“A presente dissertação tem por objetivo o estudo da classe médico-veterinária, uma classe profissional até agora subvalorizada neste tipo de estudos”, refere o autor. “Para a caracterização do grupo utilizou-se o Inventário de Stresse Profissional, comparando-se a classe a outras quatro, Professores e Bancários, Consultores Externos e Agentes da PSP, fazendo-se adicionalmente uma comparação entre veterinários e veterinárias através dos resultados recolhidos”.
O investigador realizou o inquérito “Job Stress Survey” a 365 médicos veterinários, 138 (38%) dos quais do sexo masculino e 227 (62%) do sexo feminino e descobriu que entre os fatores de maior stresse encontram-se o “Trabalho além do horário”, “Salário inadequado” e “Tempo pessoal insuficiente”, sendo que o fator “Salário Inadequado” aparece várias vezes descrito pelos inquiridos como um dos acontecimentos mais intensos, mais stressantes e mais frequentes na profissão de médicos veterinário.
O estudo revelou também que os acontecimentos que causam mais stresse são as “Ofensas pessoais de clientes/colegas”, o “Não reconhecimento pelo trabalho de qualidade” e o “Salário inadequado”. Os acontecimentos menos stressantes para a amostra analisada são “O Barulho na área de trabalho”, “Cumprir prazos” e “Trabalhar por um colega para o proteger”.
Ao nível da frequência, as situações stressantes mais vezes descritas pelos médicos veterinários são “Trabalho para além do horário”, “Tempo pessoal insuficiente” e “Salário inadequado”.
De acordo com o autor do estudo, os resultados revelam que as médicas veterinárias sofrem mais com o stresse no local de trabalho. Ambos os sexos selecionam o item “Ofensas pessoais de clientes /colegas” como o acontecimento mais stressante, no entanto os trabalhadores do sexo feminino selecionam o item “Salário Inadequado” como aquele que é mais stressante em segundo lugar e o item “Não reconhecimento pelo trabalho de qualidade” em terceiro lugar, enquanto o sexo masculino seleciona o item “Falta de reconhecimento pelo bom trabalho” no segundo lugar e o item “Colegas de trabalho que não fazem o seu trabalho” em terceiro lugar.
O autor considera que o sexo é um fator importante quando se considera o stresse profissional sentido pelos médicos veterinários, devido à significância das diferenças sentidas em termos de severidade e frequência. Constatou-se que as médias para as médicas veterinárias são constantemente superiores em cada uma das Escalas e Subescalas do Inventário sobre o Stresse Profissional utilizadas nesta análise, demonstrando que as mulheres sentem mais stresse profissional do que o sexo oposto. Existe também um número considerável de diferenças que demonstram como o sexo feminino de facto perceciona eventos iguais com mais intensidade do que o sexo masculino.
“Apesar de existirem numerosos estudos sobre o impacto do stresse profissional nas mais variadas profissões, como enfermeiros, médicos, polícias e professores, os médicos veterinários têm sido pouco examinados”, pode ler-se na tese de mestrado. “Um dos aspetos que tornam a investigação desta temática, na profissão médico-veterinária, importante e urgente é o facto de se verificar neste grupo profissional uma taxa de suicídio superior à taxa de suicídio da população geral, como é reportado por Schultz em 2008, mas também demonstrado por Meltzer, Griffiths, Brock, Rooney e Jenkins também em 2008, onde é confirmado o excesso de mortalidade na profissão”.
A razão para a taxa de suicídios pode estar ligada às longas horas de trabalho, exaustão emocional ou o desencanto com a carreira.
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