“O ferro é um elemento essencial para a multiplicação de alguns microrganismos”, referiu Alexandre Secorun Borges, professor da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) de Botucatu. Ao primeiro sinal de infeção, a hepcidina entra em ação para reduzir os níveis do mineral na corrente sanguínea e tornar o ambiente menos propício aos invasores, avança o portal brasileiro Agora Vale.
“A hepcidina liga-se a outra proteína chamada ferroportina. O que faz com que o ferro fique retido dentro de algumas células específicas, em vez de ser exportado para a corrente sanguínea. Por esse motivo, quadros de inflamação crônica costumam provocar anemia”, explicou o veterinário.
Estima-se que esse mecanismo de defesa esteja presente em todos os mamíferos e também em alguns peixes mas, segundo Borges, na maioria das espécies o peptídeo (hepcidina) ainda não foi caracterizado e sua função não foi comprovada.
A segunda etapa da pesquisa consistiu em comprovar o papel da hepcidina na defesa do organismo contra infeções. Foram usados dois modelos experimentais para induzir um quadro inflamatório leve em cavalos. Os investigadores injetaram, por via intravenosa, uma toxina extraída da membrana de bactérias – o lipopolissacarídeo bacteriano (LPS). “Causa uma inflamação sistêmica discreta, de curta duração e que não provoca danos de longo prazo aos animais”, contou Borges.
A cada duas horas após a administração do LPS, a equipa de investigação recolhia e analisava o sangue dos cavalos. “Os níveis plasmáticos de ferro caíram rapidamente. Por meio de uma biópsia de fígado, comprovamos que a expressão gênica da hepcidina havia aumentado neste órgão”, disse.