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Nutrição

Nutrição animal: A melhor estratégia? Comunicação credível e sustentada

iStock Dia Mundial Nutricao

Muitas vezes, é um trabalho de bastidores. O impacto da nutrição em várias áreas da medicina veterinária nem sempre é visível, mas é cada vez mais imprescindível. Sugerir planos nutricionais individuais adequados ao animal e ao estilo de vida dos tutores, acompanhar ao longo do tempo e estar disponível para comunicar “com propriedade” e conhecimento de causa são fatores que contribuem para uma maior consciencialização desta área.

O impacto da nutrição na prevenção de doenças já está mais interiorizado, tanto nos profissionais de medicina veterinária como nos tutores. Mas, como em outras áreas, o caminho a percorrer ainda acarreta exigências. “Não tanto porque os colegas não tenham consciência deste papel – porque julgo que têm – mas parece-me que existe uma dificuldade da implementação durante a prática clínica”, começa por defender Ana Luísa Lourenço, docente e investigadora da Universidade de Trás-Os-Montes e Alto Douro (UTAD) e especialista em nutrição pelo Colégio Veterinário Europeu de Nutrição Comparada.

 

Quando a médica veterinária Manuela Fischer começou a interessar-se pela área de nutrição veterinária e a tentar implementar alguns dos seus conhecimentos sentiu descrédito por parte de colegas. Com um mestrado com o foco em nutrição de cães e gatos na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), no Brasil [com um período na Universidade Estadual Paulista (UNESP) Jaboticabal] e doutoramento na mesma área com uma fase realizada na Universidade da Califórnia, em Davis, nos EUA], sentiu-se verdadeiramente inspirada pelo professor Aulus Carciofi, uma das maiores referências na área de nutrição animal, diretor da Comissão de Assuntos Técnicos do Colégio Brasileiro de Nutrição Animal (CBNA) e presidente da Sociedade Brasileira de Nutrição e Nutrologia de Cães e Gatos (SBNutriPet). “Fui assistir a um simpósio com este grande mestre e fiquei encantada com o laboratório de nutrição que ele tem na UNESP, o que me fez interessar nessa área”, explica.

Depois de um estágio obrigatório para concluir o seu curso com o professor Aulus Carciofi realizado em São Paulo, Manuela conseguiu ter uma experiência em nutrição hospitalar em pequenos animais internados. “Foi quando percebi que era isto mesmo que eu queria fazer para o resto da minha vida.” Depois do estágio, Manuela Fischer propôs implementar um Serviço de Nutrição Clínica na UFRGS que contava com um estagiário, um bolseiro e com empresas parceiras que pagavam as rações dos animais internados e onde era possível cuidar da área de nutrição dos pacientes. Tinha esta ânsia de dar resposta às necessidades nutricionais dos animais hospitalizados por sentir que esta era uma lacuna por parte de alguns médicos veterinários. “Muitos negligenciam esta área e eu achava muito importante perceber o que estes animais comiam numa fase em que ficavam com grande falta de apetite.” Esteve quatro anos a coordenar este serviço até 2014.

 

Desta experiência, ficaram os resultados na evolução nutricional destes animais. “É impressionante como os animais passam a ter a tendência em encurtar o período de internamento hospitalar quando recebem as calorias necessárias diariamente.” A nutróloga não tem dúvidas de que uma nutrição adequada em ambiente hospitalar permite “diminuir a mortalidade, promover uma melhor recuperação e menor tempo de internamento. Tudo melhora”, explica à VETERINÁRIA ATUAL.

 

“Só consigo vislumbrar um futuro ainda melhor para esta especialidade pois o mercado de alimentação pet é infinito e com muito ainda para explorar” Manuela Fischer

Quando começou a abraçar esta área, sentia os olhares desconfiados. “Os colegas questionavam o que eu queria implementar e as minhas sugestões e isto acontecia apenas por falta de conhecimento. Eu não tinha nenhum nome no setor e não era respeitada.” Aos dias de hoje, esta tendência inverteu-se. São as próprias clínicas que procuram o seu trabalho porque querem apostar na área de nutrição e é Manuela quem não consegue suprir esta procura. Para cada paciente com diferentes tipos de necessidades, a médica veterinária sugere um plano nutricional adequado a cada animal, individualizado de acordo com o peso, o score corporal, o objetivo, o perfil da receita, etc. “A agenda está sempre em movimento porque o interesse por parte dos tutores é muito grande atualmente”, explica a médica veterinária, justificando a valorização pela área de nutrição. “Hoje, esta é uma especialidade vista como qualquer outra, mas, quando comecei, os colegas não lhe conferiam qualquer credibilidade.”

