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Animais de produção

Estudo revela que as vacas podem estar no centro de uma nova pandemia

Estudo revela que as vacas podem estar no centro de uma nova pandemia iStock

Um novo estudo concluiu que as vacas têm o mesmo tipo de recetores para vírus que as aves e os humanos, permitindo que possam ser hospedeiras de vírus que evoluem para estirpes híbridas capazes de infetar tanto aves como humanos e dar início a uma nova pandemia.

No início de março, a veterinária de animais de produção do Texas, nos Estados Unidos da América (EUA), Barb Petersen, começou a receber queixas de algumas explorações leiteiras devido a algumas vacas apresentarem sintomas de mastite.

 

A veterinária analisou diversas amostras de animais doentes e mortos e enviou também algumas amostras para um laboratório veterinário do Texas, tendo sido descobertas cargas do vírus da gripe H5N1.

A descoberta levou a que a indústria dos laticínios e as autoridades de saúde pública de todo o mundo ficassem em alerta, concluindo que, uma das primeiras perguntas a que era necessário dar resposta era como é que o vírus estava a infetar as vacas.

 

Investigadores dos EUA e da Dinamarca publicaram um estudo de pré-impressão, que mostrou que as vacas têm os mesmos recetores para os vírus da gripe que os humanos e as aves, levando os cientistas a antecipar que as vacas possam vir a ser hospedeiros que ajudam o vírus a aprender a propagar-se melhor entre as pessoas e a colocar o mundo a enfrentar novamente outra pandemia.

O H5N1 ou gripe aviária altamente patogénica esteve maioritariamente restringido à população de aves, mas começou recentemente a infetar um número crescente de mamíferos, sugerindo que o vírus pode estar a evoluir, adaptando-se e possivelmente tornando-se num agente patogénico humano.

 

Segundo o Departamento de Agricultura dos EUA, desde o final de março, foram detetadas 42 manadas infetadas em nove estados, com apenas uma pessoa a ser infetada pelo vírus após contato com vacas infetadas. O Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos EUA afirmou que o risco atual para a saúde pública é baixo, embora admitam estar a trabalhar para monitorizar as pessoas expostas a animais infetados.

“A descoberta no gado tem sido muito diferente”, afirmou Lars Larsen, professor de microbiologia clínica veterinária na Universidade de Copenhaga, na Dinamarca. Nos mamíferos, a gripe infeta normalmente os pulmões. Nos gatos, também pode infetar o cérebro. “Aqui vemos uma enorme quantidade de vírus na mama e no leite”, disse Larsen.

 

O professor universitário referiu que a concentração de vírus H5N1 no leite de vacas infetadas é mil vezes maior do que a observada normalmente em aves infetadas.

Sabe-se que os porcos também são infetados com o vírus da gripe aviária, tendo estes vindo a ser monitorizados para detetar sinais de infeção, no entanto, as vacas não estavam no radar como potenciais hospedeiros.

Os cientistas acreditam que a pandemia de 2009, causada pela gripe H1N1 tenha tido início em porcos na região do México, quando o vírus se modificou de forma a conseguir se espalhar rapidamente entre as pessoas.

Os investigadores também explicam que, se um vírus da gripe das aves se altera de forma a poder conectar-se mais facilmente aos recetores de ácido siálico (molécula de açúcares que permite a entrada do vírus nas células) do tipo humano nas vacas, ganharia vantagens de sobrevivência, nomeadamente a capacidade de infetar mais células e mais espécies de animais, como os humanos.

 

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