O estudo do microbioma, da microbiota e dos probióticos é atualmente alvo de intensa pesquisa e investigação, o que se traduz num aumento de publicações científicas e em novas estratégias terapêuticas, no âmbito da Medicina Humana e Veterinária. Com o avanço da investigação e da ciência, surgem novas evidências sobre os potenciais benefícios dos probióticos na saúde humana e animal, e também sobre os benefícios dos seus metabolitos produzidos durante a fermentação.
O microbioma é um conjunto de microrganismos que habitam um organismo, incluindo o seu material genético e as condições ambientais que o rodeiam1,2. Por sua vez, o termo microbiota, refere-se unicamente à população de microrganismos que habita uma zona específica do organismo, como a pele ou o trato gastrointestinal, não inclui o material genético dos microrganismos, nem as condições ambientais. Os microrganismos que habitam o organismo de um hospedeiro, diferenciam-se em comensais, mutualistas e patogénicos, em função da relação que mantêm com o hospedeiro2.
A funcionalidade da microbiota resulta do equilíbrio entre as diferentes populações microbiana que coexistem. Esse equilíbrio é chamado de eubiose e quando é alterado, ocorre o que se define como disbiose ou disbacteriose, o que se traduz num desequilíbrio entre as populações de bactérias benéficas e prejudiciais. Quando há diminuição das populações de espécies benéficas, predominam as espécies patogénicas, que destroem o equilíbrio e alteram a composição e funcionalidade da microbiota, dando origem a problemas de saúde3.
A possibilidade de impactar a saúde através da modulação da microbiota é cada vez mais relevante através da utilização de probióticos, prebióticos e posbióticos. Segundo a definição da FAO/OMS os probióticos são microrganismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem benefícios à saúde do hospedeiro4. Os probióticos necessitam de nutrientes para poder realizar o seu metabolismo e colonizar adequadamente o local onde se encontram.
Os prebióticos são ingredientes que produzem uma estimulação seletiva do crescimento e/ou atividade(s) de um ou de um número limitado de géneros/ espécies de microrganismos na microbiota intestinal, conferindo benefícios para a saúde do hospedeiro5. Os prebióticos são hidratos de carbono e os mais comuns são fruto-oligossacarídeos (FOS), galato- oligossacarídeos (GOS), oligossacarídeos (OS), lactulose e inulina.
Os posbióticos são definidos como um conjunto de microrganismos inanimados e /ou os seus componentes que conferem benefícios à saúde do hospedeiro6. Os seus efeitos benéficos advém da modulação do sistema imunitário e inclusive do metabolismo, são matrizes complexas constituídas por ácidos gordos de cadeia curta, proteínas, aminoácidos, ácidos orgânicos, bactericinas e vitaminas. Diversos estudos demonstraram o seu potencial beneficio em patologias cutâneas como a dermatite atópica canina (DAC), a enfermidade alérgica com maior prevalência em cães7, 8.
A dermatite atópica canina (DAC) é uma patologia cutânea inflamatória crónica, recidivante, de carácter pruriginoso, com características clínicas típicas e com predisposição genética9. O microbioma cutâneo pode ser fonte de infeções secundárias, que impactam a severidade da dermatite atópica canina10. Há evidência científica de maior abundância do género Staphylococcus na pele de cães com DAC11.
A DAC é uma patologia com elevada prevalência, que afeta entre 10-15% dos cães, de todas as raças12. Há uma predisposição genética em que raças como: Golden Retriever, Labrador Retriever; Pitbull, Terriers, Pastor Alemão, Bulldog Inglês, Boxers, Pugs, Setter Irlândes, Dálmatas, Terriers e Schnauzers, que faz com que sejam mais afetadas13.
As manifestações da DAC são frequentes em cães jovens, entre 1 e 3 anos, com uma maior incidência nas fêmeas. As lesões predominantes são inflamatórias, pápulas eritematosas, que podem evoluir para lesões infeciosas, dando origem a piodermites superficiais devido à ação de bactérias patogénicas que fazem parte da microbiota, como os estafilococos. São também sinais típicos a hiperpigmentação da pele, a hiperqueratose, a seborreia, as escoriações e a alopécia nas zonas afetadas. Para além disso, estas condições provocam alterações na microbiota da pele14.