 

Ana Luísa Lourenço considera essencial a existência de planos nutricionais. “É algo muito importante e exige uma constante avaliação e monitorização. E também exige disponibilidade, conhecimentos e nem sempre com um retorno económico em tempo real”. Apesar de considerar que os colegas têm consciência de aplicar estes planos nutricionais devidamente acompanhados e monitorizados, por outro, existe uma exigência de “perceber em como se pode implementar este serviço face à dinâmica da clínica.”  Do lado dos tutores, a docente considera que nem sempre percebem “que este é um serviço que tem de ser recompensado”. Avalia os cuidados nutricionais preventivos como um verdadeiro “trabalho de bastidores” e, se o animal não chegar a adoecer, não é atribuído o mesmo valor a esta área da mesma forma que acontece quando a nutrição intervém numa fase de tratamento de doenças.

No Brasil, além de um boom relativamente à alimentação natural, o crescimento do mercado pet tem vindo a ser progressivo e nem a pandemia inverteu a tendência. “Todas as pesquisas mostram que mais de 60% do orçamento que é gasto com animais, em todo o mundo, é com a alimentação (rações). Ninguém abdica da alimentação nas prioridades para os seus animais [quando comparadas com outras necessidades, como as tosquias, os brinquedos ou mesmo as consultas veterinárias]. Só consigo vislumbrar um futuro ainda melhor para esta especialidade pois o mercado de alimentação pet é infinito e com muito ainda para explorar”.

Várias alternativas

Rita Nova é médica veterinária na RuffDog – uma loja especializada dedicada ao cão – e, apesar de não fazer clínica, dá apoio a muitos casos de clínica de pequenos animais através da nutrição funcional adaptada a cada patologia. Ao longo da sua experiência, tem-se apercebido de alguma “relutância na aprendizagem e no conhecimento do que é a alimentação natural”. No entanto, avança, “já há uma maior abertura para o tema, seja porque os próprios tutores já estão mais despertos para a temática ou mesmo por interesse próprio”.

Quando chegam animais com patologia, Rita Nova e Joana Carido, nutricionista clínica na mesma empresa, tentam trabalhar de acordo com as indicações terapêuticas dos colegas que referenciam os casos. “Os que nos chegam com mais frequência são animais com pancreatite/hepatite, em que nos é pedido para fazer uma dieta com teor controlado em gordura e proteína, de fácil absorção e digestibilidade. Outra patologia frequente são as alergias/intolerâncias alimentares e, nestes casos, tentamos fazer uma dieta de eliminação ou excluir os alimentos que sabemos ser causadores de patologia.” Muitas vezes, são os próprios colegas que encaminham os casos com a descrição clínica, os resultados de análises sanguíneas e exames realizados, para que seja dado o apoio na área de alimentação por parte da RuffDog. “Às vezes temos necessidade de solicitar análises para controlo da dieta ou simplesmente para a elaborar de acordo com a patologia.” Também os casos de obesidade são referenciados por colegas.

Ana Luísa Lourenço considera que a comunicação faz a diferença. Comunicação sustentada, por um lado, e detalhada por outro. A transmissão de informação sustentada em factos e comunicando claramente a base da recomendação e porque é que determinadas situações acarretam maior risco do que outras”

Uma vez que os animais são cada vez mais considerados como elementos das famílias – e na pandemia, essa relação ficou ainda mais acentuada – Rita Nova considera que os CAMVs devem estar informados sobre as várias possibilidades e alternativas ao nível da nutrição para poderem considerar a melhor opção para cada animal e para cada tutor. “Além do cuidado com a nutrição no geral, devem estar capacitados e ser conhecedores das várias alternativas em prol da saúde dos seus pacientes. “Priorizando uma alimentação sem conservantes, utilizando alimentos aptos para consumo humano, e preparada de forma individualizada (sempre que há essa necessidade) conseguimos dar longevidade e qualidade de vida aos nossos animais”, sublinha.

