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Animais de estimação

Longe da cura, perto da prevenção

Cão a ser cuidado

São diferentes as perspetivas dos médicos veterinários de várias zonas do País relativamente à leishmaniose. Se em alguns sítios o diagnóstico tem aumentado, noutros, mantém-se estável. A aposta na sensibilização dos tutores para a adoção de medidas profiláticas tem sido essencial para o controlo da doença. Que futuro podemos esperar para esta patologia? E os felinos, também têm sido diagnosticados?

Ainda estamos longe de se falar em cura, mas a profilaxia continua a ser a melhor opção. Nas diferentes regiões do País, a leishmaniose difere em termos de diagnóstico e prevalência. A patologia é frequentemente diagnosticada na área geográfica do VetOeiras – Hospital Veterinário, mas Mariana Santos Correia, responsável pelo internamento, não consegue afirmar que “tenha aumentado o número de casos”, porque a aposta tem sido no sentido de proteger ativamente os pacientes, o mais cedo possível.  “É uma patologia que vemos com alguma frequência no internamento em casos de medicina interna, e também em consulta, e faz parte dos diferenciais de estímulos iatrogénicos tão correntes como lesões cutâneas, perda de peso, vómito e diarreia, epistaxis e uveítes, por exemplo, mas não é uma patologia que nos surpreenda pelos números”, afirma.

Mariana Santos Correia

 

Em consulta, o que pesa às famílias acaba por ser a notícia de que o seu animal de companhia tem uma doença crónica e será alvo de seguimento e tratamento continuado. “A Leishmania é um caso mais particular por ter prevenção possível e o seu diagnóstico pode ser acompanhado de alguma autorrecriminação por parte de tutores”, explica Mariana Santos Correia.

No Hospital Veterinário Arco do Cego (HVAC), em Lisboa, não se tem registado um aumento significativo de leishmaniose. “No nosso hospital, não é uma doença muito frequente, no entanto, é sempre considerada nos diagnósticos diferenciais, dada a característica endémica da doença”, explica a médica veterinária Rita von Bonhorst. A patologia é tema de debate das consultas de rotina, sendo recomendada a utilização “de produtos repelentes, complementada com a vacinação”. Ainda assim, e “apesar de toda a informação veiculada pelos media, muitos tutores não conhecem a doença”, acrescenta a profissional, reforçando a importância do aconselhamento por parte dos médicos em prol da prevenção.

 

Este desconhecimento não se verifica no VetOeiras, onde os profissionais recebem clientes cada vez mais bem informados, refere Mariana Santos Correia. “Quando chegam até nós com cachorros para vacinar, a grande maioria já conhece a leishmaniose, mesmo nunca tendo tido cães. Esta realidade traz com ela uma mudança de mentalidades e posso afirmar que, hoje em dia, a quase totalidade dos nossos clientes aceita de bom grado o plano de prevenção completo para a patologia que aconselhamos no hospital. Inclusivamente, tornou-se numa das questões mais frequentes, especialmente durante a primovacinação.”

Mas, embora cerca de 50% dos tutores e clientes do hospital conhecerem ou já terem ouvido falar da doença, e de até terem noção que pode ser transmitida à nossa espécie, não estão esclarecidos na totalidade quanto ao meio ou método de transmissão. “Ficam surpreendidos quando se explica o ciclo de vida do parasita”, explica a responsável pelo internamento.

 

No Hospital Veterinário do Atlântico (HVA), em Mafra, inserido numa região considerada endémica de leishmaniose, é frequente que os tutores peçam informação logo nas primeiras consultas. “Contudo, a casuística do nosso hospital revela uma baixa prevalência da doença na zona e não se nota que esteja a aumentar ao longo dos anos”, diz a médica veterinária Margarida Monteiro. “Embora localizado numa zona rural, os tutores regionais mostram-se bastante preocupados com a prevenção de doenças vetoriais, apostando em prevenções licenciadas para tal. Alguns estudos referem Mafra como uma zona com uma incidência um pouco abaixo da região de Lisboa, dando como explicação para esse facto, as características meteorológicas muito específicas da região”, acrescenta.

