Depois de, na semana passada, ter sido confirmado um caso de gripe aviária por vírus influenza A do subtipo H5N8 (de alta patogenicidade) numa garça-real (Ardea cinerea) no Algarve, a VETERINÁRIA ATUAL falou com a DGAV e com a ANCAVE que asseguram que não há qualquer motivo para alarme, salientando, todavia, que foram reforçados os meios de prevenção.
“O setor está tranquilo e a seguir o que é habitual ao nível de biossegurança e de procedimentos preventivos, embora haja um maior controlo sobre as aves, prestando diariamente atenção a qualquer sinal clínico”, garante Manuel Lima, secretário-geral da Associação Nacional dos Centros de Abate e Indústrias Transformadoras de Carne de Aves (ANCAVE), salientando que “no Algarve não há avicultura, nem produção, nem matadouros”.
O responsável refere ainda à VETERINÁRIA ATUAL que “é normal haver focos de gripe aviária na Europa, devido às rotas de migração as aves silvestres, mas Portugal, como fica for destas rotas, tem passado praticamente incólume, tirando alguns casos pontuais, como o que agora foi detetado. Por isso, as empresas já estão habituadas a, sensivelmente, a partir de outubro, reforçar as suas medidas de segurança e prevenção”.
A Direção-Geral da Alimentação e Veterinária (DGAV) confirma-nos que não há avicultura na região algarvia, adiantando que “todas as medidas tomadas foram-no apenas de forma preventiva”. Já em dezembro aquela entidade tinha anunciado medidas preventivas contra a gripe aviária devido a vários focos de Gripe Aviária de Alta Patogenicidade (GAAP), um subtipo H5N8 em aves selvagens e domésticas que foram detetados em Estados-Membros da União Europeia.
De acordo com a DGAV, até 28 de outubro já haviam ocorrido 32 focos em aves domésticas na Alemanha, Áustria, Dinamarca, Holanda, Hungria e Suécia, e 130 notificações em aves selvagens, abrangendo um total de 707 aves afetadas, na Alemanha, Áustria, Croácia, Dinamarca, Finlândia, França, Holanda, Hungria, Suécia, Suíça, Polónia e Roménia.
Nesse sentido, a entidade solicitava às autoridades, caçadores, transportadores, médicos veterinários, biólogos e a todos os que lidam com aves selvagens que implementem as seguintes medidas de biossegurança:
– Evitar a introdução do vírus da Gripe Aviária nas explorações avícolas através do vestuário, calçado, viaturas e equipamento contaminado;
– Não alimentar os animais domésticos (cão, gato, etc.) com restos de aves selvagens;
– Lavar as mãos e se possível utilizar desinfetante após o contato com aves selvagens;
– Não abandonar os subprodutos das aves selvagens decorrentes da caça mas sim proceder ao enterramento ou ao adequado encaminhamento e destruição desses subprodutos.
Prevenção e controlo mais apertados
Agora, depois da confirmação deste caso, a DGAV emitiu um Aviso onde avança com medidas de prevenção mais apertadas a entrar em vigor nas zonas consideradas de risco (destacadas no Mapa que publicamos e identificadas pormenorizadamente no Anexo ao Aviso, disponível no link acima).
Assim, nas zonas de maior risco para a gripe aviária são proibidas as concentrações de aves de capoeira e de outras aves em mercados, espetáculos, exposições e eventos culturais nos quais se utilizem aves, incluindo soltas de pombos. Salienta-se que a DGAV permite algumas exceções a esta medida, sob autorização especial, depois de avaliação de risco favorável pelos médicos veterinários municipais ou médicos veterinários dos serviços de Alimentação e Veterinária das regiões.
Nas zonas de maior risco para a gripe aviária é também proibido o uso de aves das ordens Anseriformes e Charadríiformes como negaças durante a caça.
Nas explorações avícolas localizadas nas zonas de maior risco para a gripe aviária é igualmente proibida a manutenção de aves de capoeira ao ar livre e fonte da DGAV diz-nos que os técnicos estão no terreno para informar os proprietários e confirmar que esta proibição está a ser cumprida.
Em relação a esta proibição, com exceção da zona de risco da região do Algarve, aquela entidade pode autorizar a manutenção de aves de capoeira ao ar livre, quando as explorações avícolas possuam condições que permitam assegurar que as aves apenas são alimentadas e abeberadas no interior ou sob abrigos suficientemente dissuasores de aves selvagens e que impeçam estas últimas de pousar ou de entrar em contacto com os alimentos ou a água destinados às aves de capoeira.
Nas explorações avícolas localizadas nas zonas de maior risco para a gripe aviária, os reservatórios de água exteriores, necessários a determinadas aves de capoeira por motivos de bem-estar animal, devem estar suficientemente protegidos contra as aves selvagens e as aves de capoeira não podem ser abeberadas com água proveniente de reservatórios de águas superficiais aos quais tenham acesso as aves selvagens, a menos que essa água seja tratada para assegurar a inativação do vírus.
A DGAV sublinha ainda que devem continuar a ser observadas todas as medidas de biossegurança, já divulgadas, tendentes a reduzir o risco de introdução ou de propagação da doença nos efetivos avícolas.
Por último, determina que as freguesias de Almancil e Montenegro são consideradas zona de restrição, sendo proibidas as movimentações de aves por um período de 21 dias, sem autorização da DGAV, sendo ali aplicada vigilância clínica a todas as explorações comerciais, de detenção caseira e de aves em cativeiro com eventual colheita de amostras.