No ano em que se comemora o Ano Internacional do Som, a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) lança o projeto LIFE4BEST Seabird Macaronesian Sound. Os investigadores vão usar os sons produzidos pelas aves marinhas para determinar quantas são e onde estão nos arquipélagos dos Açores e da Madeira.
O projeto, coordenado pela SPEA e financiado pelo programa LIFE da União Europeia, tem como objetivo fazer um ponto de situação das populações de roque-de-castro (conhecido como painho-da-madeira nos Açores), painho-de-monteiro (endémico dos Açores), pardela-do-atlântico (conhecida como estapagado nos Açores e patagarro na Madeira) e frulho (ou pintainho, na Madeira). A informação recolhida será essencial para definir planos de ação para a conservação destas espécies nos arquipélagos dos Açores e da Madeira.
“Estas aves muitas vezes fazem colónias em escarpas inacessíveis, onde dificilmente conseguimos contá-las,” explica Cátia Gouveia, coordenadora da SPEA Madeira.
“Mas o som de um painho ouve-se a 200 m, e o de um estapagado ou de um frulho a 700 m. Gravando os sons, um investigador experiente consegue estimar quantas aves estão numa colónia, sem as perturbar”, acrescenta.
Os investigadores da SPEA pretendem recorrer a amplificadores de som e gravadores para registar as vocalizações das aves marinhas. Desta maneira será possível verificar que espécies estão presentes e, com base na frequência dessas vocalizações, fazer estimativas do número de aves na colónia.
Para conseguir contar aves pelo som, é necessário treino e experiência, pelo que o Seabirds Macaronesian Sound tem também uma forte componente de capacitação e formação, para que mais técnicos e investigadores fiquem aptos a conduzir este tipo de contagem.
“Este método foi utilizado pelo investigador Luís Monteiro nos anos 1990 para fazer as únicas estimativas que existem para estas espécies nos Açores”, diz Azucena Martin, coordenadora da SPEA Açores.
“Ao repetir a metodologia, conseguimos atualizar essa informação, para continuar a sua missão de conservar as aves marinhas”, conclui.
Na Madeira, os investigadores esperam obter novos dados relativos às populações de aves marinhas menos comuns. O projeto contribuirá com dados valiosos para o desenvolvimento de planos de ação para a conservação destas espécies e para informar diretivas europeias como a Diretiva Aves e Diretiva Quadro de Estratégia Marinha.
O progresso do projeto pode ser acompanhado no grupo de Facebook Aves Marinhas da Macaronésia.