Segundo um estudo da Association for Pet Obesity Prevention (APOP), referente a 2024, os tutores reconhecem cada vez mais o excesso de peso nos seus animais de companhia.
O relatório, baseado nas respostas de 581 pessoas — incluindo 322 tutores nos Estados Unidos da América (EUA) e 134 profissionais de medicina veterinária — traça um retrato da perceção sobre o peso corporal de cães e gatos, bem como dos desafios relacionados com a comunicação clínica e a educação nutricional.
Um dos dados mais relevantes do estudo é a diminuição do número de tutores que consideram os seus animais com um peso ideal. Em 2024, 55% dos tutores de gatos e 51% dos de cães indicaram que os seus animais tinham uma condição corporal adequada, valores que contrastam com os 57% e 66%, respetivamente, registados em 2023.
Em paralelo, aumentou a percentagem de tutores que reconhecem que os seus animais têm excesso de peso ou obesidade: 33% no caso dos gatos (mais cinco pontos percentuais face ao ano anterior) e 35% nos cães, praticamente o dobro dos 17% registados em 2023.
Apesar de uma maior consciencialização sobre o problema, o conhecimento de ferramentas básicas de avaliação — como a Escala de Condição Corporal (Body Condition Score ou BCS) — continua a ser reduzido.
Neste sentido, apenas 45% dos tutores de cães e 40% dos de gatos referiram conhecer a BCS, com muitos a afirmarem que não se recordam se o médico veterinário alguma vez forneceu-lhes essa informação. De facto, apenas 27% dos tutores de cães e 19% dos de gatos asseguraram ter recebido essa avaliação por parte do seu veterinário, com mais de metade declarou nunca a ter recebido.
No que respeita à comunicação clínica, a maioria dos tutores afirmou estar recetiva a discutir o peso dos seus animais. Cerca de 69% indicou não se sentir desconfortável caso um profissional veterinário mencionasse que o seu animal precisava de perder peso. Apenas 12% admitiu sentir-se desconfortável ou envergonhado com este tipo de conversa, e 17% afirmou que o seu animal nunca necessitou de emagrecer.
De acordo com o estudo, a confiança nos profissionais do setor mantém-se elevada: 86% dos tutores acreditam que o seu veterinário se sente confortável a abordar o tema da obesidade. No entanto, entre os próprios veterinários, apenas 60% dizem sentir-se sempre à vontade para discutir o tema. Outros 38% responderam que “depende do caso” e 1% confessou nunca se sentir confortável a falar sobre este assunto.
Um dos fatores que dificulta esta comunicação é a diferença na linguagem utilizada para descrever a obesidade. Enquanto os profissionais recorrem a termos como “obeso”, “com excesso de peso” ou expressões mais suaves como “gordinho”, muitos tutores relatam ouvir palavras como “forte” ou “bem alimentado”, que podem disfarçar a gravidade da condição clínica. Esta imprecisão na linguagem pode, segundo a APOP, dificultar tanto a compreensão do problema como a urgência da sua resolução.
Embora 62% dos tutores de cães e 53% dos de gatos tenham tentado ajudar os seus animais a perder peso, o recurso a dietas terapêuticas — prescritas por profissionais — continua a ser relativamente baixo. Apenas 16% dos tutores de cães e 25% dos de gatos disseram ter experimentado este tipo de alimentação.
Quando questionados sobre a possibilidade de utilizar medicamentos para perda de peso, cerca de um terço mostrou-se recetivo, desde que fossem seguros, eficazes e acessíveis. Concretamente, 34% dos tutores de cães e 36% dos de gatos manifestaram abertura a essa hipótese, embora uma percentagem semelhante tenha dito ainda não ter decidido.
Além disso, 96% dos tutores afirmou que os seus animais foram observados por um veterinário nos últimos dois anos, o que revela um bom nível de acesso aos cuidados de saúde animal.