Este é um dos grandes desafios da dermatologia veterinária e que vai estar em discussão no Vet Summit, o evento organizado pela VETERINÁRIA ATUAL no próximo dia 24 de maio. Falámos com alguns profissionais que trabalham diariamente em dermatologia veterinária sobre os desafios nesta área, desde as guidelines para um correto diagnóstico aos tratamentos que por vezes se arrastam por vários meses e que levam à frustração nos veterinários e ao desespero nos donos.
Estará a classe veterinária preparada para usar alternativas ao uso de antibióticos, principalmente na área da dermatologia veterinária? Na opinião da médica veterinária Ana Mafalda Lourenço não. “Penso que uma boa parte da classe ainda não está devidamente preparada e não me refiro apenas a nível nacional. No entanto, tenho assistido a algum debate sobre esta temática, o que me parece refletir uma crescente sensibilidade para o assunto. Se assim for estão criadas as condições para que se possa discutir e educar mentalidades. Reconhecer e enfrentar um problema é o primeiro passo na busca de uma solução”, defende a também docente responsável pelo serviço de Dermatologia / Imunoalergologia da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Lisboa (FMV-UL).
O uso generalizado de antibióticos representa, a seu ver, “uma grande tentação na prática clínica, surgindo ainda muitas vezes a sua utilização injustificada”. Na área da dermatologia propriamente dita, “acontece frequentemente serem realizados diagnósticos de infeção bacteriana cutânea ou otológica sem recurso à citologia, por vezes, passando logo para a cultura bacteriana e testes de suscetibilidade aos antibióticos ou à utilização terapêutica direta de antibióticos. Corremos assim o risco de usar um antibiótico desnecessariamente e ter, por exemplo, uma infeção por Malassezia. Todos nós estamos sujeitos a errar nos nossos palpites, por isso não me parece prudente realizar uma antibioterapia sem que esteja devidamente fundamentada. As implicações da crescente prevalência de infeções resistentes são enormes, quer do ponto de vista da saúde animal, quer da saúde humana. É mesmo uma questão ‘One health’”, esclarece a médica veterinária.
O tema vai estar em destaque na abertura do Vet Summit, o evento organizado pela Veterinária Atual e que decorre já próximo dia 24 de maio, no Hotel Lagoas Park, em Oeiras. Subordinado ao tema ‘Dermatologia, Comportamento e Nutrição: What’s new’, o dia será marcado por palestras, mesas redondas e apresentações de trabalhos científicos.
Haverá ainda espaço para debater alguns dos temas que mais preocupam a classe veterinária em geral, como é o caso da resistência aos antibióticos. “É um dos temas que mais nos preocupa atualmente, e que afeta não só os animais, mas que também pode comprometer gravemente a saúde pública. É nossa obrigação, como profissionais, fazermos um correto uso desses antibióticos”, explica Carolina Mesquita, médica veterinária diplomada em Dermatologia pela European School of Advanced Veterinary Studies (ESAVS) e responsável pela PeloVet, que se dedica exclusivamente à dermatologia veterinária.