Margarida Monteiro

Neste hospital, são raros os casos diagnosticados aquando da realização de um teste para prevenção. Por outro lado, “a grande maioria, quando surge, tem doença ativa, e já em estádios acompanhados de alterações clínicas”, refere a médica veterinária. Apesar de os tutores estarem bem informados em relação a tudo o que respeita à saúde dos animais de companhia, incluindo a leishmaniose, fruto da divulgação que tem sido feita pelas novas alternativas de prevenção que têm vindo a surgir no mercado, o potencial zoonótico da infeção por Leishmania Infantum não é algo que os preocupe. “A grande maioria não está devidamente informada e é, inclusivamente, uma surpresa, quando se fala no potencial zoonótico. Contudo, quando informados dessa questão, a disponibilidade preventiva e diagnóstica aumenta drasticamente”, realça a médica do HVA.

 

A realidade fora de Lisboa

Ricardo Almeida, diretor clínico da Clínica Veterinária Vet Póvoa, em Coimbra, já viu um pouco de tudo no que respeita a esta patologia. Depois de estudar Medicina Veterinária na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), estagiou em Girona, Condeixa, tendo trabalhado na Lousã e em Coimbra (todas as regiões onde fez clínica são endémicas de leishmaniose). “Há tutores que chegam à consulta muito assustados, mas depois de uma boa conversa sobre a doença, conseguimos elucidá-los e desmistificar o potencial zoonótico”, afirma.

O médico veterinário partilha com a VETERINÁRIA ATUAL que a tendência de novos casos diagnosticados com a doença tem sido decrescente, havendo uma diminuição de ano para ano. “Se tivermos em conta que temos aumentado o número de clientes e consultas, a descida é ainda mais acentuada do que aparenta. No entanto, enquanto há 10 anos resolvíamos a grande maioria dos casos com apenas um tratamento leishmanicida (que durava anos), atualmente temos tido alguns casos difíceis de resolver, o que nos leva a crer que existem leishmanias multirresistentes aos fármacos disponíveis”, partilha.

Na verdade, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, a leishmaniose é uma das sete doenças tropicais mais importantes e representa um grande problema de saúde pública.

Nos casos particulares de resistência a medicamentos, a questão da prevenção ganha ainda mais relevância. “Não podemos baixar os braços em termos profiláticos, pelo que fazemos um esforço para que todos os nossos clientes conheçam a doença.” Curiosamente, Ricardo Almeida denota que “muito antes de haver formas de prevenção específicas no mercado, já havia procura por parte dos tutores”.

Ricardo Almeida (Fotografia de Natacha Cardoso)

A realidade vivida no Grupo Veterinário maisVida (com CAMV em Viseu, Guarda, Mangualde, Trancoso, Tondela e Gouveia) é um pouco diferente. “Nos últimos anos, tem-se verificado um número crescente de casos de leishmaniose canina em todos os nossos CAMV”, conta Andreia Figueiredo, médica veterinária. Por estarem localizados numa zona endémica de leishmaniose, a frequência com que se diagnosticam novos casos é semanal. “Entre os casos diagnosticados, temos alguns animais que adotavam medidas preventivas com vacinação e/ou aplicação de repelentes do flebótomo vetor da doença. Esta última evidência ainda nos deixa mais preocupados para o panorama atual da leishmaniose”, reforça.

Dentro da casuística do Grupo maisVida, a leishmaniose canina assume uma posição preponderante, a par de casos de ortopedia e gastrenterologia. “O estádio em que a doença é diagnosticada é muito variável. Com frequência, recebemos casos em fase inicial, desde assintomáticos, a casos mais graves, já com doença renal crónica em estádio final ou síndrome nefrótica”, salienta a médica. Uma boa percentagem de clientes das clínicas do grupo está informada e preocupada com a leishmaniose canina por já ter tido ou conhecer alguém que tenha um animal com a doença.”

Andreia Figueiredo

Ainda assim, surgem alguns clientes que nunca ouviram falar da doença ou que desconhecem a sua frequência ou gravidade. Infelizmente, o potencial zoonótico da infeção por Leishmania infantum é ainda desconhecido pela maioria dos tutores. Na verdade, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, a leishmaniose é uma das sete doenças tropicais mais importantes e representa um grande problema de saúde pública. “Os tutores estão sensibilizados para a frequência e gravidade da doença em cães, mas não em humanos ou noutras espécies”, salienta a médica. A partir do momento em que tomam conhecimento, adotam mais facilmente medidas preventivas completas.

