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Sabe como atua a nova vacina contra a Leishmaniose?

cão a levar injeção

A Agência Europeia do Medicamento (EMA) autorizou a comercialização de uma nova vacina contra a Leishmaniose canina, desenvolvida a partir de uma proteína recombinante.

Comercializada pelos laboratórios Leti, a vacina estará disponível em todos os Estados Membros da União Europeia. Constituída a partir da união de “cinco fragmentos de quatro proteínas do parasita Leishmania infantum, com capacidade antigénica, a Lefitend® (nome comercial) dará aos veterinários uma ferramenta amplamente segura e eficaz para a imunização dos cães infetados a partir dos seis meses de idade, com o objetivo de reduzir o risco da exposição a este parasita, responsável pela infeção ativa da Leishmaniose”, pode ler-se no comunicado de imprensa do laboratório.

Jaime Grego, presidente dos laboratórios Leti, manifestou o seu agrado pela aprovação por parte da EMA: “É um momento muito importante porque é o culminar de uma investigação de mais de 25 anos por parte dos laboratórios Leti, em colaboração com vários centros nacionais e internacionais, para combater a Leishmaniose, uma patologia presente em mais de 80 países em todo mundo e com alternativas escassas de tratamento”. A VETERINÁRIA ATUAL contactou o laboratório no sentido de averiguar quando a vacina estará disponível em Portugal. Fonte da empresa indicou que a mesma ainda não está a ser comercializada.

Uma única injeção com revacinação anual

“A nova vacina baseia-se numa proteína recombinante (também chamada de proteína quimérica ou proteína Q) que é constituída a partir de fragmentos de proteínas do parasita Leishmania infantum, o mais importante agente da Leishmaniose canina, a nível global. É uma vacina cuja primovacinação consiste numa única injeção e que envolve revacinação anual. É mais uma ferramenta a juntar aos meios já disponíveis”, referiu à VETERINÁRIA ATUAL Luís Cardoso, médico veterinário, professor associado de Doenças Parasitárias na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), em Vila Real, diplomado pelo Colégio Europeu de Parasitologia Veterinária e especialista veterinário europeu em Parasitologia.

E o que difere relativamente à vacina já existente no mercado? “É diferente no imunogénio (substância que induz a resposta imunológica, que deverá ser protetora). A vacina que já se encontra no mercado tem como imunogénio proteínas de secreção/excreção; a nova vacina tem como imunogénio uma proteína recombinante dita quimérica (proteína Q)”, explicou Luís Cardoso.

“Por outro lado, o protocolo vacinal da vacina que já se encontra no mercado pressupõe uma primovacinação com três doses (separadas por três semanas entre si) e uma revacinação anual; enquanto na primovacinação da nova vacina está prevista apenas uma dose e depois uma revacinação anual. Além disso, a vacina que está no mercado tem um adjuvante (QA-21) e a nova vacina não tem adjuvante”.

Outras diferenças haverá, eventualmente, “na eficácia vacinal (comparação entre um grupo vacinado e um grupo controlo) e na hipótese de a vacinação poder levar à produção (ou não) de anticorpos que se confundam com os anticorpos decorrentes da infeção natural. Isto tem importância para distinguir cães vacinados de cães doentes. Aguarda-se informação mais detalhada sobre estes aspetos da eficácia e da resposta humoral (anticorpos) relativamente à nova vacina”.

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