Está tudo preparado para já no mês de junho a nova ala da Clínica do Entroncamento, sede da Vet EFA, entrar em funcionamento. Será praticamente a duplicação das instalações da ‘casa-mãe’ deste grupo de clínicas – Entroncamento, Fátima e Alcanena – e quer entrar numa nova era. Estão previstas salas de espera separadas para cães e gatos, salas de consulta, internamentos específicos e, principalmente, melhores condições para os funcionários.
A Clínica do Entroncamento foi criada em 1995 e desde aí muito já mudou. Mas o diretor clínico da Vet EFA, Rui Arrabaça Martins, explica-nos que “esta vai ser a mudança mais radical. Temos de acompanhar as tendências de separação de espaços para cães e gatos, por exemplo” e “dar melhores condições aos nossos funcionários, porque aqui está tudo muito apertado”, adianta Dina Carvalho, que se dedica à gestão da clínica onde a filha, Joana, também já é médica veterinária. Há alguns anos já tinham mudado para estas instalações e foram sempre fazendo melhorias e investimentos, principalmente em equipamentos e cursos de especialização. Agora chegou a altura de duplicar o espaço.
“Vamos ter duas salas de espera separadas para cães e gatos e três salas de consulta para cada uma das espécies”, conta à VETERINÁRIA ATUAL Rui Martins que, de 1980 a 2014, foi veterinário municipal em Alcanena, onde também tem um pequeno consultório há alguns anos. “É um espaço pequeno onde eu ou a minha filha vamos todos os dias das 19h00 às 20h00. A zona não exige mais, atendemos quase sempre casos básicos e para casos mais complicados temos o apoio aqui da Clínica do Entroncamento”, adianta o responsável.
Fátima, onde estão presentes desde 2009, embora também tenha “características especiais, com uma população inconstante, uma vez que muita gente só vive lá durante algum tempo”, já é uma situação diferente: “aí temos um veterinário a tempo inteiro, Ricardo Dias, um horário mais alargado – das 10h00 às 13h00 e das 15h00 às 19h30, bem como uma enfermeira que também vem aqui ao Entroncamento duas vezes por semana fazer tosquias”, afirma. O consultório tem condições para atender casos mais abrangentes (como medicina dentária) e está equipado com instrumentos de diagnóstico, como um ecógrafo “que estava aqui anteriormente”, uma sala com oxigénio e restante material para pequena cirurgia, onde se praticam castrações, além de contar sempre com o apoio do centro principal do Entroncamento.
Sete médicos veterinários
O Vet EFA emprega sete médicos veterinários (contando com o diretor clínico e o médico destacado para Fátima), duas enfermeiras veterinárias e três auxiliares. No novo espaço “irá haver também uma sala de preparação dos animais para as cirurgias e uma zona para fisioterapia, nomeadamente para o pós-operatório de ortopedia. Dizemos sempre aos donos o que têm de fazer, mas assim poderemos apoiar muito melhor a recuperação dos animais”, afirma Rui Martins.
O internamento, hoje com capacidade para dois cães grandes e oito médios ou pequenos e para seis gatos, em sala separada, irá também ver as condições melhoradas e aumentadas. Segundo Dina Carvalho, “a clínica tem cerca de cinco mil pacientes ativos nos últimos dois/três anos” e adianta que “os clientes vêm ao longo de todo o dia”. A responsável admite que “as pessoas preocupam-se mais com os animais de companhia, mas vão primeiro ao ‘Dr. Google’ e tentam resolver o problema antes de virem à clínica”, até porque “ainda se sentem claramente as dificuldades financeiras”. Dina Carvalho refere que “a maioria dos pacientes ainda são cães, mas o número de gatos tem vindo a aumentar”. Já o diretor clínico adianta que também aparecem coelhos anões e alguns animais exóticos, como papagaios, tartarugas ou chinchilas.
No Entroncamento, o horário é alargado existe atendimento telefónico de urgência 24h. Um médico veterinário fica sempre de serviço ao domingo, principalmente para dar assistência aos animais internados.
