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Animais de Companhia

Olha-me Aquele Cão: Adoção num “clique”

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O projeto Olha-me Aquele Cão fotografa cães que vivem em associações de proteção animal à espera de serem adotados. Com o “clique” da câmera fotográfica do seu telemóvel, Fábio Ferreira pretende ajudar a que se “dê um clique” entre o animal fotografado e uma família disponível para o acolher.

Desde cedo que a paixão pelos animais se manifestou e Fábio acalentava o sonho de adotar um cão assim que conseguisse comprar a sua primeira casa. O desejo concretizou-se em 2022, quando ao adquirir um apartamento adotou o cão Pipo. Na mesma altura, começou a fazer voluntariado em abrigos de cães, onde passava tempo com os animais, brincando com eles, passeando-os, escovando-os… E, por piada, fotografando-os!

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Foi assim que, naturalmente, surgiu a ideia de lançar o Olha-me Aquele Cão. O objetivo que tem em mente é sempre o mesmo: promover o bem-estar animal, em primeiro lugar, e, em última instância, conseguir que o cão seja adotado. “Criei-o com o intuito de tornar um pouco mais felizes a vida dos cães que se encontram nas associações, conduzindo, sempre que possível, à sua adoção”, revelou o mentor do projeto, em declarações à VETERINÁRIA ATUAL.

Quando começou a fazer voluntariado, Fábio reparou que a maioria dos animais em abrigos são promovidos de uma forma “pouco favorecedora”. Muitos raramente saem das boxes, a maioria nunca conheceu o conforto de uma casa… Assim sendo, tornar-se família de acolhimento temporário pareceu-lhe ser o caminho mais lógico e gratificante a seguir. Começou com a Bela e agora tem a Ritinha.

 

Não sendo fotógrafo profissional, Fábio procura que os momentos que capta dos animais em fotografia ou em vídeo sejam da maior naturalidade possível, com o cão fora da box, a expressar toda a sua personalidade e essência. Não há cá um “Olh’ó passarinho”, mas antes um “Olha-me Aquele Cão”, no sentido lato da expressão que dá nome ao projeto. A formação e a experiência profissional em marketing – mas, sobretudo, a proximidade e o conhecimento relativamente a cada um dos animais, fruto do tempo que despende com cada um deles – explicam as legendas/descrições criativas e apelativas que acompanham as fotos.

Conselhos para quem quer adotar

 

Contrariamente às expectativas iniciais de Fábio, Pipo revelou-se um cão de temperamento difícil, ansioso e reativo com outros animais. Fábio chegou a equacionar colocá-lo para adoção, mas, depois de muito ler e estudar sobre comportamento animal/canino, optou por ficar com ele. “Só quando compreendi os comportamentos dele e fiz as pazes com todas as ‘imperfeições’ que, erradamente, lhe atribuí, entendi o significado de ter um cão e o seu amor”, admitiu o tutor.

É precisamente por isso que Fábio alerta para a necessidade de se desmistificarem alguns preconceitos e ideias erróneas sobre o comportamento canino, e para a importância de uma gestão das expectativas por parte dos adotantes, antes de se escolher um animal para levar para casa. E esse é um trabalho que já faz, de alguma forma, nos contactos informais que estabelece através da página de Instagram do Olha-me Aquele Cão, mas que pretende desenvolver de forma ainda mais estruturada.

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A quem deseja adotar um cão, Fábio aconselha: “É importante que as pessoas conheçam o animal e a sua personalidade, que vejam além da beleza, da raça, do tamanho ou do porte. Se possível, convivam com o cão antes de o adotarem. Entendam se as características do animal combinam com o estilo de vida que têm e com a personalidade da pessoa adotante”.

Um mito muito comum, diz, “é o de que um cão grande não é um cão de apartamento”. De acordo com Fábio, não tem de ser necessariamente assim, porque mesmo que se trate de um cão de grande porte, pode tratar-se de um animal com uma personalidade calma e “caseira”, perfeitamente adaptável ao espaço de um apartamento.

“Cãominhadas”, um santuário e outros projetos na manga

No caso de quererem adotar um cão e serem pessoas com uma agenda muito preenchida, Fábio sugere que optem por um animal sénior. “A grande maioria dos cães mais velhos quer descanso, são animais dóceis e calmos, não provocam estragos e a gratidão e amor que demonstram e transmitem são incomparáveis”, diz, adiantando que, “na sua maioria, estes ainda vivem muitos e bons anos”.

Por serem cães que tendencialmente já vivem há mais tempo em abrigos, associações ou canis, e por terem uma menor probabilidade de virem a ser adotados, os cães mais velhos merecem atenção especial por parte de Fábio. Num futuro não muito distante, o mentor do Olha-me Aquele Cão gostava de criar um santuário para cães, com o foco em cães seniores. “Imagino uma grande quinta, com outros animais além dos cães, a deambularem livremente e a conviverem, como nas quintas de antigamente, dos nossos avós, na aldeia”, explica.

Por agora, Fábio continua a visitar associações de proteção animal, nos seus tempos livres, como o Núcleo de Apoio a Animais Abandonados de Sintra (NAAAS), e, à vez, leva os cães à praia, a passear na serra e à creche canina, escova-os e organiza-lhes festas de aniversário. Até têm direito a bolo.

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Entretanto, já organizou duas “Cãominhadas”, em que convida as pessoas a passearem os protagonistas do conteúdo que partilha no Instagram. Depois da mais recente “Cãominhada”, uma senhora ligou-lhe a informar que tinha adotado um cão, motivada pela sua ação. É precisamente por este tipo de feedback que Fábio se move, porque no final de contas, é o bem-estar do animal que importa. E muito pode ser feito em prol desse bem-estar. “Não é preciso adotar um cão. Às vezes basta ir passar um pouco de tempo com ele num abrigo, levá-lo a passear, doar comida, apoiar estas associações das mais variadas formas”, instiga Fábio, consciente de que um pequeno gesto já faz uma grande diferença na vida destes animais.

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