Quantcast
 

VIH/sida: Pagamentos a associações saldados

O pagamento dos subsídios em atraso a organizações com projectos nesta área do VIH/sida já foi saldado, mas os seis meses que estas entidades estiveram sem receber da Coordenação Nacional para a Infecção VIH/sida levaram à saída de vários técnicos em duas associações, noticiou ontem o “Diário Digital”.

A presidente da Liga Portuguesa Contra a Sida, Maria Eugénia Saraiva, lamentou que o «estrangulamento financeiro» sentido durante aquele período tenha levado «vários técnicos que eram uma mais-valia a sair por não poderem continuar sem receber». «Compreendo o desânimo, o agastamento, a frustração de não saberem como é que a situação iria continuar e por terem contas para pagar como toda a gente. Qualquer pessoa que trabalha com qualidade merece o seu vencimento», comentou, em declarações à “Lusa”.
Segundo a responsável, a Liga contou com o apoio de «mecenas e sócios» para que os utentes continuassem sem pagar consultas.
Vários apoios também permitiram à Abraço continuar a assegurar «algumas áreas mais complicadas como os apoios domiciliários» mas, mesmo assim, dois técnicos tiveram de abandonar a associação. A sua presidente, Margarida Martins, diz que começou a estabelecer contacto com a tutela em Novembro para acautelar a situação, porque a lei «pode ser alterada, mas não se podem pôr em causa os doentes», frisou.
Já a Fundação Portuguesa à Comunidade Contra a Sida continua sem receber, situação justificada pela necessidade de apresentar uma rectificação de uma acta de uma reunião. Segundo a presidente do organismo, Filomena Frazão, o estatuto de fundação não possibilitou o recurso a empréstimos mas, tal como aconteceu com as outras associações, contou também com apoio dos mecenas.
Ricardo Fernandes, responsável da Positivo, informou já ter recebido o financiamento há cerca de três semanas e ter conseguido manter a «situação mais ou menos controlada, pagando entre 20 a 30%» dos salários dos seus técnicos, que se mostraram «muito compreensivos».
A Associação Sol, que também já recebeu o subsídio, assegurou que no último ano conseguiu manter as portas abertas por a direcção ter colocado dinheiro próprio, ajuda da sociedade civil e um empréstimo bancário, uma vez que um atraso de 60 dias na entrega da candidatura ao financiamento estatal impossibilitou receber essas verbas.
Apesar das novidades, muitas continuam a ser as críticas lançadas pelos responsáveis das associações, entrevistados pela “Lusa”.
A Fundação Portuguesa à Comunidade Contra a Sida alertou para a diminuição do prazo proposto para desenvolvimento de projectos de prevenção, enquanto a Liga Portuguesa lamentou que o «trabalho complementar para cumprir o Plano Nacional de Saúde não tenha sido tratado com respeito nos seis meses».
Margarida Martins, da Abraço, acredita que «se aposta no cavalo errado» por a Coordenação Nacional «chumbar» projectos na área da prevenção entre os heterossexuais, um grupo em maior risco, ou em Setúbal, uma área carente de acompanhamento directo.
Teresa de Almeida, responsável da Sol, avançou mesmo que pretende enviar uma carta à ministra da Saúde para a convidar a visitar a associação e transmitir-lhe que «não se pode dar assistência a tantas crianças com apenas seis auxiliares». Por outro lado, a presidente lamenta que o coordenador nacional para a infecção VIH/sida esteja a financiar um projecto que «nunca viu».
Contactado pela “Lusa”, o coordenador Henrique Barros recusou-se a fazer comentários sobre as críticas.
O financiamento aos projectos das organizações não governamentais passou a ser regulado por um decreto-lei, publicado em 2006, que alterou a duração do financiamento para um máximo de quatro anos, tendo também aumentado de 80 para 100% o montante atribuído a projectos que prestam cuidados sociais ou de saúde às pessoas com VIH/sida.
Dados da coordenação indicam que foram submetidas 39 candidaturas para projectos a implementar durante o próximo ano, entre as quais se contabilizam 23 iniciativas ligadas à prevenção, nove projectos de apoio social e extra-hospitalar e sete projectos de formação, que correspondem a um montante total de 2,15 milhões de euros.

Este site oferece conteúdo especializado. É profissional de saúde animal?