Quando questionada sobre as vantagens e desvantagens da alimentação natural e das rações, Manuela Fischer diz sem rodeios que a primeira é uma tendência atual forte, mas que a venda de rações irá sempre manter-se em crescimento porque “a percentagem de tutores que pode pagar e arcar com a complexidade que é fazer uma alimentação natural é muito pequena”. No entanto, quando a escolha passa por esta via, a médica veterinária explica que “este é um compromisso que o cliente está a assumir para o resto da vida do animal. Tem de estar consciente de que não há retrocesso e que esse animal não vai voltar a comer rações depois dessa experiência”.

A ração “tem o defeito de ser seca, o que faz com que aconteçam duas coisas: o animal não ingere tanta água e ingere muitas calorias. Para um pequeno volume, é muita ingestão calórica. A vantagem da ração é que o tutor não a altera e consegue entregar uma dieta completa com todos os nutrientes de que o animal necessita não provocando desequilíbrios nutricionais muito graves”, refere Manuela Fischer. A grande vantagem da ração é que é palatável e um alimento completo, defende.

“As vantagens da alimentação natural são o contrário das desvantagens da ração. É um tipo de alimentação com muita água, o que faz dela um alimento menos calórico. O animal ingere um grande volume de comida, tem uma tendência a não ganhar peso e ingere bastante água. Por outro lado, é muito fácil de errar. O tutor altera a receita, troca alguns ingredientes e isso não é positivo”, alerta, considerando que a dieta mais segura é a que é conferida pela ração ainda que ambas as hipóteses tenham vantagens e desvantagens. Tudo depende do que é melhor para o tutor e para o animal. Consciente de que a alimentação natural requer mais trabalho e dedicação por parte dos tutores, Manuela avalia a disponibilidade dos clientes para prosseguir com esta alternativa.

“A alimentação natural não é sinónimo de arroz com frango ou restos de comida. Optar por uma alimentação natural não balanceada e equilibrada poderá trazer consequências a médio/longo prazo”, explica Rita Nova, esclarecendo ainda que a mesma é composta por “um alimento minimamente processado, desprovido de conservantes e que pode ser adaptado de forma individual. Além disso, é um alimento hidratado o que é uma mais-valia para os cães e ainda mais para os gatos”. O facto de serem usados alimentos frescos e salubres, sem transformação, torna fácil a digestão e absorção dos nutrientes. “O efeito na vitalidade dos nossos animais é visível e inegável”, remata.

Dietas vegan?

“O mais importante é respeitar a natureza e a fisiologia do animal”, salienta Manuela Fischer, assinalando que os tutores não podem impor a sua vontade baseando-se em questões de filosofia ou crenças religiosas.

A médica veterinária atende vários clientes que seguem uma alimentação vegetariana que, não sendo a ideal, na sua opinião, permite adicionar ovo na receita, “uma proteína maravilhosa e que não nos causa preocupação”. Por outro lado, não recomenda – de todo – as dietas vegans na alimentação dos cães porque “vão faltar aminoácidos e proteínas essenciais, o que implica que vou ter de suplementar de forma sintética. Sou bem contra”. E justifica: “O cão é um carnívoro oportunista e caçador, tem preferência por carne, mas tem um hábito alimentar muito omnívoro semelhante ao nosso e pode ter uma alimentação com mais vegetais, legumes e com ovo. E o gato já é o absurdo ao extremo porque é um carnívoro obrigatório, ou seja, usa aminoácidos como fonte de energia.”

Ana Luísa Lourenço corrobora esta opinião e explica que esta é uma realidade. “As pessoas que têm determinadas convicções e que seguem uma determinada opção alimentar desejariam que os seus animais de companhia também a mantivessem. Este tipo de dietas tem, por inerência, associado um risco muito mais elevado até porque – e é preciso dizê-lo de forma clara – em termos nutricionais, existem aspetos que ainda não conhecemos e sobre os quais ainda não temos total controlo.” No que respeita a consequências em animais sujeitos a dietas vegan, considera que sobretudo em “animais adultos, se mantivermos esta dieta inadequada por períodos relativamente longos, acabamos por ter situações de doença”, refere.

Além do problema ético, Rita Nova assinala a possibilidade de estas dietas provocarem “carências nutricionais profundas pela má absorção de alguns nutrientes apresentados neste tipo de alimentações” e também se posiciona “totalmente contra”, sobretudo nos gatos, uma vez que “este tipo de alimentação vegan demonstra um profundo desrespeito para com a espécie. Mesmo os cães, que conseguem sobreviver com este tipo de alimentação, nunca atingem o seu esplendor. É de notar que a nível puramente nutricional, analisando apenas aquela tabela que nos mostra a composição do alimento a nível de nutrientes, está lá tudo. No entanto, é algo totalmente artificial”. Denotando ainda a carência de aminoácidos essenciais nas proteínas vegetais, defende que a “biodisponibilidade de uma proteína de origem vegetal é bastante diferente quando comparada com a biodisponibilidade de uma proteína animal”.

