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Portugal perde um quarto das explorações leiteiras em dez anos

Portugal perde um quarto das explorações leiteiras em dez anos

Entre 1995 e 2005, o número de explorações agrícolas dedicadas à produção de leite diminuiu de 60 mil para 15 mil. Segundo dados avançados pelo Eurostat, organismo da União Europeia (UE), este processo de ajustamento estrutural no sector leiteiro foi considerado inevitável para tornar as unidades nacionais mais rentáveis e competitivas no mercado europeu.

Por este motivo, a redução do número de explorações não afectou a produção global de leite, que tem permanecido próxima dos dois milhões de litros por ano, em linha com a quota de produção atribuída pela Comissão Europeia, revela o “Público”.
O fenómeno não se registou somente em Portugal. Para controlar os custos e aumentar a rentabilidade de forma a manter preços competitivos face aos países emergentes, outros países seguiram o mesmo caminho, como a Espanha, onde o número de produtores caiu para um terço, e a Itália e a Áustria, onde desceu para metade.
Tendo começado mais cedo o processo de ajustamento estrutural, alguns dos maiores produtores europeus verificaram reduções mais suaves do que Portugal. É o caso da França, da Irlanda, da Holanda e da Alemanha.
Na maioria dos países da UE verificou-se igualmente uma redução do número de vacas leiteiras, sem que tal sugerisse uma baixa da produção de leite.
No caso de Portugal, o efectivo desceu de 380 mil para 280 mil animais. O apuramento das raças, a melhoria da sua alimentação, o incremento das condições sanitárias nas explorações e a introdução de tecnologia nas explorações explicam o aumento da rentabilidade por animal e a realização do processo de ajustamento sem que este correspondesse a uma situação de penúria alimentar no continente europeu.
Ainda assim, o cenário leiteiro em Portugal continua bastante ligado às pequenas explorações. Mais de 90% das vacarias produzem menos de 5.000 toneladas de leite por ano, colocando o país num grupo restrito que não integra mais de meia dúzia de estados-membros.
No conjunto dos países que integram UE, a média de explorações neste nível de produção é de 73%, havendo no entanto países onde este peso é inferior a 50%.
A estrutura produtiva nacional no sector leiteiro completa-se com 5,6% das explorações a produzirem entre 5.000 e 20.000 toneladas por ano e 2% acima das 20.000 toneladas.
Na Irlanda, país onde o sector é muito dinâmico, apenas 35,5% das explorações encontram-se no primeiro escalão, com menos de 5.000 toneladas, e os outros dois terços repartem-se pelos dois escalões seguintes. Na Dinamarca, nono produtor europeu, apenas 18% das vacarias produzem abaixo das 5000 toneladas.
Sendo a dimensão de uma vacaria um elemento fundamental para se atingirem níveis elevados de rentabilidade, Portugal conta, em média, com 18 vacas por cada exploração, número abaixo das 41 que existem por vacaria na Alemanha, das 38 em França e das 25 na vizinha Espanha.
É contudo de sublinhar que a média europeia não serve de medida, uma vez que é claramente afectada pela situação da Roménia onde existe, em média, um vaca e meia por cada unidade produtiva. O país tem mais de um milhão de explorações.
A maior parcela da produção de leite (38%) é destinada à confecção de queijos e só depois surge a comercialização de leite fresco (31,6%). A terceira maior fatia destina-se à produção de manteiga (16%).

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