Também no VetCenter – Centro Veterinário de Bragança tem havido um aumento de casos diagnosticados. A explicação que a médica veterinária Raquel Pereira encontra para esta realidade passa pela maior atenção dos clientes a esta temática, permitindo a realização de testes de diagnóstico. “Bragança é uma zona endémica para a leishmaniose, e, por esta razão, a importância que a doença assume no nosso CAMV é enorme e de grande prevalência. De tal forma que sempre que procedemos à profilaxia de parasitas externos, não descuramos produtos que sejam repelentes do flebótomo”, determina.

Também neste centro veterinário, a maioria dos tutores desconhece o carácter zoonótico da mesma. “Talvez porque, como a doença em humanos assume outro nome [kala-azar, termo hindi que significa febre negra], os tutores não façam a associação da mesma à leishmaniose.”

Regiões do país sem casos ou com situação estável

A VETERINÁRIA ATUAL contactou dois CAMV localizados na Madeira e nos Açores, e confirmou que, em ambas as ilhas, não foi diagnosticada leishmaniose. Noutras zonas do País, o número de casos novos tem-se mantido estável. É essa a realidade do Grupo Animar, que integra um hospital veterinário, na Póvoa de Varzim, e três clínicas veterinárias em Vila do Conde, Fão e Esposende, nas quais não se tem verificado um aumento de leishmaniose. “Julgo que tal se justifica não só por não pertencermos a uma zona propícia ao desenvolvimento do vetor, mas sobretudo pela aposta clara que fazemos na prevenção, seja pela vacinação, pelo uso de repelentes do vetor ou pelo uso de domperidona”, explica o diretor clínico, Miguel Matos. Os casos que têm surgido são sobretudo de tutores que viajaram temporariamente para fora desta zona ou de animais oriundos de outras regiões.

No que respeita ao conhecimento da relevância da doença, o diretor clínico tem constatado que os tutores estão cada vez mais informados e procuram ativamente respostas ao nível preventivo. “Preocupa-os não só a saúde dos seus animais, mas também a possibilidade de transmissão aos familiares, nomeadamente crianças. Aliás, julgo que é este conhecimento e receio, os responsáveis pela diminuição (ou, pelo menos, não aumento) de casos da doença.” Sempre que se fala em zoonoses, os tutores ficam preocupados. “No entanto, após terem conhecimento do processo e de que existe um reduzido número de infeções humanas, surgindo as mesmas maioritariamente em indivíduos imunodeprimidos ou pessoas com condições sócioeconómicas precárias, ficam mais descansados, preferindo, ainda assim, adotar medidas preventivas”, explica.

No Hospital Veterinário VetSet, em Palmela, e na Clínica Veterinária de Faro (CVF), no Algarve, o número de animais diagnosticados com leishmaniose não tem aumentado nos últimos anos. “Existe alguma casuística, mas não é das patologias mais prevalentes”, refere o médico veterinário Nuno Revez, da CVF. No VetSet, a diretora clínica, Cristina Lemos Costa, considera que o despiste da leishmaniose é sobretudo importante em casos de doenças dermatológicas e nas situações de falências renais.

Nuno Revez

A leishmaniose é endémica na região de Faro e a maior parte das pessoas já ouviu falar da doença. “Na nossa clínica, a prevenção da leishmaniose faz parte do plano vacinal dos canídeos. Como tal, existe da nossa parte uma especial atenção no esclarecimento dos tutores acerca da leishmaniose”, explica Nuno Revez, adiantando que cabe aos médicos veterinários veicular a informação, nas consultas de profilaxia, de que se trata de uma zoonose.

A visão dos médicos veterinários municipais

Contactámos dois médicos veterinários municipais (MVM) com uma realidade distinta no que respeita à leishmaniose. Ricardo Lobo exerce a sua atividade como MVM e a sua prática clínica de animais de companhia, em Vila Nova de Cerveira, desde 2008, tendo diagnosticado, até ao momento, apenas dois casos de leishmaniose. O também secretário da Direção da Associação Nacional de Médicos Veterinários dos Municípios (ANVETEM) assume que a patologia tem muito pouca importância nesta região.