Estratégias para sensibilizar os tutores

A variabilidade de tutores que aparecem na consulta de Manuela Fischer é grande. Há aqueles que aderem totalmente ao plano de nutricional, outros que apresentam mais dificuldade e que podem não regressar mais à consulta. “Existem também tutores que fazem alterações na dieta sem me questionarem, compram suplementos minerais vitamínicos mais baratos que não são os que eu recomendo…. Temos todo o tipo de tutores. Nem sempre, a adesão é 100% como gostaríamos, mas, por norma, corre bem.”

Nas suas consultas, tudo é explicado ao pormenor. “A estratégia para educar e convencer um tutor é o argumento com conhecimento.” A médica veterinária considera que a sua prática clínica e a experiência profissional são pontos fortes para sensibilizar os tutores. “O tutor precisa de sentir que o médico veterinário entende do assunto e que fala com propriedade. Isso ajuda na educação do tutor e a que o mesmo adira ao plano alimentar e ao tratamento”, refere.

Ana Luísa Lourenço também considera que a comunicação faz a diferença. Comunicação sustentada, por um lado, e detalhada por outro. Em suma, “a transmissão de informação sustentada em factos e comunicando claramente a base da recomendação e porque é que determinadas situações acarretam maior risco do que outras.” É essa a mensagem que passa aos seus alunos na UTAD. “Julgo que as novas gerações – e mesmo as anteriores – estão sensibilizadas para o papel da nutrição e da alimentação, reconhecem que têm as suas limitações, mas procuram informação independente, o que é ainda muito difícil de encontrar”, esclarece.

Já há uma maior abertura para o tema [alimentação natural], seja porque os próprios tutores já estão mais despertos para a temática ou mesmo por interesse próprio”Rita Nova, RuffDog

Rita Nova sugere que a nutrição deve ser um tema a abordar na consulta desde as fases de vida iniciais dos cães e dos gatos. “Ainda há muito desconhecimento por parte dos tutores acerca da quantidade do alimento, de como o devem disponibilizar e como podem escolher o melhor alimento para o seu animal. Na maioria das vezes, o alimento prescrito ou recomendado acaba por ser aquele que está disponível na clínica e por ser mais uma escolha de marketing do que uma escolha adaptada ao indivíduo”, defende.

O Brasil vive agora uma fase de crise na área e que se prende com a quantidade de “especialistas” em nutrição, como refere Manuela Fischer. “Existem pessoas que fazem cursos na internet sobre como promover a alimentação natural para o pet e está tudo errado. Existem veterinários que frequentam estes cursos, aproveitam estes conceitos e que se afirmam como ‘especialistas em nutrição’. E o que está a acontecer é que estamos a depararmo-nos com uma série de problemas nutricionais nos animais que vão passando por estes profissionais”, critica.

Além destes cursos rápidos, têm proliferado novas empresas que vendem alimentação natural nas redes sociais e outros meios a um preço mais barato, sem um diretor técnico, um consultor e um manual de boas práticas de fabrico. “É uma concorrência desleal injusta para outras empresas mais pequenas com boas soluções nutricionais, que têm tudo certo e que estão agora a começar.” Manuela Fischer tem esperança de que a Sociedade Brasileira de Nutrição e Nutrologia de Cães e Gatos consiga fazer prova dos títulos dos verdadeiros médicos veterinários que se formaram na área de nutrição. “A perspetiva futura é que haja um título de verdadeiro especialista e que esta profissão seja devidamente regulamentada.”

Novidades da indústria

Cotecnica – Em novembro passado, a empresa lançou a gama Ownat Care™ que permite uma nutrição diária completa e equilibrada em cães e gatos. “Elaborada com ingredientes naturais e carnes frescas, a sua formulação completa consegue que este seja um alimento adequado para o quotidiano. Além disso, cada formulação está reforçada com ingredientes funcionais selecionados que proporcionam efeitos benéficos para as necessidades especiais na área da saúde, sem ser uma deita de prescrição veterinária”, explica Sara Sabi Sabaté, marketing manager. A empresa prevê um novo lançamento para o final deste ano.

