Veterinária Actual – Quando é que surgiu a vontade de se candidatar?
Laurentina Pedroso – No final de Julho, princípio de Agosto, fui contactada por uma colega especial que me colocou este desafio. Ela representava outros colegas que gostariam de ver alguma mudança. Na altura não achei que viesse a aceitar, porque entendo que este é um lugar de grande responsabilidade e de grande dedicação e não tenho por princípio começar algo que não esteja à altura de cumprir. Mas, uma vez que o convite se colocou, e se calhar também por estarmos em Agosto, de férias, despertou-se-me uma consciência e já não consegui voltar atrás. Uma grande parte de nós achava que a Ordem não correspondia ao verdadeiro interesse da classe. Muitos comentavam essa situação abertamente e ninguém fazia nada para a tornar diferente. Colocaram-me na posição de «se quiseres fazer bem faz, ou então cala-te para sempre».
VA – Claro que ao candidatar-se esperava ganhar, mas esperava que fosse por tão pouco?
LP – Esperava ganhar, e esperava que fosse uma vitória difícil. Mas se olharem para os resultados das outras eleições perceberão que a Lista C e a Lista B tiveram praticamente os mesmos votos das eleições anteriores. Todos os votos que a nossa lista – Lista A – teve foram novos. Houve muita gente que foi votar pela primeira vez. Se as outras listas mantiveram a “população” eleitoral habitual, nós tivemos que conquistar tudo. Podemos dizer que não foi por tão pouco, foi por muitos.
VA – Referiu na tomada de posse que o voto das mulheres duplicou. Foram as mulheres que a elegeram?
LP – Acho que contribuíram fortemente para isso, mas acho que os homens também. 243 mulheres votaram nas eleições anteriores, em 2008, e 472 votaram nestas. E nos homens também aumentou. Não quer dizer que as mulheres tenham votado numa determinada lista, mas o que se nota aqui é que houve qualquer coisa de diferente nestas eleições que levou a que o dobro das mulheres, no espaço de um ano, se tenham decidido a votar.
VA – Até porque a classe é cada vez mais feminina.
LP – As mulheres já são a maioria. Já somos 53%. Mas ainda temos que votar mais, porque os homens continuam a votar maioritariamente. 44% das mulheres votaram nestas eleições. Acho que podemos fazer mais.
«É muito fácil unir a classe»
VA – Como é que se une a classe quando os resultados das eleições revelam votações tão diferentes nos diferentes órgãos?
LP – Acho que é importante esclarecermos essa situação. No caso do Conselho Directivo e da Assembleia Geral temos a situação do “tudo ou nada”, ou seja, as listas ganham ou perdem. No caso do Conselho Profissional e Deontológico e do Conselho Fiscal não é assim, e as listas vão colocando elementos de acordo com a proporção de votos. Significa que a Lista C colocou quatro elementos no Deontológico e a Lista A colocou três. No Fiscal colocaram dois, a Lista A colocou um.
Eu acho que é muito fácil unir a classe quando se aperceberem do estado em que a Ordem se encontra. Era preciso mudar mesmo. Mas a luta aqui é pelos ideais de classe. Não há aqui luta de poder.
VA – Esta é uma classe cada vez mais jovem. Em ocasiões como, por exemplo, a tomada de posse, verifica-se que quem está presente são os médicos veterinários mais velhos. Os jovens estão afastados da Ordem e destes momentos?
LP – Acho que os jovens estão afastados deste momentos, e a classe em geral está afastada. É nossa responsabilidade motivá-los a participar.
VA – Como se faz isso?
LP – Vão ser 3 anos de trabalho. Motiva-se, por exemplo, com algo que fiz nesta tomada de posse e que penso que já vai ser diferente, que é o facto de ter registado o momento em fotografia e em vídeo. Pretendemos colocar esse vídeo num meio – a Internet – que é muito utilizado pelos jovens e é de fácil acesso. Os jovens podem não estar presencialmente, mas vão ser convidados a participar vendo a cerimónia em si.
VA – A sua lista apostou em site próprio, Facebook, Twitter. Vamos ver uma OMV cada vez mais atenta e presente nestes meios?
LP – Sem dúvida alguma. A modernização da Ordem é um dos objectivos da nossa proposta e essa modernização faz-se, obviamente, comunicado da forma que hoje é mais fácil comunicar, e que as pessoas preferem. Tendo a classe num leque etário muito jovem, com certeza são as ferramentas que utilizam hoje em dia.
