No ano de 2023, a Quercus registou 1349 entradas de animais nos três Centros de Recuperação de Animais Selvagens (CRAS), dos quais 1261 ingressaram vivos e 497 foram devolvidos ao seu habitat natural, de acordo com o comunicado enviado às redações.
A aves representaram 87% das entradas, seguidas pelos mamíferos (12%) e, por fim, pelos anfíbios e répteis (1%).
A maior afluência aconteceu no mês de junho, com a entrada de 315 novos animais (23%), segundo a Organização, “esta é uma tendência normal nos CRAS portugueses, visto verificar-se um aumento da presença de aves migratórias que vêm reproduzir-se no nosso país, incluindo também o nascimento e a dispersão de crias”.
38% dos animais que deram entrada nos Centros foram entregues pelo Serviço de Proteção da Natureza e Ambiente (SEPNA) da Guarda Nacional Republicana (GNR). Já 28% foram entregues pelo Instituto de Conservação da Natureza e da Floresta (ICNF), através de Vigilantes da Natureza ou outros técnicos.
“A estreita relação com as autoridades, garantindo a sua formação e sensibilização, é essencial para o bom funcionamento da RNCRF, promovendo o resgate de forma correta e atempada, melhorando as hipóteses de sobrevivência dos animais”, refere a Organização em comunicado.
As causas de entrada mais frequentes foram a queda do ninho ou órfão (n=408; 30%) ou um traumatismo de origem desconhecida (n=288; 21%).
No que diz respeito às entradas por origem antropogénica está a perseguição direta seja por tiro (2%; n=25), envenenamento (0,2%; n=3) ou cativeiro (5%; n=63), “apesar de ilegais, continuam a ocorrer recorrentemente”, avança a Quercus.
Verificam-se causas por interações antropogénicas indiretas, associadas a interações com infraestruturas humanas (estradas, linhas elétricas, vedações/arame farpado) e até poluição (por exemplo, anzóis). Já as entradas causadas por ataque de animal, foram maioritariamente por ataque de animais domésticos (na sua maioria gatos, mas também por cães), um fator também associado à atividade humana.
“Ao longo dos últimos anos, a tendência verificada tem sido do aumento do número de ingressos”, diz a Organização. E adianta: “o aumento tendencial anual pode explicar-se devido a uma maior sensibilidade da população e das autoridades para este tema; ao aumento da visibilidade dos CRAS a nível nacional através da aposta na divulgação online, além de um horário de receção 4/4 de animais mais alargado e maior consistência no trabalho realizado”.
A Quercus gere três Centros de Recuperação de Animais Selvagens: o Centro de Estudos e Recuperação de Animais Selvagens (CERAS), em Castelo Branco, o Centro de Recuperação de Animais Selvagens de Montejunto (CRASM), no Cadaval e o Centro de Recuperação de Animais Selvagens de Santo André (CRASSA), no Litoral Alentejano.
Os Centros estão integrados na Rede Nacional de Centros de Recuperação para a Fauna (RNCRF) gerida pelo ICNF, e têm como objetivo de receber, tratar e devolver ao seu habitat, animais selvagens debilitados, feridos ou órfãos, de espécies da nossa fauna autóctone.