Este é um problema recorrente: por muito que os veterinários insistam com os proprietários de cães e gatos para a importância de seguir os protocolos de desparasitação, o esquecimento dos donos acaba por levar a melhor. Não acredita?
Segundo dados de um estudo* português realizado com o objetivo de caracterizar as práticas de desparasitação de animais de companhia em Portugal, apesar de 89,7% dos cães serem desparasitados internamente, 74,3% dos proprietários efetuavam-no com uma frequência igual ou superior a quatro meses, sendo que apenas 11,8% dos cães eram desparasitados com a periodicidade aconselhada (mínimo trimestral).
E os gatos? Segundo dados do estudo, 63,6% eram desparasitados internamente, sendo que em apenas 5,5% dos casos efetuada com a periodicidade aconselhada (mínimo trimestral).
O estudo foi realizado com 312 proprietários de cães e gatos no Hospital Escolar da FMV-ULisboa e analisou ainda a desparasitação externa. Neste caso, 92,2% dos cães eram desparasitados externamente, mas apenas 28,4% estavam continuamente protegidos contra doenças transmitidas por vectores. Já os gatos, apenas 63,6% eram desparasitados externamente, a maioria com tratamentos pontuais e irregulares.
O tratamento ectoparasiticida mais utilizado em cães foi a combinação de imidaclopride com permetrina (89%) e nos gatos imidaclopride (44,4%). Cerca de 37% dos inquiridos não procedia à recolha de fezes do seu cão em todos os espaços públicos e 85% dos proprietários desconhece a palavra zoonose.
“Estes resultados mostram que, apesar da generalidade dos proprietários desparasitar o seu animal de companhia, esta prática é efetuada a intervalos ineficazes, traduzindo desconhecimento sobre os riscos de transmissão e doenças de Saúde Pública dos seus animais”, refere Ana Margarida Alho, uma das autoras do estudo.
*Matos M, Alho AM, Owen SP, Nunes T, Madeira de Carvalho L. Parasite control practices and public perception of parasitic diseases: A survey of dog and cat owners. Prev Vet Med. 2015 Sep 11. pii: S0167-5877(15)30011-8. doi: 10.1016/j.prevetmed.2015.09.006