VA – O mote da sua candidatura era mesmo esse: “Dignificar os médicos veterinários. Modernizar a ordem”. A Ordem é assim tão anti-modernidade?
LP – Não lhe posso responder agora na totalidade porque, como compreende, o meu conhecimento neste momento tem a ver com uma reunião com o anterior bastonário, no mês de Janeiro e a reunião ontem [nota: a entrevista foi realizada no segundo dia de trabalho de Laurentina Pedroso como bastonária], mas posso dizer que há muita oportunidade de melhoria em quase tudo o que se faz. No entanto, há decisões que a anterior direcção tomou que eu gostaria de mudar já e não vou conseguir.
VA – E o que pretendia mudar já?
LP – Gostaria de mudar os milhares de euros de renda por este imóvel [nota: a entrevista foi realizada na sede da Ordem]. As anteriores instalações custavam à Ordem 1.800 euros. Estas custam 4.600 euros. Eu gostava de puder pagar um imóvel que viesse a ser património da Ordem, até porque o património é muito pouco. Mas vou estar condicionada ao contrato que temos, que vai durar o meu mandato na sua quase totalidade. Gostaria de dizer adeus a estas instalações e procurar umas onde pudesse haver uma maior rentabilidade dos recursos da Ordem.
VA – Mas esta infra-estrutura actual está mal aproveitada?
LP – Esta estrutura irá estar bem aproveitada quando se começar a trabalhar muito. Agora, se temos lugares vazios é porque precisamos de massa humana para dar dinâmica.
VA – Como correu a passagem de testemunho com o Dr. Sameiro de Sousa?
LP – Bem. Tenho muito respeito pelo Dr. Sameiro de Sousa. Considero-o uma pessoa amiga, gosto dele e tenho boas relações com ele, quer do ponto de vista pessoal, quer do ponto de vista profissional. E a passagem foi o mais correcta possível. O problema não foi na passagem, mas naquilo que se está a passar.
Gestão de índole profissional
VA – A Ordem vai fazer contratações?
LP – Não, a Ordem não vai fazer contratações. A ordem vai reformular contratações. Quer eu, quer a maioria dos meus colegas de Direcção temos uma noção do que é a vida empresarial. Temos noção de que a economia nos últimos anos tem sido muito difícil. A maior parte das empresas diminui custos e não os aumentaram.
VA – A OMV precisa então de uma gestão de índole profissional?
LP – Precisa mesmo. Disse a palavra certa. Precisa de uma gestão de índole profissional. Não a tem de momento. Vamos criar essa gestão para que possamos investir dinheiro com um retorno para os colegas. E não fazer a gestão de gerir quotas para pagar despesas.
VA – A Ordem está em dificuldades financeiras?
LP – Não, a Ordem não está em dificuldades financeiras.
VA – Mas se continuasse por este caminho poderia ter essas dificuldades?
LP – Acho que sim. Rapidamente poderia chegar aí, mas mais grave que chegar aí era continuarmos no caminho em que os associados não acreditam na Ordem. Porque quando temos uma gestão administrativa, de se manter uma estrutura e de se fazer uma gestão de pessoal, não podemos dar nada em troca aos colegas. O meu trabalho vai ser, de uma forma muito transparente, dar contas aos colegas e investir as verbas que temos, que são muito poucas. Vai ter de haver muita criatividade na gestão da Ordem. Temos agora um perfil de direcção que não gasta dinheiro a não ser que haja forte retorno desse dinheiro.
VA – É uma mensagem de esperança, portanto, aquela que pretende passar?
LP – A mensagem é de esperança. Nem eu nem qualquer dos elementos que faz parte da direcção nos “colocaríamos” numa situação destas se não pensássemos que teríamos capacidade para mudar. E mais: é a nossa obrigação moral e de consciência fazer algo para depois podermos dizer que já tivemos a oportunidade de fazer. Temos uma forte esperança e acho que vamos fazer um excelente trabalho. Acho que é a altura própria para começar a ser feito.
Recuperar oportunidades perdidas
VA – Quem sai agora para o mercado de trabalho, e se não tiver contactos privilegiados, tem bastante dificuldade em encontrar emprego. Há cursos superiores a mais ou oportunidades de emprego a menos?
LP – Não há desemprego só para a medicina veterinária. É uma situação transversal. O que acho que podemos fazer é criar mais oportunidades para os médicos veterinários. Oportunidades que têm vindo a ser perdidas e têm que ser reconquistadas.
VA – Que oportunidades são essas?
