Quantcast
Animais de Companhia

É preciso “evitar que as pessoas só levem os animais à clínica quando estes estão doentes”

A humanização dos animais de companhia tem-se mostrado um fenómeno cada vez mais evidente e testemunhado, em clínica, pela classe veterinária. A preocupação em atuar desde cedo contra fatores de risco que possam levar ao desenvolvimento de doenças preveníveis já é uma prioridade. No último episódio do Podcast da Veterinária Atual sobre nutrição animal, o médico veterinário Miguel Oliveira Pinto denota esta crescente consciência por parte dos tutores como “uma moda, mas uma moda positiva”.

A sua experiência profissional revela que esta consciência começa bem cedo, nos tutores mais jovens. “Já temos miúdos com 16, 17, 18 anos com esta preocupação, de querem o melhor para o animal, e isto faz antever um futuro muito interesse. Deixa-nos aqui alguma esperança na humanidade para com os animais”, confessa.

 

“Já perceberam, felizmente, que é preciso olhar para os rótulos e interpretar o que está lá escrito. Sabemos que o primeiro ingrediente tem de ser a proteína, mas é preciso conhecer a fonte dessa proteína e perceber se tem qualidade, para que o animal possa absorvê-la.”

 

O médico veterinário refere também que nas primeiras consultas − quando o animal chega com um ou dois meses, para fazer desparasitações e iniciar os planos de vacinação −, o tutor já introduz o tema da alimentação, questionando qual a melhor solução, tendo em conta a variedade de alimentação animal e as marcas disponíveis. “Já perceberam, felizmente, que é preciso olhar para os rótulos e interpretar o que está lá escrito. Sabemos que o primeiro ingrediente tem de ser a proteína, mas é preciso conhecer a fonte dessa proteína e perceber se tem qualidade, para que o animal possa absorvê-la.” O profissional defende o papel educacional dos veterinários, como agentes de saúde pública, que passa também por “evitar que as pessoas só levem os animais à clínica quando estes estão doentes”.

A saúde oral dos gatos já é encarada desde tenra idade como uma prioridade para o tutor, tendo noção que a acumulação de placa bacteriana e de tártaro é comum nestes animais. A obesidade é, igualmente, interiorizada como um problema para o qual a atuação deve acontecer logo desde o início.

 

Como se reflete a nutrição animal nos cursos superiores e na oferta formativa?

Por ter dado aulas na faculdade e exercer funções de formador, Miguel Oliveira Pinto tem estado sempre muito ligado ao ensino, considerando que “existe uma enorme lacuna” nesta área, no campo da nutrição animal.

 

Como se sabe, todos os cursos de medicina veterinária em Portugal contemplam uma disciplina de nutrição animal, mas é “generalista” e “transversal a todas as espécies”. O aprofundamento e a atualização deste conhecimento é adquirindo posteriormente através de formação pós-universitária. E, por isso, “tem de haver muito o interesse nesta área” para que o profissional busque por mais informação.

“A mentalidade do médico veterinário já mudou e temos mais profissionais jovens a fazer este tipo de formações. Já vemos, inclusivamente, alguns cursos de nutrição e palestras a comparar a nutrição animal com a humana. As coisas estão claramente a mudar nesta geração e nota-se que começa a haver um grande interesse. Tal como noutras áreas da medicina veterinária, esta precisa de constante atualização. Somos agentes de saúde e precisamos de estar constantemente a estudar e a aprender porque a ciência está a evoluir”, conclui.

Este site oferece conteúdo especializado. É profissional de saúde animal?