A semelhança que se verifica entre a doença dos felinos e dos humanos tornou estes animais «num bom modelo para investigação humana», contou à “Lusa” o geneticista Agostinho Antunes, um dos cientistas do estudo que sequenciou o genoma do gato.
«A progressão da doença que aparece no gato doméstico é um bocadinho distinta dos humanos, mas os sintomas são semelhantes, com uma degeneração progressiva do sistema imunitário», explicou o responsável.
Neste âmbito, compreender de que forma estes animais conseguiram encontrar estratégias biológicas para sobreviver ao ataque do vírus é fundamental, salienta Agostinho Antunes.
70% dos gatos de rua podem estar infectados
O desconhecimento da doença leva a que alguns proprietários abandonem os animais, apesar do VIF não ser transmissível aos humanos. «Não há capacidade de o vírus infectar pessoas», relembrou a médica veterinária Maria João Pereira, do Hospital Veterinário de Trás-os-Montes. O vírus transmite-se através de arranhadelas, dentadas, contacto sexual e de mãe para filho, acrescentou.
O frequente abandono dos animais, motivado pelo vírus da sida nos felinos, levou mesmo a European Advisory Board on Cat Diseases a publicar, no passado mês de Março, as primeiras directrizes europeias sobre a doença, recomendando que os gatos não devem ser abatidos.
Mesmo não havendo estudos que revelem a prevalência da doença nos gatos em Portugal, Célia Palma, da Liga Portuguesa dos Direitos dos Animais, estima que «cerca de 70% dos gatos de rua poderão estar infectados».