LP – Por exemplo, no âmbito da saúde pública ou na segurança alimentar. Não há outra profissão que faça a ligação desde a produção animal até ao consumo no caso dos produtos de origem animal, e nós não conseguimos passar essa mensagem para o mercado de trabalho. A maior parte da sociedade, na qual se inclui o poder político, já não entende o papel fundamental que o médico veterinário tem nestas valências. Aí vai ser papel da Ordem tentar comunicar ao nível da sociedade e do poder político para valorizar este tipo de profissões.
VA – E como vai a Ordem comunicar mais?
LP – Um dos nossos projectos e que vamos concretizar rapidamente, é termos a trabalhar connosco um gabinete de comunicação e imagem. Se temos que olhar para gestão de uma forma profissional, aqui coloca-se a mesma questão: para trabalharmos a imagem e comunicarmos o papel do médico veterinário vamos ter que trabalhar com especialistas. Esse gabinete ajudará a comunicar de forma mais correcta, mas as acções serão nossas. Temos que trabalhar para que o gabinete de comunicação tenha capacidade e material para poder transmitir. A outra parte da comunicação que acho também importante é com o poder político, que não tem sido fácil nos últimos anos. Quem está no Governo não tem dado valor à profissão do médico veterinário.
VA – O que faz falta para que isso aconteça?
LP – Faz falta mostrarmos aquilo que os veterinários fazem bem, que é muito. Quando nós não trabalhamos a mais-valia de ter os veterinários perante o poder de decisão, ninguém sabe o que fazemos. Para muitas pessoas o veterinário faz apenas clínica de pequenos animais. É muito importante, e tem um papel de relevo na sociedade e no seu poder emocional com as famílias. Mas não é só, e o poder político tem que ver na Ordem um parceiro principal em muitas questões.
VA – Já existem alguns contactos preliminares com entidades governamentais?
LP – Iremos em breve pedir uma audiência ao senhor ministro da Agricultura, mas isso só irá acontecer quando eu trabalhar bem os dossiers que quero apresentar. Mas quando falo de poder político não estou a falar só do Ministério da Agricultura, mas também do Ministério da Saúde e do Ministério da Economia, que são importantes para nós.
Também poderão existir situações a nível do parlamento. Poderá haver legislação que a nível da medicina veterinária tenha que sair e temos também que poder trabalhar muito perto dos grupos parlamentares para lhes explicar a nossa importância.
VA – Acha que a Ordem vai ter mais visibilidade na sociedade em geral por ter agora uma bastonária?
LP – Vai ter mais visibilidade pela diferença. Até hoje tivemos bastonários, numa profissão marcadamente masculina, e já não o é. Cerca de 53% dos médicos veterinários são mulheres. Mas aquilo que vai marcar a diferença é o trabalho. Nós vamos trabalhar. Não sei estar na vida de outra forma. Estou habituada a trabalhar e como vivo no meio empresarial estou habituada a apresentar resultados. Estou habituada a trabalhar com recursos escassos e pretendo gerar mais com o meu trabalho. E essa é a filosofia que vou imputar à Ordem.
Congresso OMV em Outubro
VA – A Ordem vai criar internamente o tal Gabinete de Relações Externas e Comunicação ou vai recorrer a agências de comunicação?
LP – Não vamos criar internamente. Vamos recorrer a profissionais. Vou arranjar forma de o fazer com as verbas que temos, sem aumentar quaisquer custos. Aliás, qualquer das propostas que vamos executar no primeiro semestre do mandato – gabinete de comunicação, gabinete jurídico, apoio aos mais jovens, e biblioteca online – prevejo fazê-lo sem qualquer aumento de custos
VA – E a formação gratuita anual que prevê no seu programa?
LP – Esse já é outro ponto e já estamos a tratar dela e irá ser concretizada.
VA – Como assegurar então a formação gratuita? A Ordem tem dinheiro para isso?
LP – Eu não preciso de dinheiro da Ordem para a formação gratuita, e nunca iria recorrer aos dinheiros da ordem para isso.
VA – E o Congresso da OMV será também gratuito?
LP – Sim.
VA – E como “chamar” os médicos veterinários ao Congresso? Veja-se o exemplo do Congresso do Hospital Montenegro, cuja última edição teve mais de 1.300 participantes.
LP – Isso deve-se ao facto de ter um colega que tem a tal filosofia empresarial, e que conhece as necessidades do meio. Nós temos que trabalhar, temos que nos esforçar. Nós podemos ter poucos recursos e fazer algo muito bom, com impacto para a classe. Já estou a organizar o Congresso da Ordem, de resto. Um Congresso que será abrangente para todos os colegas na sua área de actividade.
