Um novo estudo do Royal Veterinary College (RVC) analisou os problemas de saúde mais comuns em coelhos domésticos no Reino Unido e revelou que o formato do crânio e das orelhas, juntamente com uma dieta inadequada e falta de exercício físico, estão intimamente conectados com uma saúde mais débil nestes animais.
Sendo um dos maiores estudos deste género, a nível mundial, sobre coelhos domésticos, a equipa do RVC explorou o formato corporal de 162.017 coelhos sob cuidados veterinários e os resultados mostraram que 79,7% dos coelhos com raça registada foram classificados como braquicefálico; 16,8 % como mesaticéfalo e apenas 3,51% como dolicocefálico.
“Os coelhos de cabeça longa, ou seja, dolicocefálicos são os mais semelhantes em formato corporal aos coelhos selvagens, o que mostra o quanto o formato dos coelhos mudou em relação à sua conformação natural original”, observaram os investigadores do estudo.
Os investigadores também examinaram os registos clínicos veterinários de uma amostra aleatória de 3.933 coelhos domésticos, identificando a frequência dos distúrbios de saúde mais comuns. As alterações mais comuns foram as unhas crescidas (28,19%), molares crescidos (14,9%) e obesidade (8,82%), com o estudo a indicar que todos estes distúrbios podem estar relacionados com a falta de exercício físico e dietas pouco adequadas.
27% da população do estudo analisada foi registada como uma raça única, e os 49,72% restantes foram registados como um cruzamento de raças.
Da mesma forma, 5% dos coelhos com informações sobre a raça foram classificados como tendo orelhas caídas, característica que não ocorre comumente na natureza, com 42,95% a registarem orelhas eretas.
O peso corporal médio dos coelhos adultos em geral foi de 2,26 kg. Por outro lado, foram identificados outros distúrbios de saúde comuns, como obstipação fecal (7,4%), distúrbio não diagnosticado (6%), não comer (5,77%), estase gastrointestinal (5,52%) e anomalia do canal lacrimal (3,48%).
Além disso, os investigadores observaram que os coelhos domésticos do sexo feminino são mais propensos à obesidade, enquanto os coelhos do sexo masculino eram mais propensos a sofrer de doenças dentárias e oculares.
Os coelhos classificados como de cabeça curta (braquicefálico), apresentaram maior risco de anormalidades nos canais lacrimais, distúrbios relacionados com o pelo e intestino, comparativamente a coelhos de cabeça média (mesaticéfalos).
A esperança média de vida média dos coelhos foi determinada em cinco anos e não diferiu com base no sexo ou formato do crânio do coelho. No entanto, os coelhos com orelhas eretas tiveram um tempo de vida mais longo em comparação com os coelhos com orelhas caídas.
“Este novo estudo ajuda-nos a compreender que a saúde dos nossos coelhos domésticos depende em grande parte das decisões que tomamos como tutores. Seja qual for o formato do crânio ou a comida e o exercício físico, os tutores desempenham um papel importante e influente na determinação da boa ou má saúde do animal”, afirmou o investigador principal do estudo, Dan O’Neill.
E continua: “esta análise também nos diz que temos a responsabilidade de melhorar a vida dos nossos coelhos domésticos. Trazer uma maior consciencialização por parte dos tutores para a importância, em primeiro lugar, de escolher um coelho com um formato corporal mais natural e, posteriormente, para a importância de efetuar exames regulares de saúde, bem como de proporcionar uma boa alimentação e exercício físico, especialmente para coelhos com cabeças ou orelhas anormalmente caídas. Isto pode fazer uma significativa diferença na sua saúde em geral e na qualidade de vida do animal”.