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Animais de Produção

Vacina para M. bovis: O “game changer” que faltava para debelar este “agente furtivo”

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O Mycoplasma bovis (M. bovis) coloca diversos desafios aos médicos veterinários e aos produtores bovinos. Agora, chega uma nova arma no combate a este agente: uma vacina viva atenuada com comprovada eficácia e segurança na prevenção da transmissão deste agente.

A Zoetis organizou nos dias 22 e 23 de novembro em Lisboa o encontro “M. bovis –New Era Countdown” para debater o Estado da Arte no maneio da infeção causada por este “agente furtivo”, como começou por caracterizar Carlos Cabral no início da apresentação, que abriu os trabalhos no dia de sábado.

O cognome atribuído pelo médico veterinário formado na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, que há mais de duas décadas se dedica à saúde e maneio neonatal e recria de bovinos, está diretamente relacionado com as características deste agente. “É uma forma de vida autorreplicante, a mais pequena que conhecemos”, lembrou, cujas características biológicas lhe dão a capacidade para se adaptar muito bem ao hospedeiro, fugindo à deteção pelo sistema imunitário deste, conseguem torná-lo resistente no meio ambiente e conferem-lhe, igualmente, a capacidade de escapar à ação dos antibióticos.

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Segundo explicou o médico veterinário, a forma mais comum de entrada do M. bovis nas explorações é através da introdução no efetivo de animais infetados, mas sem aparentarem ter sintomatologia clínica. “Daí que lhe tenha chamado agente furtivo, porque ele consegue passar facilmente despercebido”, aclarou o orador.

Para debelar este microrganismo a Zoetis apresentou no encontro a vacina viva atenuada, que chega ao mercado nacional até ao fim de 2024.

Coube a David Asper, diretor de investigação e líder nos ruminantes no Departamento Global de Biológicos no Veterinary Medical Research and Development da Zoetis, apresentar a nova vacina e os estudos que estão por trás da aprovação da molécula. Nas palavras do responsável, os resultados obtidos na investigação “deram a tranquilidade de que estamos a levar um produto para o campo que está a alicerçado na segurança” e com eficácia demonstrada na proteção contra o M. bovis.

Com os dados recolhidos pela investigação científica e pela experiência no terreno, já observada nos Estados Unidos da América e em vários países da Europa, David Asper acredita mesmo que esta vacina “será, efetivamente, um game changer no combate ao Mycoplasma bovis”.

A experiência da vacinação com a vacina viva atenuada foi relatada no encontro por Juan Rodriguez, medico veterinário venezuelano a trabalhar desde 2011 nos EUA, que falou dos resultados obtidos pela vacinação contra o M.bovis em efetivos das explorações americanas. Com diminuições acentuadas nas taxas de mortalidade e nas taxas de morbilidade dos animais vacinados, o orador está convencido de que “o controlo do Mycoplasma bovis tem de ser acompanhado de maneio, de medidas de nutrição, de colostro, de boas instalações, nomeadamente ao nível da ventilação, e termos a maior parte da imunidade celular trabalhada. Esta vacina viva atenuada era a parte que faltava” nesta estratégia.

Outro palestrante, Ocilon Filho, médico veterinário que dirige o Centro de Excelência da Zoetis, apresentou a eficácia da nova vacina contra o M. bovis observada em explorações europeias. O orador destacou os dados de uma exploração em Espanha onde, depois de iniciarem a inoculação com a vacina viva atenuada, se verificou uma redução de 45% na mortalidade por qualquer causa e uma redução de aproximadamente 66% na mortalidade por doença respiratória.

O encerramento do encontro esteve a cargo de Marisa Bernardino, médica veterinária e marketing manager da Zoetis Portugal, que destacou a mudança de paradigma que, a partir da chegada desta vacina, se observa no terreno. Afinal, explicou, antes da chegada da vacina viva atenuada “o controlo do Mycoplasma bovis pela via terapêutica era possível apenas com o recurso a antibióticos”, com as implicações conhecidas do uso excessivo deste grupo terapêutico.

Esta nova ferramenta terapêutica “é a primeira alternativa ao uso de antibióticos no controlo do Mycoplasma bovis” e, como demonstraram os oradores anteriores, com resultados positivos ao nível da redução das taxas de mortalidade, morbilidade, o que representa um ganho económico significativo para as explorações.

 

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