Um estudo desenvolveu e validou uma nova técnica de ensaio para medir a resposta imunitária de cães infetados por Leishmania infantum.
Esta metodologia, conhecida como WBA-T (Whole Blood Assay in Tubes), tem vindo a desmarcar-se como uma ferramenta eficaz, rápida e económica para monitorizar a liberação de interferon-gama (IFN-γ), um marcador fundamental no combate à leishmaniose.
O ensaio foi comparado com uma versão padronizada mais complexa (WBA-S) e, embora não tenham sido encontradas diferenças estatisticamente significativas entre os dois métodos em termos de produção de IFN-γ após 24, 48 e 72 horas de incubação, os resultados mais favoráveis foram obtidos no WBA-T após 48 horas.
A descoberta reforça a utilidade desta prática para uma avaliação imunológica em ambientes clínicos, uma vez que períodos de incubação mais longos não proporcionam benefícios adicionais e podem comprometer a viabilidade celular, explicam os investigadores.
Os cientistas também frisaram que, em estudos anteriores em humanos com leishmaniose, indicaram que um período de incubação de 24 horas foi suficiente para detetar níveis de IFN-γ. Porém, os resultados deste trabalho sugerem que em cães, 48 horas permitem uma maior ativação dos linfócitos e, portanto, uma produção mais robusta desta citocina.
Apesar das vantagens do WBA-T, o estudo também mostrou que a sua sensibilidade pode depender de fatores como a saúde ou a idade dos animais, por exemplo, em cães gravemente doentes que não produzem IFN-γ, foram detetados níveis baixos desta citocina após estimulação com antígeno solúvel de Leishmania infantum, o que pode ser atribuído a limitações do ensaio ou a características específicas do grupo estudado.
Além disso, a resposta imune foi comparada por estimulação com ConA, um controlo positivo que induziu consistentemente altos níveis de IFN-γ em todas as fases clínicas da infeção. Nesse contexto, o WBA-S apresentou níveis mais elevados de citocinas, possivelmente pela presença de nutrientes no seu meio de cultura, que não estão disponíveis no WBA-T.
“O método WBA-T, por ser simples e fácil de implementar, surge como uma solução ideal para laboratórios mais básicos. Isto porque a sua rapidez e custo reduzido podem facilitar a monitorização imunológica de Leishmania infantum em cães, contribuindo não só para o diagnóstico precoce, mas também para a monitorização de tratamentos e o desenvolvimento de novas vacinas ou terapias”, realçam os investigadores.