49,4 anos.
Outro aspecto verificado foi que, no mesmo intervalo, a mortalidade passou de 16,3 para dez pessoas em cada mil, representando uma diminuição de 40%.
Contudo, as melhorias não se verificam em todos os portadores, isto porque os doentes toxicodependentes infectados através de seringas apresentam uma esperança de vida menor. As mulheres vivem ligeiramente mais que os homens.
O estudo evidencia igualmente a importância de iniciar a medicação o mais rapidamente possível. As células do sistema imunitário que são atacadas pelo HIV, os linfócitos CD4+, vão diminuindo gradualmente e «quanto mais linfócitos CD4+ tivermos, mais conseguimos recuperar», explicou o médico português. Um baixo número destas células torna-nos muito vulneráveis a qualquer agente patogénico.
Em Portugal, a Coordenação Nacional para a Infecção VIH/sida avança que a tendências são iguais. Ainda assim, apesar de os tratamentos serem gratuitos e acessíveis (o Estado gasta anualmente 150 milhões de euros), a esperança média de vida continua abaixo da das pessoas saudáveis.
Sida: Portadores do vírus têm mais 13 anos de esperança média de vida
Os doentes infectados com VIH/sida viram a sua esperança de vida aumentar em mais 13 anos, graças aos avanços registados nos antiretrovirais, segundo um estudo publicado na revista «The Lancet».