VA – Já começou a organizar?
LP – Já tenho o local, mas tenho que o garantir de forma gratuita.
VA – Pode revelar qual é?
LP – Por enquanto não. Tenho um local aqui na zona da Grande Lisboa, porque para ter um congresso gratuito será melhor ser aqui, por questões logísticas. Tenho noção de que quando coloquei no programa que o Congresso era gratuito, era para o fazer.
VA – E datas? Já existem?
LP – Em Outubro. Neste momento estamos a avaliar datas, porque não queremos que coincida com outros congressos importantes a nível internacional. Nós hoje não podemos pensar só a nível nacional. Temos que olhar para nós inseridos na Europa e no mundo. De resto, é também nosso objectivo, e esperamos concretizar, a realização da Semana do Animal de Estimação em Junho.
Utopia é de quem não quer tentar
VA – Alguns médicos veterinários dizem que o programa é bom mas também utópico. Conseguirá realizar todas as medidas a que se propõe?
LP – Para mim a expressão de que «não se consegue fazer» é de quem não tenta fazer. Dizer que é utópico é de quem não quer tentar. Para mim a noção de que «é impossível de ser feito» não existe e no meu percurso pessoal existiram sempre vozes a dizer que era impossível. Quando há 15 anos atrás determinei-me a certificar, pela primeira vez, uma empresa de carnes em Portugal – a primeira na Península Ibérica – a grande parte das pessoas dizia que era impossível. E não foi. Foi certificada.
VA – Acha que existem demasiados Velhos do Restelo?
LP – Eu não diria isso. Eu acho é que, a dado momento na nossa classe, onde se calhar até Agosto me inclui, houve um desacreditar, um desmotivar, um desunir. E é difícil quando perdermos a nossa motivação. Acho que é justificável os colegas se sentirem dessa forma. Eu própria me sentia assim. Achei é que poderia fazer parte do grupo daqueles que vai arregaçar as mangas e trabalhar. A frase não é minha, mas um dos administradores de uma das empresas onde trabalhei disse-me que só há dois tipos de pessoas: os que vão à frente a fazer coisas e os que vão atrás a dizer mal. Eu pergunto aos colegas: em que grupo é que querem estar hoje? Eu sei em que grupo estou. Espero que os colegas vão buscar a chama da medicina veterinária que está no seu coração e que acreditem, porque esta nova direcção precisa que os colegas acreditem. Nós não vamos trabalhar sozinhos. Precisamos de todos. Acho que não há Velhos do Restelo. Há pessoas desencantadas. Mas acho que se vão encantar novamente.
VA – No seu programa defende a revisão dos estatutos e do código deontológico. O anterior bastonário afirmava à nossa revista, em Junho de 2009, que estava entregue um projecto de revisão no gabinete do ministro da Agricultura…
LP – Ainda não tiver acesso a esses documentos. Aquilo que sei é que tudo que estiver no ministério estará desactualizado. Esta Ordem nunca foi recebida com grande periodicidade pelo anterior ministro da Agricultura, e esperamos que o actual ministro nos receba. Mas neste momento os documentos que estarão em seu poder não são os documentos adequados à situação de hoje.
VA – Acha que existe uma diferença de postura entre o anterior ministro e o actual?
LP – Eu espero que haja. Posso dizer que tenho esperança neste ministro da Agricultura. Tenho esperança só olhando para o perfil dele. Um homem que percebe de gestão, um homem que também está ligado à vida académica, mas que sabe ligar os dois mundos, que juntos são o potencial de uma nação. Tenho sérias expectativas positivas em relação ao trabalho que penso desenvolver com o senhor ministro da Agricultura.
VA – Que Regime Voluntário de Qualificações para a Progressão da Carreira é este que proponha no programa? E que ligação tem com a criação de novos Colégios de Especialidades?
LP – No programa da lista fomos claros de não tornar a formação obrigatória para a renovação da carteira profissional, mas sim motivar os colegas a fazer uma formação. A Ordem irá providenciar acções gratuitas que serão, essencialmente, de dois tipos: para os mais novos, em que se pretende melhorar e aumentar a qualidade do seu saber; e para aqueles que estão na profissão há mais tempo e fazer uma formação state of the art.
