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Animais de Produção

Setor do transporte de animais vivos na UE necessita de “mudar urgentemente”

Setor do transporte de animais vivos na UE necessita de “mudar urgentemente” iStock

Milhões de animais são transportados anualmente dentro e fora da União Europeia (UE), enfrentando condições adversas que comprometem o seu bem-estar. Foi neste sentido que o Eurogroup for Animals destacou que o setor necessita de “mudar urgentemente”, modernizando e reforçando a regulamentação europeia sobre o transporte de animais vivos e propondo uma transição para alternativas que eliminem a necessidade destas deslocações.

Que problemas são identificados?
Um dos problemas identificados pelo Eurogroup for Animals é a duração excessiva das viagens, uma vez que as atuais limitações de tempo de viagem são inadequadas, permitindo deslocações que podem durar dias. A proposta de atualização da regulamentação não inclui o transporte marítimo nos limites de tempo de viagem, o que significa que os animais podem permanecer no mar por semanas ou até meses.

 

O grupo de defesa do bem-estar animal também refere o transporte de animais não aptos, pois a legislação atual permite o transporte de animais do sexo feminino já no fim da gravidez, feridos e demasiado jovens, expondo-os a riscos significativos durante as viagens.

Além disso, o Eurogroup for Animals dá ainda realce às condições inadequadas de transporte, isto porque muitos animais enfrentam condições precárias durante a deslocação, incluindo falta de alimentação e água, temperaturas extremas e lesões devido a seu manuseio inadequado.

 

De acordo com o relatório “Live Animal Transport: Time to Change the Rules” de 2024, citado pelo grupo de proteção animal, em 2022, foram transportados vivos dentro da UE e para países terceiros mais de 1,5 mil milhões de ovinos, bovinos, aves e suínos, com as aves de produção a representarem 97% das exportações totais de animais vivos, sendo a Hungria, a Chéquia e a Polónia os principais exportadores.

O Eurogroup for Animals tem vindo a defender mudanças neste setor há já alguns anos e sublinha que a UE “está finalmente a responder”. Desde dezembro de 2023, que os legisladores europeus têm trabalhado na atualização da Regulamentação de Transporte.

 

No entanto, o grupo avança que a proposta inicial para atualizar estas leis “não é suficientemente robusta, nem as medidas subsequentes”.

Segundo o grupo de defesa do bem-estar animal, várias tragédias têm sido relatadas ao longo dos anos na indústria do transporte de animais vivos. “A falta de regras de bem-estar e fiscalização no comércio do transporte de animais vivos está a causar danos a inúmeros seres sencientes. Não se pode permitir que isto continue”, sublinham.

 

Que mudanças sugere o Eurogroup for Animals?
O grupo de proteção dos animais apelou assim a tempos máximos de viagem específicos para cada espécie e à proibição do transporte de certos animais vulneráveis, incluindo vitelos e leitões com menos de oito semanas de idade, ovinos e caprinos com menos de seis semanas e animais do sexo feminino que estejam grávidas e com mais de 40% do período de gestação.

Desta forma, apelam também a uma proibição total das exportações de animais vivos para países terceiros, “onde não podem ser protegidos pela legislação da UE”, com o Eurogroup a avançar que vários países já fizeram progressos nessa área, incluindo a Nova Zelândia e o Luxemburgo, que proibiram a exportação de animais vivos para países terceiros para fins de abate em 2022.

Mais recentemente, em 2024, o Reino Unido também optou por proibir as exportações de animais vivos, o que significa que os animais de produção não podem ser exportados para abate ou engorda.

“Uma vez que o bem-estar dos animais exportados dos Estados-Membros não pode ser garantido, a proibição total deste tipo de transporte é a única medida que faz sentido”, enfatiza o Eurogroup for Animals.

 

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