Um estudo promovido pela Boston University School of Public Health revela que mais de metade dos tutores norte-americanos de cães expressou algum nível de hesitação na vacinação canina. A amostra foi representativa da população nacional e expressou, por exemplo, ceticismo sobre a vacinação dos seus animais contra a raiva.
A investigação, publicada na revista científica Vaccine, teve em conta que cerca de 45% das famílias norte-americanas possuem um cão. De acordo com o inquérito, perto de 40% dos tutores acreditam que as vacinas caninas são inseguras, mais de 20% acredita que são ineficazes e 30% consideram-nas medicamente desnecessárias.
Cerca de 37% dos tutores de cães também acreditam que a vacinação canina pode fazer com que os seus cães desenvolvam autismo, embora não existam dados científicos que validem esse risco para animais ou humanos.
Segundo os investigadores, os resultados mostram que as pessoas que têm atitudes negativas em relação às vacinas humanas são mais propensas a ter opiniões negativas em relação à vacinação de seus animais de companhia. Esses tutores de cães também são mais propensos a se opor a políticas que incentivam a vacinação antirrábica generalizada e menos propensos a fazer o esforço para vacinar os seus animais.
Essas atitudes contrastam com a maioria das políticas estatais nos EUA, onde quase todos os estados exigem que os cães domésticos sejam vacinados contra a raiva.
“Os efeitos de spillover da vacina que documentamos na nossa pesquisa ressaltam a importância de restaurar a confiança na segurança e eficácia da vacina humana”, diz o líder do estudo, Matt Motta,. “Se a não vacinação se tornar mais comum, os nossos animais de companhia, os médicos veterinários e até mesmo os nossos amigos e familiares correm o risco de entrar em contacto com doenças evitáveis por vacinação.”
Os investigadores não acreditam que a hesitação vacinal canina seja generalizada o suficiente para representar uma ameaça atual à saúde pública nos EUA. O estudo foi conduzido entre 30 de março e 10 de abril de 2023 e teve como base as respostas de 2200 tutores de cães que responderam a questões na plataforma YouGov.