Em Seattle, nos Estados Unidos, existe um centro que permite que jovens sem-abrigo recebam cuidados de saúde para si e cuidados veterinários para o seu animal de companhia.
O centro é dirigido pela New Horizons, uma organização de serviços sociais sem fins lucrativos, e todas as quartas-feiras, a organização recebe a One Health Clinic, que junta um veterinário e estudantes de veterinária, um enfermeiro clínico e estudantes de ciências da saúde (incluindo medicina, enfermagem, trabalho social e nutrição), com o objetivo de tratar os jovens e os seus animais de estimação como uma unidade familiar.
O detentor e o animal de companhia ficam juntos durante a visita de bem-estar animal e a visita de saúde humana, que tem lugar num dos andares superiores do centro.
As equipas de saúde veterinária e humana partilham informações para decisões de tratamento e para pesquisa, contudo, devido às leis de privacidade de humanos, a maior parte dessa informação advém do lado da medicina veterinária.
De acordo com Peter Rabinowitz, médico e professor de ciências ambientais e de saúde ocupacional na Universidade de Washington, em Seattle, citado pelo site Vin News Service, a clínica é a única do género no país: “É a única que realmente trata pacientes humanos e veterinários como uma unidade, não separadamente”, explicou. One Health ou Uma Só Saúde é um conceito promovido pela Organização Mundial de Saúde (OMS), no qual a saúde dos seres humanos, de outros animais e do planeta é vista num plano conjunto.
“Têm havido muitos tabus sobre animais e pessoas estarem na mesma unidade de saúde”, refere Rabinowitz, referindo-se à preocupação com infeções que passam entre animais e humanos, à desinfeção adequada e à possibilidade de lesões relacionadas a animais. Ainda assim, o médico considera que o conceito é “bastante viável”.
Em parceria com a Neighborcare Health, uma organização comunitária que opera uma clínica de saúde duas vezes por semana na New Horizons, a One Health Clinic foi lançada como “teste” em outubro de 2018 e, atualmente, é um serviço já estabelecido, que recebe jovens entre os 18 a 26 anos, que não visitam centros de saúde, mas que estão dispostos a ver um veterinário para o seu animal de estimação.
“Nesta clínica, vimos muitos novos pacientes humanos porque o atendimento veterinário estava disponível para eles [os animais]”, disse Vickie Ramirez, coordenadora do Center for One Health Research. “Podem vir para dar vacinas ao seu cão, mas [os jovens] acabam pelo menos a ter uma conversa com um enfermeiro clínico ou um médico. Estão agora no sistema de saúde e estão a regressar.”
No primeiro ano, 32% dos pacientes humanos da One Health Clinic não tiveram acesso a cuidados de saúde nos dois anos anteriores, segundo Christie Cotterill, diretora associada de desenvolvimento da WSU. Desde que foi inaugurada, a clínica realizou 116 exames veterinários e a frequência das clínicas noturnas de quarta-feira duplicou desde a implementação da clínica One Health.
A equipa realiza cuidados básicos de bem-estar na One Health Clinic, desde o tratamento de problemas de pele, alergias, lesões, vacinação, desparasitação e prevenção de pulgas, encorajando ainda a esterilização.
Katie Kuehl, médica veterinária e instrutora clínica que lidera a equipa veterinária, explica a importância de considerar o animal e o humano como uma unidade: “Não podemos simplesmente tratar um sem pensar no outro de forma muito eficaz”, refere.