Ao dizermos que a formação não é obrigatória, achamos que quem se forma deve ter uma distinção. E iremos reconhecer isso com Colégios de Especialidade, num modelo que não é inventado, mas adaptado a partir do Royal College of Veterinary Surgeons. A associação inglesa tem um mecanismo próprio de distinguir os seus membros consoante as áreas em que eles trabalham, e dentro dessas áreas haver especialidades específicas: dermatologia, cardiologia ou endocrinologia, por exemplo. Portanto, segmentar aquilo que no mercado pode ser um potencial para os colegas. Toda esta especialização só faz sentido se houver um retorno para a classe.
VA – E o gabinete de apoio jurídico? Em que consistirá e que plano de acção prevê que tenha?
LP – Espero que esteja criado muito rapidamente. Não costumo demorar tempo a fazer coisas que já deviam estar prontas há muito tempo. O gabinete jurídico vai dar apoio aos colegas em vários sentidos. Em questões como as contratações, os contractos de aluguer de uma clínica, como responder a clientes mais difíceis que possam criar problemas, etc. E aos mais jovens este gabinete poderá ajudar quando forem contratados e não tenham ninguém que possa dar uma indicação de como é o contrato com uma determinada empresa, por exemplo. Vou conseguir fazer isso com o dinheiro que já se gasta actualmente e penso que ainda conseguirei poupar. Poupar para investir também noutras áreas onde seja necessário.
VA – O que é o “Projecto Confiança no Futuro”?
LP – Já é todo este conjunto de medidas, mas mais pormenorizadamente é o nome do projecto apropriado aos jovens. É dar-lhes a segurança que os jovens recém-graduados precisam de ter. Que esta casa está aqui para os ajudar nas dificuldades que possam ter nos primeiros anos de carreira, que são os mais difíceis de inserção no mercado. Aquilo que nos propomos atingir agora é a confiança da classe. A Ordem está aqui para servir a classe e vice-versa. Porque os colegas também têm que se envolver, ajudar, colaborar. E colaborar passa, por exemplo, pelo pagamento de quotas. As quotas que se pagam a esta casa, se fizermos as coisas por alto, não custam mais do que um café por dia. Vamos é encontrar forma de motivar as pessoas para que saibam que este dinheiro corresponde a um retorno da parte da Ordem. O projecto de confiança do programa destinava-se aos jovens, mas a confiança é para os colegas na sua totalidade. E não quero olhar para trás de uma forma negativa. Vamos aprender com aquilo que não achamos correcto para conseguirmos fazer melhor.
VA – É também a directora da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias. Não teme que seja vista como uma defensora dos interesses privados na formação?
LP – Não, porque teria que incluir também os interesses dos industriais das carnes [Laurentina Pedroso é também directora executiva da Associação Portuguesa dos Industriais de Carnes]. Eu quando assumi este desafio, que é uma missão, decidi com a consciência que tenho em tudo o que faço na vida, com ética, rigor, transparência. No discurso da tomada de posse salientei que a transparência é muito importante. E a transparência na responsabilidade que assumi, nas medidas que vou tomar, nos meios que vamos utilizar e é a transparência na prestação de contas aos colegas.
VA – Como vai ser o seu dia-a-dia daqui para frente, com mais este cargo?
LP – Vai ser como é habitualmente. De muito trabalho, muita dedicação. Muitos colegas consideram este programa ambicioso. Vou tentar ultrapassar as expectativas que os colegas possam ter.
VA – Ainda é muito cedo, mas em 2013 vamos assistir à tomada de posse para seu segundo mandato?
LP – Ainda é cedo. Gosto de programar a minha vida com uma estratégia futura. Daqui a uns anos gostaria de estar onde a minha motivação me leve a trabalhar para algo que não seja só do meu interesse, mas do interesse de outros. Agora a minha missão é a defesa dos interesses dos médicos veterinários portugueses. É aquilo que eu quero que aconteça.
VA – Quem é Laurentina Pedroso?
LP – Alguém que vive com paixão, ciente de que amanhã podemos sempre fazer melhor do que hoje. Alguém que quando abraça um papel, uma missão, o interioriza em cada célula do seu corpo como um dever e, portanto, um dever que não é movido pela obrigatoriedade, mas pela paixão. Acho que isso é que me tem distinguido nos trabalhos que tenho feito.
Gostaria ainda de acrescentar o seguinte: quero que os médicos veterinários portugueses contem com a Ordem. A OMV estará aqui para e precisando deles. Que cada um procure dentro de si a chama da paixão de querer ajudar esta equipa, porque vamos precisar de ajudar para construir o bem maior para todos.