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Philip Scott: «A experiência no terreno é muito importante»

Philip Scott: «A experiência no terreno é muito importante»

Philip Scott tem mais de 30 anos de experiência em grandes animais, nomeadamente, em animais de quinta. Fez a licenciatura, o mestrado e o doutoramento na Universidade de Edimburgo, na Escócia, onde também lecciona. É considerado “o” especialista europeu em Gestão de Saúde de Bovinos e Pequenos Ruminantes. Já publicou três livros (os mais recentes são Sheep Medicine, 2007, Manson Publishing e Ovine Clinical Medicine, 2006, Manson Publishing) e mais de 100 artigos. É ainda associado do Royal College of Veterinary Surgeons.

Nas XXXII Jornadas Médico-Veterinárias da Faculdade de Medicina Veterinária, que decorreram na Universidade Técnica de Lisboa, em Novembro último, fez nada mais nada menos do que cinco intervenções, sobre temas tão diversos como doenças neurológicas em gado e ovelhas, dois workshops práticos de ecografia em ruminantes e ainda duas apresentações sobre ecografias ao peito e abdómen de gado e ovelhas. Ao longo das palestras, apresentava slides com fotografias de animais, antes e após o tratamento, fotografias dos seus alunos em acção, e ainda dos procedimentos clínicos e cirurgias. Em entrevista à Veterinária Actual, ressaltou a importância da experiência no terreno e revelou o sonho de lançar um livro online.

Veterinária Actual: Pelo que se ouviu aqui nas Jornadas, em Portugal o bem-estar dos animais ainda é muito secundário quando comparado com a preocupação do lucro. Como é que se pode convencer os produtores de grandes animais que o bem-estar dos animais é importante para se alcançar lucro?
Philip Scott:
Temos o mesmo problema no Reino Unido. É um problema muito difícil mas acho que um dos caminhos possíveis é usar como exemplo produtores com elevados níveis de produção e bons resultados económicos. O que eu tento fazer, durante as minhas intervenções, é mostrar exemplos de boa gestão e, consequentemente, de bem-estar dos animais. Esta é realmente uma situação que ocorre em vários locais.

 

Como é que recebeu o convite para estar presente nestas Jornadas Médico-Veterinárias?
É uma honra. A forma como abordei o convite foi tentar trazer o maior número possível de casos clínicos para mostrar aos alunos o que vemos no Reino Unido, para que eles possam aprender com a nossa experiência. Queria mostrar-lhes como lidamos com isso e desafiá-los a reconhecer estas doenças e condições em Portugal.

Qual foi o foco principal das suas apresentações?
Basicamente, aquilo que sempre me interessou: falei sobre as doenças do foro nervoso. Tento sempre mostrar aos alunos que é importante pensar nas áreas do cérebro que foram afectadas, em vez de tipicamente, fazerem só exames como ressonâncias magnéticas e avaliarem outros sinais. Eles devem tentar usar esta informação para reconhecer novos diagnósticos e doenças e talvez considerá-los para fazer melhores tratamentos. No que diz respeito à anestesia, tento passar a ideia de que a anestesia geral nem sempre é a melhor solução, nem a que origina melhores resultados. Mas, infelizmente, não conheço muito bem a realidade portuguesa para abordar outros temas.

 

O que pode ser melhorado no ensino da Medicina Veterinária?
Acho que é o acesso aos animais. Mesmo no Reino Unido, começa a usar-se em demasia a tecnologia no ensino. Devia haver muito mais exposição aos animais. No Reino Unido, uma parte dos estudos é dedicada a um estágio em que os nossos alunos têm de completar 26 semanas de trabalho com um veterinário no terreno. Acho que isto é muito importante. A experiência no terreno é extremamente importante para a formação de qualquer médico veterinário.

Qual foi o caso que mais o desafiou até agora?
Todos (risos). E espero que cada caso seja sempre desafiante.

 

Tem mais de 30 anos de experiência. Já publicou mais de 100 artigos. Que objectivos ainda lhe faltam atingir na sua carreira?
Gostava de publicar um livro online, não só escrito, mas com vídeo e audio. Acredito que os próximos passos na publicação científica, a seguir às fotografias, serão os vídeos.

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