“As orientações dos Centros de Recolha Oficial (CRO) relativamente a animais suspeitos e confirmados de leishmaniose poderão variar de município para município, conforme a direção clínica do CRO e a disponibilidade financeira”, diz Ricardo Lobo

Carolina Rebelo é MVM no município de Cascais, e tem notado que o número de casos diagnosticados em animais errantes tem-se mantido desde que exerce o cargo. “Porém, verifico um aumento nos animais de matilha, tendo estes níveis muito altos de leishmaniose”, assegura. Neste município, procura-se ter uma ação educativa, informando os tutores sobre os deveres e obrigações legais com os seus animais, e explicando o motivo dessas mesmas ações. “Esperamos que a informação chegue a toda a gente e, por essa mesma razão, as campanhas de sensibilização são realizadas maioritariamente em escolas. Desta forma, tenho verificado que os munícipes se preocupam em ter a documentação válida para os seus animais, o que se reflete na vacinação antirrábica e na identificação eletrónica”, explica. Esta constatação é alargada também aos tutores de gatos.

“As orientações dos Centros de Recolha Oficial (CRO) relativamente a animais suspeitos e confirmados de leishmaniose poderão variar de município para município, conforme a direção clínica do CRO e a disponibilidade financeira”, diz Ricardo Lobo. “Tratar um animal com leishmaniose tem custos elevados e nem todos os CRO se podem permitir gastar [dinheiro] com animais que não se sabe se serão alguma vez adotados, ou se terão uma resposta satisfatória ao tratamento”, acrescenta.

Ricardo Lobo (Fotografia: Rodrigo Cabrita)

No Centro de Proteção Animal de Cascais, todos os cães com mais de seis meses são testados para a leishmaniose. “Para não termos ‘falsos positivos’, os exames são feitos laboratorialmente em vez do teste rápido, assim, não só deixamos de ter ‘falsos positivos’, como, no caso de um animal positivo, sabemos qual o nível e o seu prognóstico. Apostamos na prevenção, sendo os animais desparasitados com produtos de alto espetro e de última geração, e os animais adultos, até junho de 2018 [até ao fecho desta edição, data da última campanha de vacinação anual], vacinados contra a leishmaniose”, explica a médica. São ainda desenvolvidas ações, como podcasts, para informar os munícipes, de forma a sensibilizar para este problema de saúde pública.

“Legalmente, o abate de animais confirmados de leishmaniose é permitido pela alínea c), do artigo 11.º da Portaria n.º 146/2017, de 26 de abril. Paralelamente, o Regulamento do Programa Nacional de Luta e Vigilância Epidemiológica da Raiva Animal e Outras Zoonoses refere que os animais suspeitos de leishmaniose, encontrados em âmbito de campanha, devem ser testados e os seus detentores notificados para tal. De igual forma, os animais positivos devem ser tratados e os seus detentores notificados para tal. Os animais positivos, cujos detentores não apresentem comprovativo de tratamento, devem ser eutanasiados”, explica Ricardo Lobo.

Dos fármacos e vacinas às sessões de formação e sensibilização

De elevada importância para a prevenção e tratamento, a indústria farmacêutica tem lançado novidades e assumido um papel fundamental na área da leishmaniose.

Em maio, fez oito anos que foi lançada a primeira vacina europeia contra a doença, pela Virbac. Francisco Ferraz, responsável pelo marketing de animais de companhia da empresa, diz-nos que, com todo este tempo de experiência, “é notória a confiança que a classe veterinária tem depositado” na farmacêutica, pese embora “todas as dificuldades inerentes a um produto tão sensível como uma vacina, nomeadamente na sua correta utilização, bem como na comunicação dos seus benefícios aos tutores, algo cada vez mais desafiante nos tempos que correm, em que o interesse das vacinas mais simples é questionado por uma faixa da população”, afirma.

Em fevereiro deste ano, a Virbac lançou um novo produto para a área da leishmaniose, o Prevendog®, uma coleira antiparasitária à base de itametrina 4%, atuando como repelente de flebótomos. “Esta coleira é fruto de um contacto estreito com os utilizadores, que expressaram as suas preferências, nomeadamente em relação à cor cinza, ao fecho triplo e à característica elástica, para maior segurança”, diz Francisco Ferraz. Segundo o marketeer, a empresa disponibiliza uma gama completa de controlo e tratamento, atuando em quatro vertentes: “A prevenção, com o Effitix® (spot-on) e, agora, Prevendog® (coleira). No diagnóstico, a farmacêutica apresenta o Speed Leish K®, e para tratamento, o Milteforan®”, explica. A Virbac está neste momento a preparar uma comunicação direcionada aos tutores sobre todos os riscos inerentes a esta doença.

