Os animais de companhia que vivem em áreas urbanas estão expostos a contaminantes ambientais, que podem incluir microplásticos, revela uma investigação da Universidade de Aveiro e do Porto.
De acordo com o portal Animalshealth, estes investigadores realizaram um estudo preliminar que recolheu amostras post-mortem de tecido interno (pulmões, íleo, fígado, rim e coágulos sanguíneos) de 25 cães e 24 gatos que viviam num ambiente urbano na Área Metropolitana do Porto.
O estudo indica que foram encontrados microplásticos suspeitos em 80 amostras de 35 animais (18 gatos e 17 cães), muitas vezes em mais de um tecido do mesmo animal (71,4%), principalmente em tamanhos pequenos (50,3% de 1 a 10 μm). Os microplásticos foram detetados em 22 rins, 19 pulmões, 17 amostras de íleo e 14 de fígado. Foram também detetados em oito de 46 amostras de coágulos sanguíneos, possivelmente devido à dinâmica do fluxo sanguíneo, formação de coágulos e distribuição de partículas.
“Como cidade europeia de média dimensão, o Porto é um ambiente urbano com uma elevada densidade de pressões antropogénicas, o que pode levar à exposição a microplásticos”, referem os investigadores, salientando que a exposição também poderia ter ocorrido através da ingestão de alimentos contaminados, bem como da ingestão ou mastigação de materiais plásticos.
Por fim salientam que o número de partículas encontradas nas amostras de animais era muito baixo e que ainda não foram desenvolvidos métodos analíticos para melhorar a caracterização e quantificação de frações de microplásticos menores. Além disso, destacam que o seu estudo sugere que os microplásticos podem ser internalizados e distribuídos nos tecidos internos dos vertebrados terrestres.