New Global Pet – A empresa lançou no final de 2021, “os chews saudáveis e naturais enrolados à mão da Earth Animal. São produtos 100% naturais, com foco na saúde mental dos cães, ajudam a manter os dentes limpos e aliviam o stress e a ansiedade”, explica Aleteia Abreu Gray, chief marketing officer da New Global Pet. Foram dois os pontos decisivos para a decisão da empresa de trazer os chews da Earth Animal para Portugal e Espanha. Em primeiro lugar, “o segmento dos mastigáveis está infelizmente repleto de produtos de baixa qualidade, com dezenas e até centenas de produtos químicos que vão desde o formaldeído até o chumbo. São de um modo geral, feitos com subprodutos, saborizantes e colorantes de forma a tornarem os produtos apetentes”, explica a responsável. Os mastigáveis (chews) da Earth Animal são o oposto disso. Incluem apenas os seus ingredientes naturais + uma proteína. “Representam um momento de prazer para o cão em que, ao mesmo tempo, limpa os dentes, gengivas e nutre.” Em apenas três meses de lançamento, já está em mais de 100 lojas.

O segundo aspeto crucial para a aposta da marca relaciona-se com o crescimento dessa fatia de mercado. “Os dados do estudo de mercado da Euromonitor indicam que o mercado de ‘recompensas’ deve quadruplicar nos próximos cinco anos. Além de um investimento maior em produtos verdadeiros de marcas naturais, os tutores procuram também recompensar os cães com alimentos complementares de qualidade, não querem abrir uma exceção e dar ‘mimos’ de baixa qualidade”, explica Aleteia Abreu Gray.

Virbac de Portugal Laboratórios – A empresa relançou em setembro do ano passado um produto da gama terapêutica nutricional Joint & Mobility Dog™. Esta referência tem agora na sua composição membrana de casca de ovo que “contém componentes naturalmente presentes na cartilagem que ajudam no controlo dos processos inflamatórios e na recuperação e proteção da cartilagem”, explica Joana Gomes, product manager companion animals da Virbac de Portugal Laboratórios. Com eficácia comprovada ao nível da redução do desconforto das articulações nos cães, é assim uma ferramenta adicional na gestão da osteoartrite canina ou outras doenças articulares, avança. “Nesta área, a Virbac oferece uma vasta gama de produtos e soluções para o suporte da osteoartrite em cães e gatos.”

Este ano, a companhia vai reforçar o seu portefólio de nutrição animal Veterinary HPM™ com duas novas referências de alimentação húmida, direcionadas tanto para a prevenção, como para o tratamento de doenças do aparelho urinário nos gatos. “No fundo, tratam-se dois produtos distintos, mas que se complementam entre si e entre a gama de dietas secas, e que irão promover a saúde urinária dos felinos, seguindo o mesmo conceito High Protein Low Carb, já implementado na nossa gama de dietas secas Veterinary HPM™.

Wepharm – Lançou o WeCogni® em novembro de 2021, destinado ao suporte da função cognitiva e visão. O aumento da esperança média de vida de cães e gatos e dos cuidados geriátricos é cada vez mais uma realidade. “A disfunção cognitiva e patologias oculares associadas ao stresse oxidativo acompanham essa tendência, mas podem ser mitigadas”, explica Fábio Correia, médico veterinário e diretor técnico.

“O WeCogni® contém substâncias altamente eficazes no suporte nutricional contra o stress oxidativo do sistema nervoso e ocular, os seus benefícios incluem suporte à atividade celular (L-Carnitina), ação antioxidante (Biotina, Melofeed®, N-Acetil Cisteína, Selénio, Vitamina C e E, Zinco), suporte cognitivo (Camellia sinensisGingko biloba), fortalecimento do sistema imunitário e circulatório (Resveratrol e Saccharomyces cerevisiae, fonte de vitaminas do complexo B), suporte ao funcionamento do sistema nervoso e visão (Fosfatildilserina, extracto de DHA e Dunaliella salina)”, acrescenta. Está disponível em apresentações de 90gr e 180gr de pó para misturar com a comida.

 

Promover a alimentação de alta qualidade para animais de companhia

A Associação Mundial de Veterinários de Pequenos Animais (WSAVA) atualizou recentemente duas ferramentas das Diretrizes para Avaliação Nutricional em Cães e Gatos, um documento que tem como objetivo proporcionar uma estrutura básica para a equipa de cuidados veterinários efetuar uma avaliação nutricional e elaborar recomendações nutricionais aos seus pacientes.