Principais patologias
Rui Martins diz-nos que as patologias mais frequentes na região – apesar de haver algum ambiente urbano, a zona é essencialmente rural – são “a leishmaniose, a febre da carraça, em conjunto com várias outras doenças causadas por hemoparasitas – como a Babesia, a Ehrlíchia e a Haemobartonella, entre outras”. O diretor clínico da Vet EFA adianta que “no ano passado e este ano tem havido uma grande incidência de Leptospira, porque devido às chuvas e ao clima mais húmido os ratos (principais transmissores desta doença) multiplicaram-se mais”.
Mas no caso dos hemoparasitas, o médico veterinário chama a atenção para o facto de as pulgas serem transmissoras e adverte que “muitas vezes as resistências, que começam a aparecer, devem-se à má utilização de muitos produtos anti pulgas”. Fala ainda da Processionária, ou Lagarta-do-Pinheiro, que principalmente entre fevereiro e maio ataca cães e gatos, como aves e outros animais, além de alguns casos de piometra. As intoxicações alimentares, nomeadamente envenenamentos, “ainda são frequentes e aparecem-nos também casos de deficiências renais e hepáticas, devido a infeções bacterianas ou causadas por insuficiências alimentares de rações pouco equilibradas”, diz o responsável, referindo que “muitas vezes há má informação ao cliente na venda dos produtos”.
Micro cirurgia e ecógrafo digital
Ao longo dos anos, Rui Martins foi fazendo vários cursos e especializações como por exemplo “o de micro cirurgia vascular e nervosa, em Cáceres, para a recuperação de tendões e nervos, tendo por isso adquirido um microscópio cirúrgico”, além do curso de “artroscopia que fiz em Castellón, centrado nas articulações”, e no de endoscopia, tendo comprado igualmente os aparelhos para estes diagnósticos e “ainda em Cáceres, o de hemilectomia – hérnias discais”.
Na UTAD, o diretor clínico da Vet EFA fez igualmente o curso de operação às cataratas, mas acabou por não comprar um dos equipamentos “porque o investimento é muito elevado”. Rui Martins explica que “tratamos aqui as especialidades básicas em situações mais simples, como cardiologia, oftalmologia, cirurgia ortopédica, etc., mas encaminhamos os casos mais complicados para um hospital de referência, normalmente Lisboa (Restelo), Porto ou o da UTAD”.
Dina Carvalho acrescenta que “alguns dos médicos veterinários da clínica têm especializações e áreas de interesse específicas, como a Drª. Elsa que fez um estágio em Cardiologia, na Alemanha, a Drª. Susana que frequentou um curso de Fisioterapia, em Madrid e está a fazer pós-graduação no Hospital Veterinário da Arrábida ou a Drª. Alexandra que tem preferência por cirurgia”.
Em termos de equipamento, a empresa fez alguns investimentos nesta área no ano passado “para a aquisição de um ecógrafo digital e de vários equipamentos para o laboratório de análises clínicas, bem como a melhoria de diversos instrumentos como a digitalização para o RX, entre outros”. Possui também ecógrafos portáteis, que são usados na clínica de pecuária praticada pelo diretor em várias explorações da região.
No que diz respeito aos animais de produção, os mais de 30 anos como veterinário municipal deram muita experiência a Rui Martins, que mantém a veterinária de pecuária na região, a bovinos de carne (em extensivo e engordas), mas também ovinos e caprinos de leite: “tudo pequenas explorações, que já não há grandes rebanhos por aqui”. Nesta área, o médico veterinário diz-nos que pratica essencialmente “clínica e cirurgia”, adiantando que “faço muitos partos”. Acrescenta que não faz Organizações de Produtores e salienta que, normalmente, tanto estas como até alguns produtores independentes é que tratam das vacinações.
Artigo publicado na edição de junho de 2015 da revista VETERINÁRIA ATUAL