A MSD Animal Health deu a conhecer a nova indicação de Scalibor® – 12 meses de repelência contra o mosquito transmissor da leishmaniose – no 9.º Encontro de Formação da Ordem dos Médicos Veterinários, realizado em abril, em Lisboa. “Com esta nova indicação, Scalibor® é a coleira inseticida com maior tempo de repelência para o mosquito transmissor da leishmaniose e uma importante ferramenta para integrar um plano de combate a esta doença”, explica Teresa Cabrita, product manager companion animals da MSD Animal Health.

Outra novidade desta farmacêutica é a parceria com a também farmacêutica LETI no projeto Prevenção Integral da Leishmaniose, cujo objetivo é ajudar os médicos veterinários a sensibilizar os tutores de cães para a doença e para a sua prevenção. “Neste âmbito, foi criada a petição pública para a criação do ‘Dia Nacional da Leishmaniose Canina’ que pretende ser mais um meio de sensibilização da população. Queremos que o próximo dia 7 de abril já o seja oficialmente, mas esta ação não é órfã, e estamos a desenvolver outros tipos de mecanismos para ajudar os médicos veterinários a comunicar com os seus clientes”, avança Teresa Cabrita.

A Ecuphar, do grupo Animalcare, continua a apostar no suporte técnico e científico na área da leishmaniose. “A equipa técnico-comercial da empresa está disponível para realizar sessões de esclarecimento sobre este tema, mais especificamente sobre Leisguard®, sempre que os clientes dos CAMV o solicitarem. “Queremos contribuir para que os médicos veterinários estejam atualizados e, desta forma, preparados para combater esta zoonose que ainda afeta tantos animais em Portugal. É importante relembrar que o Leisguard® é o único medicamento veterinário que está registado para prevenção e tratamento de leishmaniose”, avança Rute Vilar, product manager da empresa.

Na última quinzena de maio, mês de administração de Leisguard®, a Ecuphar organizou um ciclo de três formações. O médico veterinário Rodolfo Leal foi o convidado para falar sobre “O que falta saber sobre leishmaniose?”, numa palestra presencial, a 16 de maio, e no dia 21, no webinar subordinado ao mesmo tema.

Faz um ano que a Ecuphar lançou uma nova apresentação de Leisguard® (2 x 60 ml), “que se tem revelado uma boa aposta da empresa, pois melhorou a compliance do plano preventivo anual junho-outubro, precisamente por ser mais económica e prática”, conclui a product manager.

A coleira Seresto® foi lançada em 2012 para proteção contra pulgas e carraças até oito meses, em cães e gatos. “O produto tem agora indicação na redução do risco de infeção com Leishamania infantum transmitido por flebótomos por um período de até oito meses, sendo um aliado no controlo da leishmaniose canina. As alterações climáticas e ecológicas, a adoção de animais oriundos de regiões do Sul e as viagens mais frequentes são alguns dos motivos pelos quais as VBD [vector-borne diseases ou doenças transmitidas por vetores], incluindo a leishmaniose, estão a tornar-se mais frequentes em áreas onde não existiam anteriormente. O agente patogénico causador da leishmaniose canina na Europa, Leishmania infantum, é maioritariamente transmitido por flebótomos hematófagos. Os flebótomos estão disseminados na região do Mediterrâneo, no norte de França e, recentemente, foram encontrados no sul da Alemanha”, explica Cláudio Mendão, country commercial lead da Saúde Animal Bayer Portugal.

Após a infeção, pode demorar entre três meses a vários anos até se desenvolverem os primeiros sinais e a doença pode ser mortal se não for tratada, alerta o médico. “O tratamento médico permite obter a cura clínica da leishmaniose. Contudo, o cão permanece infetado e é comum ocorrerem recidivas da doença.  Além disso, como o cão funciona como reservatório do L. infantum, novos flebótomos podem ficar infetados quando se alimentam do sangue destes cães, perpetuando a disseminação”, sublinha o responsável.

Esta reportagem foi publicada na edição de junho de 2019 (n.º 128) da revista VETERINÁRIA ATUAL.

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