Uma equipa de investigadores norte americana anunciou, recentemente, a descoberta de um tratamento contra o Haemonchus contortus, um parasita intestinal que afeta, particularmente, os animais ruminantes e com consequências, por vezes, letais. A doença é sobretudo prejudicial em ovelhas, causando anemia, perda de peso, diminuição da produção de carne e lã, problemas de fertilidade e morte.
A investigação, desenvolvida pela Universidade de Massachusetts e pelo Instituto Politécnico e Universidade Estadual da Virgínia, contou com o apoio do Serviço de Investigação Agrícola do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos.
Para Raffi Aroian, investigador e microbiologista da Universidade de Massachusetts, os resultados do estudo são “de uma enorme importância para a prevenção de problemas em pequenos ruminantes”. Por sua vez, Joe Urban, investivestigador, sublinha que, após décadas de trabalho na luta contra os parasitas, “finalmente avançaram nesse aspeto”.
De acordo com os investigadores, o Haemonchus contortus desenvolveu resistência a praticamente todos os fármacos antiparasitários conhecidos, o que explica o interesse neste novo tratamento que utiliza um modo de ação diferente, através da bactéria Bacillus thuringiensis.
Neste estudo, os investigadores descobriram que o uso de uma proteína cristalina do Bacillus thuringiensis, chamada Cry5B, mata os parasitas em pequenos ruminantes. O Cry5B é mais eficaz na forma paraprobiótica, o que significa que as bactérias vivas são inativadas, mas os seus cristais são preservados.
Nos primeiros testes, as ovelhas infetadas que foram tratadas com o paraprobiótico registaram uma redução de 90% na contagem de ovos fecais, uma redução de 73% na carga de parasitas e uma redução de 96% no número de parasitas fêmeas.
Apesar dos resultados promissores, os cientistas alertam que poderá demorar ainda algum tempo até que um produto comercial possa ser desenvolvido com base nesta investigação. Por enquanto, os estudos de validação foram concluídos, mas o novo tratamento ainda não passou por estudos pré-clínicos, testes clínicos e aprovação do US Food and Drug Administration (FDA).
De acordo com os investigadores, este trabalho poderá também ajudar a combater parasitas em outros animais, uma vez que os primeiros testes realizados em cavalos, porcos e outros animais foram bem-sucedidos.