O aparecimento dos sinais clínicos típicos desta patologia, resulta de uma complexa interação entre fatores genéticos e ambientais. Alterações genéticas e do sistema imunológico, alterações da barreira cutânea e modificações da microbiota cutânea, têm sido descritas em cães atópicos10.

Uma pele com uma disrupção da barreira cutânea, está menos protegida e é mais permeável e por isso tem maior propensão a reagir ao contacto com alérgenos e posteriores manifestações alérgicas, pois os queratinócitos libertam citocinas, que promovem uma resposta TH2 e o desenvolvimento de uma resposta alérgica. Assim, a remoção frequente de alérgenos da pele destes cães é fundamental para minimizar a exposição e o agravamento da inflamação. A pele dos cães atópicos é mais alcalina e perde mais água do que a pele normal, pelo que a hidratação e normalização do pH cutâneo são importantes18.
A Zinereo Pharma juntamente com a Probisearch, empresas do grupo Biotecnológico Zendal, com expertise na área do microbioma e no desenvolvimento de soluções inovadoras baseadas em probióticos desenvolveram uma nova fórmula de aplicação tópica coadjuvante aos tratamentos em dermatites atópicas: Reutopic Loção.
O Reutopic com uma ação hidratante, suavizante e antioxidante, através da manutenção da integridade cutânea contribui para o equilíbrio da pele dos cães.
O principal ingrediente ativo desta fórmula é um posbiótico exclusivo da Zinereo Pharma, obtido da estirpe Lactobacillus reuteri PS21511. Esta estirpe foi isolada de um cão são, em linha com a importância de uma microbiota sã numa pele sã.
Este ingrediente, constituído por uma ma- triz rica e complexa, é obtido da estirpe Lactobacillus reuteri PS21511, utilizando o sobrenadante (que contém ácido lático, resultante do metabolismo do probiótico, riboflavina (Vit B2), cianocobalamina (Vit B12) e uma bactericina (a Reuterina)). Há evidências referentes ao papel chave do ácido lático na manutenção da integridade da barreira cutânea humana, estudos in vitro demonstram o incremento de produção de ceramidas pelos queratinócitos, e a menor TEWL, perda de água transepidérmica, resultando numa maior hidratação cutânea19.
Esta formulação contém ainda mais 3 ingredientes ativos para uma sinergia perfeita: ácido hialurónico com atividade hidratante, aloé vera, hidratante, emoliente e apaziguante e ainda óleo essencial da árvore do chá, com sabor amargo e que evita que o cão lamba a lesões. Esta fórmula inovadora apresenta propriedades hidratantes, apaziguantes e antioxidantes. Com um pH de 6,5 respeitando o pH fisiológico da pele canina.
A seleção da estirpe Lactobacillus reuteri PS21511 resultou de um ensaio in vitro20, em que evidenciou:
- Intensa atividade antioxidante, com uma redução global da oxidação em 84%, importante na proteção da pele à ação dos radicais livres.
- Atividade de redução da peroxidação lipídica, com redução de 57% da peroxidação lipídica, protegendo a membrana celular de agressões e aumentando a sua integridade.
- Inibição das metaloproteinases: colagenase e elastase, em 53% e 13% respetivamente, contribuindo para uma maior integridade dérmica.
- Inibição da glicosilação enzimática em 8,7% evitando degradação celular.
- Inibição da tirosinase, com o aumento de 23% dessa inibição, evitando assim o aparecimento de pigmentação.
A eficácia desta loção posbiótica como coadjuvante dos tratamentos convencionais foi testada, em várias raças de cães com DAC, leve a moderada. Na avaliação utilizaram-se CADLI (Índice de lesões em dermatite atópica canina) e PVAS (Escala analógica visual do prurido).
Os resultados obtidos demonstraram que a aplicação desta loção resultou na redução das lesões e na redução do prurido e constitui assim um complemento natural, de fácil aplicação que impacta a melhoria da qualidade de vida do cão.