Cecilia Villaverde DVM, MSc, PhD, Dipl ACVN, Dipl ECVCN, co-Chair of the WSAVA Global Nutrition Committee, em entrevista à VETERINÁRIA ATUAL explica um pouco melhor em que consiste esta versão mais atual.

Dr Cecilia Villaverde

A que se deve a mais recente atualização das Diretrizes em Avaliação Nutricional em Cães e Gatos pela WSAVA?

Comité Global para a Nutrição da WSAVA atualizou recentemente o recurso “Selecting a Pet Food”, que visa apoiar as equipas veterinárias e os tutores de animais de companhia. A nova versão apresenta os conselhos mais úteis que podem ser encontrados nos rótulos dos alimentos para animais de companhia e destaca a importância de o fabricante fornecer os dados de contacto para eventuais questões de acompanhamento.

A missão deste Comité é promover a importância da nutrição de alta qualidade para animais de companhia e do papel central das equipas veterinárias como fontes privilegiadas de informações nutricionais corretas.

Na sua opinião, esta nova versão vai promover as recomendações para uma melhor prática clínica dos veterinários e pode ser um guia útil para os tutores?

Esta ferramenta “The Selecting of Pet Food” começou por ajudar a indústria, os fabricantes de alimentos para animais de estimação e permite que os profissionais de veterinária avaliem os fabricantes e mantenham uma base de dados sólida das empresas em que confiam e que recomendam. Os tutores também podem fazer essa pesquisa para que sintam mais à vontade com as suas escolhas e incentivem a discussão saudável com as equipas veterinárias.

Para atualizar este documento, contámos com o contributo de vários utilizadores, incluindo pessoas que trabalham diretamente na área de nutrição veterinária e de equipas de médicos veterinários porque queríamos oferecer um guia mais prático e torná-lo mais relevante a nível global, o que é altamente desafiador devido às diferentes regulamentações de alimentos para animais de estimação em cada país. O nosso objetivo é continuar a torná-lo cada vez mais relevante a nível mundial.

Que mensagem daria aos diretores clínicos de CAMV ou médicos veterinários portugueses no sentido de aconselhar uma alimentação de maior qualidade aos tutores?

Encorajamos as equipas de medicina veterinária a serem proativas e a providenciarem informações cientificamente corretas aos tutores desde a primeira visita às clínicas. Existem muitas informações disponíveis online e que podem entrar em conflito com o que é recomendável. Os profissionais do setor veterinário são quem pode dar as melhores recomendações e conselhos para cada paciente. E a melhor forma de o fazer é realizar uma avaliação nutricional individualmente para melhorar as áreas de maneio nutricional, dar recomendações e um melhor acompanhamento.

As páginas do Comité Global para a Nutrição da WSAVA disponibiliza muitas ferramentas para ajudar os profissionais a concretizarem estes objetivos. Além disso, o Congresso Mundial da WSAVA oferece uma oportunidade de formação continuada a cada ano permitindo saber como implementar o maneio nutricional na prática.

A WSAVA lançou recentemente um novo curso de nutrição online oferecendo acesso gratuito e facilitando a informação variada a todos os membros da associação. O curso está disponível em espanhol e pode ser acedido em https://academy-wsava.thinkific.com/

Qual é a recomendação da WSAVA acerca da alimentação natural, por um lado, e sobre dietas vegan, por outro?

Não temos uma posição oficial em relação à alimentação natural porque não há ainda uma definição consensual sobre esta terminologia. O mesmo se aplica às dietas com base em plantas porque são muito difíceis de formular e não existem ainda informações a longo prazo sobre os seus efeitos na saúde. Validar o fabricante é fundamental uma vez que os testes de controlo de qualidade são ainda mais relevantes nestas situações.

O mais importante é que a dieta seja nutritiva, completa e balanceada para cada espécie e fase de vida, mas também, segura, livre de contaminantes ou de substâncias nocivas, independentemente de ser comercializada – ou não – como natural. Temos uma ferramenta online que permite selecionar um fabricante confiável com grande experiência e boas medidas de controlo de qualidade.

 

*Artigo publicado originalmente na edição n.º 158 da revista VETERINÁRIA ATUAL, de março de 2022.

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