As pessoas que possuem uma variante do gene CCR5, cuja acção complica a entrada do vírus nas células, apresentam uma maior resistência à infecção e, mesmo depois de infectadas, demoram mais tempo a desenvolver a doença.
Em geral, apenas os habitantes da Europa e do Oeste asiático possuem esta variante (CCR5-delta32) que, de acordo com o artigo publicado na “New Scientist”, é menos comum nos países do Sul da Europa.
Segundo publicou o “Diário de Notícias”, os cientistas crêem que para explicar esta variação é necessário recuar algumas centenas de anos, pois a pandemia que foi identificada no início da década de oitenta é demasiado recente para influenciar a distribuição do gene.
A equipa liderada por Eric Faure, da Universidade da Provença, em França, analisou cerca de 19 mil amostras de ADN de toda a Europa e levanta a hipótese da variação do gene reflectir a alteração de fronteiras do Império Romano.
A hipótese fundamenta-se no facto de a frequência do CCR5-delta32 atingir os 15% no Norte do continente, variar entre os 8 e os 12% nos territórios fronteiriços do Império, como Alemanha e Inglaterra, e ser inferior a 6% nas colónias que permaneceram mais tempo sob jugo romano, como a Grécia ou a Espanha.
As duas teorias alternativas, isto é, a possibilidade de epidemias como a peste bubónica ou a varicela terem dizimado a população com este gene, e a hipótese da variante ter origem na Escandinávia e ter sido espalhada pelos <i>vikings</i> colidem na falta de coincidência geográfica.
Além disso, Faure não acredita que esta diferença possa ser atribuída à miscigenação com os povos indígenas, pois a história indica que «a transferência de material genético era extremamente baixa» e os soldados romanos vinham de todas as parte do império e não apenas de Roma.
Daí que os cientistas considerem mais provável que os romanos tenham introduzido uma doença que afectou principalmente as pessoas com a variante CCR5-delta32, tornando-a mais rara nos territórios ocupados, que hoje pertencem a países como Portugal, Espanha e França.
Ocupação romana resultou em maior vulnerabilidade ao VIH
Os habitantes dos territórios ocupados pelos romanos são mais vulneráveis ao VIH. A teoria é avançada por uma equipa de investigadores franceses que evidencia coincidências entre a variação da frequência do gene na Europa e as fronteiras do Império Romano.